EXPLORANDO MINAS DE OURO, EIKE BATISTA levou vinte anos para construir um patrimônio de US$ 500 milhões. Nos últimos cinco, porém, ele multiplicou sua fortuna por treze. Surfando na onda dos IPOs, ele foi capaz de vender a preço de ouro seus projetos futuros e se tornou o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna avaliada em US$ 7,5 bilhões. Com empresas ainda "na planta" de petróleo, mineração, energia e logística, Eike é o símbolo de um novo capitalismo brasileiro, em que empresários modernos financiariam suas idéias no mercado de capitais - e não mais nos canais oficiais do Estado. Mas como nada é perfeito, veio a crise, o mundo mudou e Eike acompanhou a mudança. Na semana passada, ele vendeu um naco de uma de suas empresas - a LLX, de logística - ao BNDESPar. A empresa de participações do banco pagará cerca de R$ 150 milhões por 12% da empresa e fornecerá os recursos necessários para a construção de um porto no Rio de Janeiro. No aumento de capital, ele aceitou vender por R$ 1,80 uma ação que, há pouco mais de um ano, era negociada em bolsa a cerca de R$ 5,50. O anúncio foi feito na segunda-feira 16, quando Eike vistoriava as obras ao lado do governador do Rio, Sérgio Cabral. Embora o comércio mundial esteja vivendo a maior retração desde os anos 30 e a movimentação de cargas esteja caindo 25% no Brasil, Eike aposta que conquistará clientes de outros portos, uma vez que a LLX integra seu terminal a um grande distrito industrial. "Só os mais eficientes sobreviverão", disse ele.Até bem pouco tempo, ele destacava em conversas reservadas o fato de ter conseguido quebrar dois monopólios: o da Petrobras e o da Vale. Com executivos de ponta fisgados nas duas empresas, ele montou seus principais projetos: a OGX, de petróleo, e a MMX, de minério. Mas o novo Eike, assim como os velhos capitães da indústria nacional, está cada vez mais ligado aos canais tradicionais do poder. A tal ponto que, com uma doação de R$ 1 milhão, ele se tornou o maior patrocinador privado do filme Lula, o filho do Brasil, do cineasta Luiz Carlos Barreto.Ao todo, as quatro empresas de Eike Batista listadas na Bovespa - OGX, MMX, MPX e LLX - valem cerca de R$ 22 bilhões. A participação dos atuais acionistas controladores é próxima a R$ 15 bilhões. Mas, se os analistas de mercado estiverem corretos, a fortuna de Eike Batista poderá crescer muito mais nos próximos anos. Na média, eles projetam um potencial de valorização de 50% para OGX, de 220% para a MMX, de 115% para a MPX e de outros 160% para a LLX. Além de bom vendedor de projetos futuros, Eike está passando no teste da execução das obras. Especialmente agora que ele tem como sócio o poderoso BNDES.
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