terça-feira, 6 de outubro de 2009

O anti-semitismo de Manuel Zelaya


Por Gustavo Chacra, no Estadão:

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e seu colega venezuelano, Hugo Chávez, foram acusados ontem de antissemitismo pela Liga Anti-Difamação (ADL, na sigla em inglês), uma das mais importantes entidades judaicas dos Estados Unidos.Três pontos são citados pela organização para comprovar o antissemitismo. Primeiro, Zelaya divulgou um boato de que “mercenários israelenses” estariam tentando assassiná-lo. O presidente deposto afirmou, em entrevistas aos jornais Miami Herald e El País, compiladas pela ADL, que foi “torturado” por radiação em alta frequência e gases tóxicos lançados por esses supostos agentes secretos de Israel.Além disso, uma segunda acusação indica que Chávez e alguns seguidores de Zelaya espalharam uma informação mentirosa de que Israel teria reconhecido o governo golpista de Roberto Micheletti. A afirmação do venezuelano, prontamente desmentida pelos israelenses, foi realizada em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, há duas semanas.
“Esta manhã, encontraram em uma casa vizinha (à embaixada do Brasil), no telhado, um equipamento israelense de última geração. Israel reconheceu o governo de facto. Acho que o único governo no mundo que reconheceu. Eles (os israelenses) usam o equipamento para perturbar a mente, tentando causar pânico nas pessoas na embaixada”, dissera Chávez.Para completar, jornalistas hondurenhos ligados ao presidente deposto disseram que “judeus” participaram da ação contra Zelaya. O diretor da rádio Globo de Honduras, David Romero, chegou a elogiar o líder nazista Adolf Hitler.“Há momentos em que eu me pergunto se Hitler estava correto ou não em eliminar esta raça com o famoso Holocausto. Se há pessoas que provocaram danos a este país, são os judeus, os israelenses. Há dois oficiais do Exército judaico trabalhando para as Forças Armadas do nosso país que estão levando adiante atividades conspiratórias e clandestinas “, afirmou o jornalista na rádio, que serve como uma espécie de porta-voz do presidente deposto.“Do presidente Zelaya a figuras da imprensa e ativistas políticos, tem havido um preocupante antissemitismo”, disse Abraham H. Foxman, diretor da ADL, em declarações publicadas no site da entidade americana que combate o preconceito contra judeus. Segundo a ADL, apenas cem famílias judias vivem em Honduras.O principal representante dos empresários de Honduras, Adolfo Facussé, de origem palestina, assim como grande parte da elite de Tegucigalpa, saiu em defesa da comunidade judaica hondurenha. “São nossos primos”, disse Facussé. “E não toleraremos esse tipo de discursos.”

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