terça-feira, 14 de setembro de 2010

Como conquistar o primeiro milhão no Brasil que dá certo


Por Marcelo Smarrito *

Nestes últimos dias tenho sido muito questionado sobre investimentos futuros e aposentadoria. Os clientes perguntam: como fazer para atingir um determinado patamar de riqueza e garantir uma renda vitalícia?

Por quanto tempo deveria fazer essa poupança? Que estratégia escolher: renda fixa ou variável? Em que modalidade? Tesouro direto, fundo de renda fixa, fundo de ações, ações diretamente pelo home broker? Faço esse investimento num banco ou procuro uma asset independente, uma corretora?

Em primeiro lugar, vamos desfazer o mito do "mão de vaca". É importante deixar claro que as pessoas não têm que virar a vida ao avesso para tornarem-se milionárias. Deixar de trocar de carro, viajar com a família ou jantar certamente fará com que você economize mais - e o objetivo será alcançado. Mas será que vale a pena abrir mão de todos os prazeres e ficar com fama de chato para, quem sabe, aos 60 anos, começar a usufruir de sua riqueza?

Certamente, não. Existem formas de poupar permanentemente, sem precisar apagar a luz da sala toda vez que for de um cômodo a outro na casa. Para isso, basta abrir mão de um pequeno hábito, que você poderá escolher entre tantas extravagâncias a que se dá o direito, às vezes sem nem mesmo perceber.

Por exemplo, se você costuma ir a um restaurante caro ao menos uma vez por semana, que tal passar a ir de 15 em 15 dias? Ou alternar o programa com uma pizza em casa de vez em quando? Se for possível economizar ao menos R$ 500 mensais de forma permanente. Já será um primeiro passo para alcançar o seu primeiro milhão.

Uma boa forma de descobrir o que pode ser cortado é questionar, diante de cada decisão de compra, se aquele bem ou serviço é essencial ou desejável. Talvez você descubra que um bom colégio para seus filhos é essencial, mas o balé das crianças duas vezes por semana é apenas desejável. Ou que o clube que você paga e nunca consegue frequentar era somente um desejo completamente dispensável.

O fato é que encontrar a melhor estratégia para atingir o nirvana, ou seja, construir um patamar de riqueza que permita ao investidor garantir uma renda mensal confortável, no Brasil do Real, passou a ser uma obsessão de quase todos nós.

Dezesseis anos de estabilidade econômica (bye bye inflação galopante) foram suficientes para mostrar que a renda fixa tradicional, como é o caso da poupança, vai cada vez mais ficar distante dos dois dígitos de rentabilidade ao ano. Para se conseguir algo a mais de rentabilidade, o investidor precisará ousar em outras praias.

Aproveito este artigo para exemplificar o caso verídico de um cliente. Na virada do Plano Real, com R$ 10 mil de um carro antigo que ele vendeu e R$ 500 que ele podia dispor mensalmente - os depósitos foram feitos religiosamente -, resolveu cadastrar-se numa corretora que cobrava R$ 15,00 por operação e apostar na bolsa.

Comprou uma metade de Petrobras (Petr4) e a outra metade de Vale (Vale5), depois dos impostos e emolumentos (taxas cobradas pela BOVESPA aos investidores), conseguiu acumular uma riqueza de um pouco mais de R$ 1,8 milhão (projeções feitas de jul/94 a mai/10). Isso mesmo! Ele passou a ser um milionário!

Nesse longo período de altas e baixas - crises do México, Ásia, Rússia, bolha da Internet, pânico pré-governo Lula (1 º mandato), subprime, sua rentabilidade média na Bovespa, líquida de impostos e emolumentos, foi 2,16% ao mês. O sangue frio e a certeza de que bolsa é "investimento de longo prazo" fizeram desse investidor um milionário!

E agora, sendo um pouco mais conservador, ele resolveu pegar a sua riqueza acumulada e colocá-la num fundo de renda fixa que consegue entregar-lhe uma rentabilidade líquida de 0,7% ao mês. Com essa nova estratégia garantirá uma renda vitalícia mensal de um pouco mais de R$ 15 mil.

Nada mal... mais de R$ 1,8 milhões no banco e R$ 15 mil de renda mensal! E o mais legal de tudo isso: com um risco limitado aos R$ 500 que ele dispunha para gastar todo mês!

Fica a mensagem: esse investidor acima escolheu uma estratégia de longo prazo, foi fiel a sua crença de que Bovespa funcionaria no Brasil do Real, não falhou nos seus depósitos mensais e limitou o seu risco num dinheiro de que ele poderia dispor. Foi bem sucedido depois de quase 16 anos e hoje é um milionário.

*Marcelo Smarrito é consultor de investimento

E-mail: marcelo@smarrito.com.br

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2 comentários:

Unknown disse...

Haja sangue frio hein!!! Mas vale a pena.
E tem muita gente, mal informada, que ainda acha que poupança e INSS é o que há para garantir o futuro.
Show William, parabéns pela postagem.
Abração,
Bruno.

William Xavier de Carvalho disse...

Obrigado meu nobre!