Antes que algum canalha, venha dizer, aqui no blog, ou pelas minhas costas inverdades sobre o meu apoio ao prefeito Custodio Mattos, votei nele e fiz campanha (e voto no Custódio de novo), na última eleição para prefeito, o texto abaixo é reproduzido do jornal Valor Econômico (que esta nas bancas hoje), o maior e mais influente jornal de economia e negócios do Brasil.
A missão deste blog é sempre informar os leitores.
FONTE: Jornal Valor Economico
Chico Santos, de Juiz de Fora (MG)20/05/2009
Desenvolvimento: PIB per capita é inferior à média do Estado, e enquanto o país cresceu 30%, cidade evoluiu 3,9%
Um dos símbolos da primeira fase da industrialização brasileira, o município de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, 513,3 mil habitantes em 2007, vive um longo período de perda de dinamismo econômico, acentuado na atual década, quando pela primeira vez, em 2006, seu Produto Interno Bruto (PIB) per capita foi superado pela média do Estado, segundo dados do IBGE. Os números, os mais recentes disponíveis, mostram que o PIB per capita de Minas Gerais alcançou R$ 11.028, contra R$ 11.005 de Juiz de Fora. Em 2002, este indicador na cidade era cerca de 15% maior que o do Estado - R$ 8.125 contra R$ 6.904.
Mesmo continuando a ser uma cidade aprazível e com alto nível de vida para padrões brasileiros (IDH de 0,828 em 2000), números compilados pela prefeitura da cidade são ainda mais eloquentes: de 1999 a 2005 o PIB real do município cresceu apenas 3,9%. A Zona da Mata, microrregião mineira com 140 municípios da qual Juiz de Fora é o principal centro, cresceu 12,9% no mesmo período quando dela se exclui a própria Juiz de Fora. O Estado cresceu 22% e o Brasil, 30,9%. Menos crescimento, menos dinheiro. De 2001 a 2007 a receita corrente do município subiu apenas 29,1%, contra 45,9% do Estado como um todo, segundo dados da prefeitura.
Por trás da piora dos indicadores macroeconômicos existem dificuldades de infraestrutura e, nos últimos três anos, incentivos fiscais agressivos do vizinho Rio de Janeiro. As duas situações provocaram tanto a fuga de negócios como a perda de oportunidades.
A Paraibuna Embalagens, uma das principais empregadoras da região, ao erguer uma nova planta de papelão ondulado optou pelos 2% de ICMS cobrados em 37 municípios do Estado do Rio de Janeiro (incentivo criado pela ex-governadora Rosinha Matheus), contra as alíquotas de 12% e 18% de Minas Gerais, e levou para a pequena Sapucaia os investimentos de quase R$ 40 milhões, gerando mais de 200 empregos só na primeira fase.
A Cotherpack Embalagens (alumínio) levou para Três Rios, também no Rio de Janeiro, cerca de 220 empregos. Segundo seu presidente, Alcedir Nunes, não foi uma transferência, mas a substituição de um negócio que fechou em Juiz de Fora por uma nova fábrica na cidade fluminense. A Latapack-Ball desistiu na última hora de fazer na cidade mineira seu investimento de R$ 150 milhões em uma nova planta de latas de alumínio, projeto que está em adiantada fase de construção na mesma Três Rios.
A gaúcha Medabil, do ramo de estruturas metálicas, também desistiu na última hora de fazer um investimento de R$ 66 milhões em Juiz de Fora, por falta de um terreno apropriado, segundo um dos participantes das negociações, e optou pela também mineira Extrema, quase na divisa com São Paulo. O grupo sueco Sandvik, fabricante de equipamentos para mineração, foi outro que namorou, mas não casou com Juiz de Fora, optando por Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Mesmo continuando a ser uma cidade aprazível e com alto nível de vida para padrões brasileiros (IDH de 0,828 em 2000), números compilados pela prefeitura da cidade são ainda mais eloquentes: de 1999 a 2005 o PIB real do município cresceu apenas 3,9%. A Zona da Mata, microrregião mineira com 140 municípios da qual Juiz de Fora é o principal centro, cresceu 12,9% no mesmo período quando dela se exclui a própria Juiz de Fora. O Estado cresceu 22% e o Brasil, 30,9%. Menos crescimento, menos dinheiro. De 2001 a 2007 a receita corrente do município subiu apenas 29,1%, contra 45,9% do Estado como um todo, segundo dados da prefeitura.
Por trás da piora dos indicadores macroeconômicos existem dificuldades de infraestrutura e, nos últimos três anos, incentivos fiscais agressivos do vizinho Rio de Janeiro. As duas situações provocaram tanto a fuga de negócios como a perda de oportunidades.
A Paraibuna Embalagens, uma das principais empregadoras da região, ao erguer uma nova planta de papelão ondulado optou pelos 2% de ICMS cobrados em 37 municípios do Estado do Rio de Janeiro (incentivo criado pela ex-governadora Rosinha Matheus), contra as alíquotas de 12% e 18% de Minas Gerais, e levou para a pequena Sapucaia os investimentos de quase R$ 40 milhões, gerando mais de 200 empregos só na primeira fase.
A Cotherpack Embalagens (alumínio) levou para Três Rios, também no Rio de Janeiro, cerca de 220 empregos. Segundo seu presidente, Alcedir Nunes, não foi uma transferência, mas a substituição de um negócio que fechou em Juiz de Fora por uma nova fábrica na cidade fluminense. A Latapack-Ball desistiu na última hora de fazer na cidade mineira seu investimento de R$ 150 milhões em uma nova planta de latas de alumínio, projeto que está em adiantada fase de construção na mesma Três Rios.
A gaúcha Medabil, do ramo de estruturas metálicas, também desistiu na última hora de fazer um investimento de R$ 66 milhões em Juiz de Fora, por falta de um terreno apropriado, segundo um dos participantes das negociações, e optou pela também mineira Extrema, quase na divisa com São Paulo. O grupo sueco Sandvik, fabricante de equipamentos para mineração, foi outro que namorou, mas não casou com Juiz de Fora, optando por Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Concorrência desleal do Estado vizinho. Fiscalismo de Minas Gerais, que não responde na mesma moeda. Falta de terrenos industriais decorrente de uma topografia desfavorável. Falta de infraestrutura, especialmente aeroportuária. Falta de vontade política. Falta de empreendedorismo. Pessimismo exacerbado. Deslocamento do eixo de desenvolvimento para a região de Belo Horizonte. Deslealdade da Mercedes-Benz, que teria prometido e não cumprido. A lista de razões para a crise, quase todas bem justificadas, é quase infindável, a depender do interlocutor.
"Não podemos simplificar um fenômeno histórico", analisa o prefeito Custódio Mattos (PSDB) que em janeiro deste ano assumiu uma prefeitura virtualmente falida, sem capacidade de investimento. Segundo ele, a cidade tem sofrido "uma circunstância de estar na contramão do desenvolvimento econômico brasileiro", desde o esgotamento do ciclo do café, deslocado para outras regiões, passando pela decadência da indústria têxtil tradicional e pela falta de sucesso das tentativas feitas nos últimos anos de criar um projeto capaz de induzir a formação de cadeias produtivas à sua volta.
A Siderúrgica Mendes Júnior (hoje ArcelorMittal), a Paraibuna de Metais (controlada desde 2002 pelo grupo Votorantim) e, mais recentemente (1999) a Mercedes-Benz automóveis foram as principais tentativas feitas nas últimas décadas. Embora não se alinhe entre os que consideram que a Mercedes vendeu gato por lebre ao município, o prefeito admite que todos em Juiz de Fora esperavam mais do projeto quando eles nasceu na década passada.
Há oito anos na presidência regional da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o empresário Francisco Campolina não esconde sua decepção. "O nosso objetivo é promover o desenvolvimento industrial da região, mas nos últimos oito anos só venho perdendo. Além de não conseguir trazer nenhuma indústria de ponta para Juiz de Fora, estamos vendo, diuturnamente, a fuga de empresas", dispara.
Embora o ex-presidente Itamar Franco seja da cidade, Campolina sustenta que falta representação política, tanto a Juiz de Fora como à Zona da Mata, capaz de atrair grandes investimentos como faz, por exemplo, Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Segundo ele, é equivocada a postura do Estado de não entrar em guerra fiscal com o Rio de Janeiro, preferindo questionar o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). "Sabemos que o Confaz nada faz", ironiza. O empresário reclama que o Estado abandonou a região em proveito de outras, e afirma que há terrenos disponíveis, mas falta infraestrutura para torná-los atrativos.
O economista Paulo do Carmo Martins, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), diz que o problema é estrutural e que independe do crescimento do restante do país. Para ele, até o meio acadêmico contribuiu para a crise, criando nos governos estaduais "a percepção de que investir na Zona da Mata teria efeito multiplicador no Rio de Janeiro" porque a região já estava madura e não precisava de mais investimentos. Hoje, segundo ele, a cidade está sendo ultrapassada por outras da região, como Ubá, e tem carência de investimentos públicos porque a prefeitura está falida.
Já o empresário Wilson Garbero Júnior, sócio-diretor da empresa Investpark Soluções Tecnológicas, acha que "havendo planejamento, as coisas têm que funcionar". Como exemplo, ele dá um condomínio empresarial criado em 2002 à margem da BR-040 (Rio-Belo Horizonte-Brasília) que abriga 70 empresas, especialmente de logística e centros de distribuição, em uma área de 400 mil metros quadrados.
A Investpark desenvolveu e administra o condomínio Park Sul, controlado pela empresa Pangea, também de Juiz de Fora, sócia em vários empreendimentos na cidade, inclusive do moderno Shopping Independência, em parceria, entre outros, com a BR Malls (grupo GP). Embora mais próximo de Juiz de Fora, o condomínio fica em Matia Barbosa, município vizinho, e há quem diga que é para obter vantagens fiscais, mas Garbero afirma que foi mera coincidência de disponibilidade de terreno.
Apesar de um discurso mais otimista, o empresário concorda que "Juiz de Fora tem uma carência brutal de infraestrutura", especialmente de um aeroporto adequado, e peca pela falta um marketing adequado para atrair empresas.
"Não podemos simplificar um fenômeno histórico", analisa o prefeito Custódio Mattos (PSDB) que em janeiro deste ano assumiu uma prefeitura virtualmente falida, sem capacidade de investimento. Segundo ele, a cidade tem sofrido "uma circunstância de estar na contramão do desenvolvimento econômico brasileiro", desde o esgotamento do ciclo do café, deslocado para outras regiões, passando pela decadência da indústria têxtil tradicional e pela falta de sucesso das tentativas feitas nos últimos anos de criar um projeto capaz de induzir a formação de cadeias produtivas à sua volta.
A Siderúrgica Mendes Júnior (hoje ArcelorMittal), a Paraibuna de Metais (controlada desde 2002 pelo grupo Votorantim) e, mais recentemente (1999) a Mercedes-Benz automóveis foram as principais tentativas feitas nas últimas décadas. Embora não se alinhe entre os que consideram que a Mercedes vendeu gato por lebre ao município, o prefeito admite que todos em Juiz de Fora esperavam mais do projeto quando eles nasceu na década passada.
Há oito anos na presidência regional da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o empresário Francisco Campolina não esconde sua decepção. "O nosso objetivo é promover o desenvolvimento industrial da região, mas nos últimos oito anos só venho perdendo. Além de não conseguir trazer nenhuma indústria de ponta para Juiz de Fora, estamos vendo, diuturnamente, a fuga de empresas", dispara.
Embora o ex-presidente Itamar Franco seja da cidade, Campolina sustenta que falta representação política, tanto a Juiz de Fora como à Zona da Mata, capaz de atrair grandes investimentos como faz, por exemplo, Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Segundo ele, é equivocada a postura do Estado de não entrar em guerra fiscal com o Rio de Janeiro, preferindo questionar o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). "Sabemos que o Confaz nada faz", ironiza. O empresário reclama que o Estado abandonou a região em proveito de outras, e afirma que há terrenos disponíveis, mas falta infraestrutura para torná-los atrativos.
O economista Paulo do Carmo Martins, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), diz que o problema é estrutural e que independe do crescimento do restante do país. Para ele, até o meio acadêmico contribuiu para a crise, criando nos governos estaduais "a percepção de que investir na Zona da Mata teria efeito multiplicador no Rio de Janeiro" porque a região já estava madura e não precisava de mais investimentos. Hoje, segundo ele, a cidade está sendo ultrapassada por outras da região, como Ubá, e tem carência de investimentos públicos porque a prefeitura está falida.
Já o empresário Wilson Garbero Júnior, sócio-diretor da empresa Investpark Soluções Tecnológicas, acha que "havendo planejamento, as coisas têm que funcionar". Como exemplo, ele dá um condomínio empresarial criado em 2002 à margem da BR-040 (Rio-Belo Horizonte-Brasília) que abriga 70 empresas, especialmente de logística e centros de distribuição, em uma área de 400 mil metros quadrados.
A Investpark desenvolveu e administra o condomínio Park Sul, controlado pela empresa Pangea, também de Juiz de Fora, sócia em vários empreendimentos na cidade, inclusive do moderno Shopping Independência, em parceria, entre outros, com a BR Malls (grupo GP). Embora mais próximo de Juiz de Fora, o condomínio fica em Matia Barbosa, município vizinho, e há quem diga que é para obter vantagens fiscais, mas Garbero afirma que foi mera coincidência de disponibilidade de terreno.
Apesar de um discurso mais otimista, o empresário concorda que "Juiz de Fora tem uma carência brutal de infraestrutura", especialmente de um aeroporto adequado, e peca pela falta um marketing adequado para atrair empresas.
2 comentários:
Pq as tucanetes de chiclete não pedem dinheiro por Aecinho? E será que as tucanetes de charrete esquecerem o crescimento PÍFIO no Brasil inteiro durante o desgoverno FHC?
Concordo sem tirar uma vírgula sequer com o senhor Willian Xavier. Sou de JF, sempre trabalhei em indústrias e as mesmas, se não faliram, foram-se para fora do Estado. Há em JF uma certa aura de setores e pessoas (famílias burguesas) que se vangloriam de morarem naquilo que outrora fora a Manchester Mineira. Isto já era... há muito tempo. Há anos que eu venho falando e provando que JF está falindo, independente de qual partido político é o do Prefeito, pois venho acompanhando, como cidadão e empregado, a quebra de várias empresas, muitas em que já trabalhaei. Para mim (opinião minha, friso) quando JF se conscientizar que o centro político e administrativo das decisões que podem ou poderão alavancar a estagnada situação da cidade, quando perceberem que as decisões DE FATO vêm de Belo Horizonte, quando o povo daqui se desvincular "emocionalmente" do RJ, as coisas tendem a andar, inclusive no falido futebol...
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