terça-feira, 30 de dezembro de 2014

M Dias Branco vai investir 305 milhões de reais em Juiz de Fora

É isso aí Juiz de Fora! O grupo M Dias Branco, o maior produtor de biscoitos e massas do País, com receita anual de R$ 3,5 bilhões, assinou ontem, terça-feira, (30/12) com o Governo de Minas Gerais, um protocolo de intenções para a instalação de uma nova unidade industrial em Juiz de Fora, o investimento será de 305 milhões de reais. Como companhia aberta, com ações negociadas na Bovespa, a M Dias Branco enviou nota a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) comunicando a decisão. A nova fábrica irá produzir massas e biscoitos. Gostaria de frisar aqui a importante participação da Prefeitura de Juiz de Fora e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Juiz de Fora, que não mediram esforços para que essa noticia se tornasse realidade.Vamos em frente, isso é só o começo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Destruição criativa: o poderoso insight de Schumpeter

Capitalismo sem bancarrota é como Cristianismo sem inferno.” (Frank Borman)

Por Rodrigo Constantino

No capitalismo, empresas são criadas ou fechadas de acordo com a demanda do mercado, isto é, dos consumidores. Empreendedores arriscam suas idéias e capital em um produto ou serviço ainda não testado, e a sua aceitação por parte do público é que viabiliza ou não a sobrevivência da empresa. Este é um processo dinâmico, competitivo, e que garante o melhor atendimento ao consumidor, pois seu direito de escolha é a maior arma no mercado livre. Qualquer alternativa a este modelo representa a transferência do poder do consumidor para burocratas do governo. O que se segue é invariavelmente maior corrupção e ineficiência.
Em Capitalism, Socialism and Democracy, Joseph Schumpeter tratou do tema em um dos capítulos. Ele afirma que o ponto essencial ao lidar com o capitalismo é compreender que se está lidando com um processo evolucionário. O capitalismo é, por natureza, um método de mudança econômica e jamais pode ser estacionário. O impulso fundamental que mantém a máquina capitalista em ação vem dos bens novos, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados ou das novas formas de organização industrial que as empresas capitalistas criam.
Há uma constante revolução de dentro da estrutura econômica, destruindo a velha ordem e criando uma nova. “Esse processo de destruição criativa é o fato essencial sobre o capitalismo”, diz Schumpeter. Ele achava, entretanto, que esse processo poderia ter fim algum dia, e que o sucesso do capitalismo plantaria as sementes de seu fracasso, levando ao socialismo. A história vem provando, porém, que o economista austríaco estava errado nesse aspecto.
O Estado “bem-feitor” julga que seus governantes são seres iluminados e clarividentes, além de totalmente íntegros, e irão portanto defender os interesses do “povo” contra a competição predatória do capitalismo. Nada mais longe da realidade. Quando o governo interfere na livre competição, as trocas passam a ser de favores, não produtos. O que pode salvar ou matar uma empresa passa a ser a caneta do burocrata poderoso, não a satisfação do público.
Logo, agradar esse burocrata passa a ser mais importante que agradar os consumidores. Empresas passam a gastar milhões com lobistas, desviando energia e recursos que poderiam estar voltados para a melhoria dos produtos. Quando o governo é o “hospital” das empresas problemáticas, o que temos é uma “socialização” dos prejuízos, distribuídos entre os pagadores de impostos, enquanto lucros ficam retidos para os empresários amigos do Estado.
Tudo isso é muito lógico, mas ainda assim inúmeras pessoas defendem tal modelo prejudicial aos próprios consumidores e pagadores de impostos. Por trás dessa contradição, encontra-se falta de conhecimento sobre os fatos, assim como um romantismo “nacionalista”, que pede proteção aos empresários locais contra a “fúria” do capitalismo global. Como se o local no mapa onde o empresário nasceu tivesse alguma ligação com o que é benéfico ou não para o usuário do produto!
Essas pessoas acabam contribuindo para a perpetuação das oligarquias nacionais, impedindo que o melhor e mais barato chegue aos consumidores. Para salvar poucos empresários que estão com problemas justamente por não estarem entregando o que o cliente deseja em custo e benefício, pedem medidas que prejudicam ainda mais esses clientes. Querem a “proteção” contra os avanços tecnológicos e acabam prejudicando todos os consumidores.
Quando Thomas Edison criou a lâmpada no final do século XIX, os produtores de velas devem ter entrado em pânico. Fosse na época um governo com essa mentalidade esquerdista, talvez vivêssemos sem luz elétrica até hoje. Ford criou seu Modelo T no começo do século XX, popularizando um produto até então de luxo. Com uma mentalidade anti-capitalista, era bem possível que o governo atrapalhasse tal evolução para proteger os produtores de carroças.
O advento do computador criou fortes dificuldades para empresas que fabricavam máquinas de escrever. Salvar tais empresas poderia significar a condenação do consumidor ao uso eterno desse equipamento antiquado. Quando uma Wal-Mart desbanca o dono da quitanda, é porque oferece melhores serviços a preços menores. Mas se o dono da quitanda fosse próximo o suficiente do governo, poderia conseguir medidas para dificultar esse processo natural que beneficia a todos. Os exemplos são infindáveis.
Além disso, o processo capitalista acaba favorecendo especialmente as massas. Os mais ricos acabam funcionando como cobaias para os novos produtos, que por reduzida escala custam muito caro no começo. Ninguém tem como saber a priori quais serão os bens mais demandados e bem sucedidos. As empresas, em ambiente competitivo, testam diferentes alternativas, e os próprios consumidores votam através do livre mercado.
Uma vez mais claro qual o vencedor, a produção passa por uma fase de massificação, permitindo acelerada queda nos custos. Com menores preços, os produtos novos podem alcançar as classes mais baixas de renda. Essa é a trajetória que explica o fato de quase todos os americanos terem ar condicionado em suas casas, telefones celulares, computadores etc. Em termos de conforto material, um trabalhador humilde hoje pode usufruir de mais coisas que um nobre do feudalismo.
O fato é que o capitalismo é um processo dinâmico e livre, onde a interação dos agentes é que determina a sobrevivência das empresas, e a competição força a eterna evolução dos bens e serviços. Riqueza não é algo estático, obtido diretamente da natureza. É fruto do esforço de indivíduos. Respeitar a liberdade do mercado, sem interferência de burocratas, é o único meio de garantir a justiça e o poder dos consumidores e suas preferências individuais.
Nesse processo competitivo, onde vários brigam para atender melhor o cliente, cadáveres irão surgir. Mas serão frutos justamente da escolha dos consumidores. Ceder poder ao Estado para ressuscitar tais moribundos ineficientes é agredir tanto o consumidor como o pagador de impostos. Seria a destruição da “destruição criativa”, que tanto favorece os consumidores.

Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Os inovadores,uma história fascinante sobre a revolução digital


Walter Isaacson escreveu um livro inspirador sobre pessoas geniais, em que mostra como o sucesso e a criatividade surgem a partir da colaboração. Os inovadores é uma história fascinante sobre a revolução digital, que relembra inclusive o papel crucial e muitas vezes esquecido que as mulheres tiveram nessa história. Uma lição realmente valiosa sobre como o trabalho em grupo leva a grandes resultados. 
A onipresença dos computadores e da internet às vezes nos faz esquecer como essas invenções são relativamente novas. Se as gerações atuais já nascem mexendo em tablets e smartphones, é estranho pensar que há poucas décadas a computação pertencia ao domínio de cientistas, militares e uns poucos empreendedores de ponta. Mas quem inventou o computador? Quem teve a ideia de criar a internet? Foi perseguindo essa pista que Walter Isaacson, autor das estrondosas biografias de Steve Jobs e Albert Einstein, construiu esta empolgante narrativa, que retrata inovadores bolando máquinas em suas garagens minúsculas, pensadores excêntricos às voltas com grandes questões existenciais, batalhas épicas entre empresas e uma grande dose de bits, chips e fios de cobre. Um grande panorama da história da revolução digital. Uma narrativa forte e emocionante sobre os visionários cujas imaginações continuam a transformar nossas vidas.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Uma nova marca com charme e design italianos

Por Vanessa Barone | Para o Valor, de São Paulo


Lapo Elkann: “Não há mais nada a inventar em termos de forma”

Junte um herdeiro de uma das empresas mais conhecidas da Itália, outros dois empresários igualmente bem-sucedidos, o apreço pela inovação e um inconfundível charme da moda italiana. São esses os ingredientes que garantem o glamour a Italia Independet (I-I), grife de acessórios criada em Turim, em 2007 pelos italianos Giovanni Accongiagioco, Andrea Tessitore e Lapo Elkann. Esse último, neto de Gianni Agnelli e um dos herdeiros da Fiat, foi considerado um dos homens mais elegantes pela revista de moda masculina "GQ". Vender moda e design aliada à tecnologia automotiva é o negócio da Italia Independet, que acaba de trazer a sua linha de óculos para o Brasil.
Muito mais do que artigos funcionais, os óculos da I-I capricham no apelo "fashion high tech". É o caso do modelo 090V, cuja superfície aveludada leva o mesmo tipo de acabamento "flocado" dos cockpits das Ferraris. Outro produto que impressiona, o I-Thermic, possui um pigmento de cor que reage ao calor. Uma vez em contato com temperaturas por volta dos 30°C, ele revela uma estampa ou outra cor que estava por baixo.
Italia Independet

"As pessoas não precisam comprar artigos de moda, mas o fazem quando eles são únicos e distintos", diz Lapo Elkann, em entrevista ao Valor. Segundo o empresário, mais do que nunca, o consumidor, tanto o homem quanto a mulher, sabe bem o que quer e não é facilmente iludido.
Os óculos da I-I capricham no apelo “fashion high tech”. “As pessoas não precisam comprar artigos de moda, mas o fazem quando eles são únicos e distintos”, diz Lapo Elkann. “Então, nos concentramos em encontrar materiais inovadores e em adaptar tecnologias originárias de outras indústrias”. De acordo com ele, seguir as tendências de moda é menos importante do que fazer produtos que realmente atendam às necessidades do consumidor
"No segmento ótico, não há mais nada a inventar em termos de forma", diz Elkann. "Então, nos concentramos em encontrar materiais inovadores e em adaptar tecnologias originárias de outras indústrias". De acordo com ele, seguir as tendências de moda é menos importante do que fazer produtos que realmente atendam às necessidades do consumidor. "Queremos ter artigos que sejam usáveis por todo mundo, independente do sexo e da idade. Isso é o mais difícil de fazer".
O foco da marca, diz Elkann, é o "luxo acessível" - o que no caso da I-I significa vender óculos por, em média, 150 euros (por aqui, nas óticas, estima-se que eles custarão entre R$ 370 e R$ 900). "O verdadeiro luxo é poder distribuir, em todo o mundo, um acessório que realmente expresse a criatividade e o know how italiano", diz Elkann. Presente em 43 países, a Italian Independet possui o capital aberto desde o ano passado, quando lançou ações na Bolsa de Valores de Milão. Em 2013, a empresa faturou 24,9 milhões de euros, o significou um crescimento de 36% sobre o ano anterior.

FONTE: Valor Econômico

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Procura-se CEO para o Brasil

Procura-se CEO para o Brasil

A principal característica da unidade que será conduzida pelo profissional é o subdesempenho

Por Marcos Troyjo
País de grande porte contrata chefe executivo. Período de trabalho é de quatro anos, podendo renovar-se. Profissional responderá aos anseios de 202 milhões de acionistas.
Atuará em setor altamente competitivo. A performance é não apenas avaliada por critérios como tamanho do PIB, mas por fatores meritocráticos como capacidade administrativa e empreendorismo. Ciência de ponta e unidades empresariais intensivas em tecnologia balizam o ecossistema em que o profissional exercerá suas atribuições.
Em suas novas responsabilidades, cumprirá ao novo gestor assessorar-se de grupo de profissionais sofisticados e inovadores, capazes de ombrear-se com os melhores do mundo.
Hoje sua unidade apresenta estrutura de custos excessivamente elevada para fazer frente a competidores mais baratos. Sua produtividade é demasiado baixa para medir-se contra os mais avançados. Sua logística é atravancada para equiparar-se aos mais ágeis.
A unidade a ser liderada pelo profissional encontra-se enredada no baixo crescimento. A pirâmide demográfica de seus colaboradores, ainda a gerar benefícios econômicos positivos, em breve se inverterá. O executivo haverá de evitar que seus acionistas fiquem velhos antes de se tornarem ricos.
A principal característica da unidade a ser conduzida pelo profissional é o subdesempenho. A burocracia asfixia negócios e intimida novos empreendimentos. O profissional será positivamente avaliado se sua unidade subir vinte casas nos rankings internacionais de competitividade. O CEO ambicionará não somente o grau de investimento, mas também o "business grade".
Muitos setores produtivos ou regulatórios esclerosaram-se por presença sindical orientada ao velho contraste capital/trabalho. Outros são instrumentalizados pelo compadrio ideológico. Empresários passam a enxergar bancos oficiais, e não o mercado, como seu "target". Caberá ao chefe executivo levar adiante verdadeiro "turnaround".
Seus acionistas mais jovens têm deixado de mostrar apetite para risco e desafio. Em vez de alimentar-se de um ambiente em que poderão tornar-se bilionários a partir de "start-ups", sonham com o emprego estatal.
O chefe executivo envidará esforços para que o seu setor educacional privilegie educação empreendedora e ensino de ciências e matemática. Fará com que 2% de sua receita destinem-se à inovação. Trabalhará para que seus "stakeholders" contem ao menos três universidades dentre as cem melhores do planeta.
Espera-se que o chefe executivo insira sua unidade nas cadeias globais de valor. Para tanto, desenhará plano de trabalho para desafios na Europa, EUA e Ásia-Pacífico.  Criará condições para que triplique o número de multinacionais brasileiras. Reconverterá a estratégia industrial do atual foco em substituição de importaçōes para a promoção de exportações.
Remuneração e benefícios são compatíveis com o que se pratica no mercado. A principal recompensa do CEO, contudo, será a honra de inaugurar nova fase na trajetória de desenvolvimento do Brasil.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A divergência e o debate

A divergência e o debate são comuns e saudáveis em uma democracia. Podemos discordar em muitos pontos, mas tenho certeza que concordamos nos principais valores básicos, essenciais à sociedade que sonhamos para o futuro.

Podemos discordar das privatizações, mas não precisamos aceitar que a
roubalheira, o aparelhamento político e a incompetência tomem conta das nossas estatais.

Podemos admirar os programas sociais do PT, mas não precisamos aceitar um governo que mente descaradamente que seus adversários acabariam com eles em um óbvio terrorismo eleitoral.

Podemos não gostar dos EUA, mas não precisamos apoiar um governo que se alia às piores ditaduras do mundo e defende países terroristas.

Podemos não gostar da Globo ou da Veja, mas não precisamos de um governo que tenta controlar a imprensa.
Podemos não gostar do PSDB, mas não podemos aceitar um governo, que se dizia guardião da ética, viver mergulhado em escândalos diários, e se aliar e defender a escória da política nacional como Maluf, Collor, Renan, Sarney, Jader Barbalho.

Podemos não gostar do Aécio, mas não podemos permitir que todas essas
práticas sejam incentivadas, premiadas e perpetuadas.
Podemos querer outras alternativas, mas não podemos deixar no poder uma quadrilha cuja cúpula, mesmo presa na Papuda, é tratada como heróis e continua filiada ao partido!

Não podemos deixar que continuem a sambar na nossa cara, infiltrando membros no STF para livrar seus pares, comprando o legislativo com mesadas, sangrando nosso país em benefício próprio e de ditaduras e pseudodemocracias. Se fizermos isso será um atestado de que somos tão sem-vergonhas quanto eles, que NADA nos choca e tudo pode nessa terra porque não temos mais qualquer capacidade de indignação.

Se você não concorda com isso, é hora de mudar. Voto nulo, branco ou abstenção é o mesmo que endossar suas práticas.

É hora de união contra aqueles que tentam rachar o país, com um discurso irresponsável e preconceituoso de "nós" contra "eles", "pobres" contra "ricos", "negros" contra "brancos", "povo" contra "elite branca"...

O sentimento não é meu, é de todo brasileiro que cansou e quer um país melhor.
Eu votei no PT ao longo de toda a minha vida. Fui traída. PT nunca mais

Dra Karla Maia, juiza Federal

Tiro, porrada e bomba: Lula e a eleição do vale tudo

Tiro, porrada e bomba: Lula e a eleição do vale tudo

 
Na última vez que uma campanha presidencial brasileira flertou com o esgoto e fez embrulhar o estômago, a vítima se chamava Luiz Inácio Lula da Silva. 
Em 1989, Lula sofreu uma violência inédita quando, às vésperas do segundo turno, Fernando Collor de Mello colocou no ar uma ex-namorada de Lula afirmando que o petista lhe pedira para fazer um aborto.
No dia seguinte, um Lula abatido e ainda desorientado apareceu no ar, ao lado da filha Lurian, então com 15 anos, e afirmou que a menina foi fruto de um ato de amor. (Miriam Cordeiro, a ex, também afirmou que Lula, já casado, quis reatar o relacionamento com ela. Disse que Lula era racista. Disse o diabo. Depois, uma assessora de Collor disse à Folha que a campanha do alagoano havia pago a Cordeiro pelo depoimento.)
Talvez pelas sequelas deste episódio no que resta de decência na política brasileira, por muito tempo o mundo político decidiu que era melhor não avançar alguns sinais. Lula contra Serra, Lula contra Alckmin, Dilma contra Serra — tudo transcorreu com civilidade, com as campanhas debatendo as diferenças programáticas e as picuinhas do varejo.
Até que, este ano, algo novo aconteceu.
Um Lula sentado no banco de reserva quis entrar em campo.
Um Lula curado de um câncer na garganta decidiu contraintuitivamente que, se a vida lhe deu uma nova chance — opa! — era a hora de testar limites éticos que ele não havia visitado antes.
Lula, que um dia encarnou o ‘Lulinha paz e amor’, criou um novo personagem, o ‘Lulão Tiro, Porrada e Bomba’ (na frase celebrizada por Valesca Popozuda), e partiu para a guerra — um microfone na mão e mil mentiras na cabeça.
A vítima de 1989 se tornara algoz.
Neste novo script, não há espaço para a lógica. Sexta passada, num comício em Belo Horizonte, Lula perguntou “onde estava Aécio quando Dilma estava presa por lutar contra a ditadura”? Não importa que Aécio tinha sete anos.
Neste novo script, não se respeitam fatos históricos que só deveriam ser comparados com outros se você tiver a certeza de que não vai apequenar a História ao fazê-lo.
“Estão agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da 2ª Guerra Mundial,” Lula disse, referindo-se aos tucanos, ontem à noite no Recife.
Os paralelos se estendem à Bíblia, preferencialmente se der pra usar uma passagem que envolva derramamento de sangue de inocentes. Para Lula, os tucanos “são mais intolerantes que Herodes, que mandou matar Jesus Cristo quando ele nasceu com medo de ele virar o homem que virou.”
Lula chama Aécio de ‘filhinho de papai’ e ‘vingativo’ e diz que o adversário bate em mulher: “A tática dele é a seguinte: vou partir para a agressão. Meu negócio com mulher é partir para cima agredindo”.
Por fim, compara Aécio a Collor, o homem que expôs sua filha, seu casamento, sua intimidade, e que agora é seu aliado.
João Santana, o marqueteiro de Dilma, não veio ao mundo a passeio. Já elegeu seis presidentes, e usa pesquisas qualitativas para saber o que seu cliente deve dizer, que cor de vestido usar, e quando posar de vítima. (Ao contrário das pesquisas quantitativas do Ibope e Datafolha, as qualitativas são feitas junto a pequenos grupos de pessoas, representativas do segmento do eleitorado que se quer conquistar.)
Nas últimas semanas, como resultado desses ataques, a taxa de rejeição a Aécio cresceu, e muita gente já diz que o marqueteiro do PT é o gênio da raça.  Mas devagar com o andor que o Santana é de barro.
Se um boxeador ganha uma luta dando socos abaixo da cintura, o reconhecimento (e o cinturão) são dele? O público dirá: “Esse cara é bom” ?
O problema de Santana é que, se as cobaias de suas pesquisas qualitativas concordarem com a tese de que “reduzir a inflação para 3% aumentará os casos de câncer,” esta nova ‘oncologia econômica’ logo brotará dos lábios de Dilma, ou de Lula. É o marketing do custe o que custar, afinal, escrúpulos de consciência são um luxo da burguesia.
Quando Marina Silva disse estar estarrecida diante do ‘marketing selvagem’, muita gente achou sua postura ingênua, de quem ‘deveria saber como as coisas funcionam’. Mas nos últimos dias, o bom senso sugere que Marina estava com a razão.
“O marketing é uma ferramenta,” disse ela às Páginas Amarelas de VEJA. “A sociedade não pode votar no marqueteiro, não é ele que vai governar. Eu tomei uma decisão: vou ganhar ganhando, não vou ganhar perdendo, ou seja, fazendo o mau combate.”
Talvez o Brasil não esteja pronto para Marina Silva e sua civilidade, e prefira mesmo tiro, porrada e bomba.
Enfim: um governo João Santana.

Por Geraldo Samor, colunista do site da VEJA



terça-feira, 21 de outubro de 2014

Aécio lidera corrida presidencial, diz Instituto Veritá

Candidato do PSDB tem 53,2% dos votos válidos, contra 46,8% de Dilma 


Se a eleição fosse hoje, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, teria 53,2% dos votos válidos no segundo turno, segundo pesquisa do Instituto Veritá divulgada nesta terça-feira (21). Dilma Rousseff, do PT, aparece com 46,8%.
Se for considerada a votação total, com brancos e nulos, Aécio tem 47% das intenções. Dilma aparece com 41,4%. Os indecisos somam 7,8% e outros 3,7% votariam em branco ou nulo.
A margem de erro da pesquisa, encomendada pelo jornal Hoje em Dia, do grupo Record, é de 1,4 ponto percentual para mais ou para menos.

O levantamento do Instituto Veritá foi realizado entre os dias 17 de outubro e 20 de outubro. Foram ouvidos 7.700 eleitores em 213 cidades de todos os Estados brasileiros.

Ainda segundo essa pesquisa, o índice de rejeição da presidenta Dilma é maior que o de Aécio. O levantamento apontou que 46,1% dos eleitores não votariam na petista de jeito nenhum, enquanto 39,1% afirmam o mesmo sobre o tucano.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Abaixo da cintura

Abaixo da cintura

Por Merval Pereira – O Globo

Quando a presidente Dilma disse que para vencer uma eleição “faz-se o diabo”, estava antecipando a falta de limites éticos que sua campanha vem demonstrando. Ontem chegamos ao ponto máximo até agora, com a presidente da República insinuando que seu oponente é bêbado ou drogado, num golpe baixo que até mesmo no MMA é proibido.
O candidato Aécio Neves teve a única reação possível, disse que se arrependia de ter se recusado a soprar o bafômetro, e elogiou a Lei Seca. Mas encarou com altivez a adversidade, criticando sua oponente por fazer insinuações sem ter coragem de inquiri-lo diretamente. Uma tentativa de contenção dos danos por um deslize que um homem público sabe que pode ter conseqüências. Essa era uma carta previsível, diante do festival de baixarias que vem dominando esta campanha, e já fora jogada na véspera quando o ex-presidente Lula, num palanque onde estava cercado dos Barbalho – ele tem uma dívida qualquer com o chefe do clã, Jader, cuja mão beijou em outras campanhas- disse que uma pessoa que se recusa a soprar o bafômetro não pode ser presidente da República.
Logo Lula, que já foi acusado por uma reportagem do New York Times de ser um presidente bêbado, ocasião em que foi defendido por diversos políticos, e recebeu a solidariedade generalizada. Escrevi na ocasião que não havia nenhuma indicação de que o hábito de beber impedisse o presidente de governar, o que tornava leviana a reportagem cheia de insinuações.
Mesmo sem entrar no mérito de quem tem mais razão ou culpa no cartório, é espantoso que um político que já foi vítima das piores atrocidades, como a que o hoje seu aliado Fernando Collor de Mello fez na campanha de 1989, possa se utilizar de métodos semelhantes na ânsia de derrotar seu adversário.
Collor colocou no ar a mãe de Lurian, filha de Lula, para acusá-lo de tê-la obrigado a fazer aborto, uma baixaria que entrou para a história política negativa brasileira. O estrago foi grande na ocasião e desestabilizou Lula para o resto da campanha. O candidato Aécio Neves aparentemente reagiu ao ataque baixo com tranqüilidade, lembrando que Dilma usava os mesmos métodos que Collor utilizara contra a família de Lula.
O contra ataque sobre o nepotismo, apontando que Igor Rousseff, irmão da presidente, era funcionário fantasma na gestão de Fernando Pimentel na prefeitura de Belo Horizonte, num caso típico de nepotismo cruzado, foi feito pedindo desculpas por baixar o nível, querendo ressaltar que Dilma procurara atingir sua família.
Uma manobra diversionista para marcar no eleitor a idéia de que ele queria discutir programas de governo, mas Dilma levava a discussão para o embate pessoal. Aécio ressaltou isso várias vezes no debate. Explicando que sua irmã Andrea trabalhou no governo de Minas como voluntária não assalariada, no papel que poderia ser exercido pela primeira-dama, que não havia, pois era solteiro na ocasião, neutralizou um dos principais ataques de Dilma.
É claro a esta altura que a campanha, que tem tido um nível muito baixo, com acusações mútuas, não mudará de tom até as urnas a 26 de outubro. Os dois candidatos se encontram em empate técnico, e o PT demonstra, por gestos e atitudes, que não pretende abrir mão de seu projeto maior de poder assim facilmente. O desespero revelado pelo uso desmedido de ataques pessoais demonstra que a campana de Dilma tenta reverter uma derrota. Ontem, perdeu claramente a disputa. A seu desfavor, uma crise econômica que só faz se agravar, uma crise política que apenas começou, e que terá desdobramentos institucionais seriíssimos nos primeiros anos do futuro governo, e um governo precário, com resultados econômicos pífios.
Dilma agarra-se à única tábua de salvação, que é o nível baixo de desemprego, que desaparecerá brevemente com a continuidade da crise econômica. Se conseguir se reeleger em outubro, estará deixando para si uma herança maldita que fará com que os seus eleitores se decepcionem rapidamente do voto que deram.
Qualquer dos dois que se eleja, porém, terá que enfrentar uma crise econômica e política com um país literalmente dividido, especialmente depois de uma campanha devastadora como essa. Tarefa para quem tem capacidade de negociação e espírito público.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Pólvora e Capitalismo

Pólvora e Capitalismo

O Oriente criou a pólvora, e o Ocidente a aprimorou; 
o capitalismo é do Ocidente, mas é a Ásia que o redefine

Por Marcos Troyjo

Está em curso uma maciça migração do eixo dinâmico do capitalismo global para o Oriente.

A percepção é tanto mais forte quando analisamos as conclusões recentes do FMI quanto ao PIB chinês mensurado pela paridade do poder de compra (PPP). Tal critério leva em conta a estrutura relativa de preços e custos de cada país. 

Por tal medida, a China chega em 2014 a US$ 17,6 trilhões e ultrapassa o PIB dos EUA. Torna-se a maior economia do mundo.

Em termos da riqueza em dólares correntes, a China ainda levará uma década para alcançar a economia norte-americana se crescer 7% anuais. Hoje, com um PIB nominal de US$ 10 trilhões, a China contribuirá com US$ 750 bilhões ao produto global. Como o PIB mundial é de US$ 75 trilhões, e sua fatia representa apenas 14% desse bolo, a China contribui com  33% do crescimento econômico do planeta.

Os países emergentes já são responsáveis por 58% da produção global -- e a maior parte disso vem da Ásia. O Japão foi pioneiro nesse processo. Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura vieram logo a seguir.

O novo meridiano geoeconômico da Ásia passa por Pequim. Os efeitos colaterais da pujança chinesa são sentidos em toda sua vizinhança. A Indonésia, que cada vez mais recebe investimentos chineses, cresce 6% ao ano há uma década.

Muitos acreditam que a explicação da arremetida asiática foi a presença de governos autoritários em algum momento desses últimos sessenta anos. A chave da ascensão, contudo, foi adotar modelo de desenvolvimento de "nações-comerciantes". Essa estratégia conjugou planejamento de longo prazo e um verdadeiro choque de capitalismo.

Todo esforço de poupança, investimento e política industrial foi voltado à promoção de exportações aos principais mercados compradores do mundo. E tudo com parâmetros de desempenho e prazo de validade.

Na América Latina, ao contrário, a política industrial pautou-se pela substituição de importações. Resultado: protecionismo comercial e a consolidação de oligopólios centrados no mercado interno. No caso brasileiro, a Embraer e o agronegócio, competitivos globalmente, são honrosas exceções.

Hoje, o grande desafio do capitalismo na Ásia passa pelo crescimento da Índia. Os sinais são entusiasmantes na agenda econômica. O premiê, Narendra Modi, implementa reformas desburocratizantes. Corre o mundo para divulgar o seu programa "Make in India", voltado à atração de plantas industriais. Ao fazê-lo, mostra diagnóstico e ação antenados com o encarecimento dos custos de produção na China.

Modi tenta impedir a migração para América Latina e África de capitais produtivos hoje alocados em território chinês. Quer fazer de seu país o novo parque industrial da Ásia. Se a Índia engatar crescimento sustentado mediante maior interação com a economia global, a balança do mundo emergente penderá ainda mais para a Ásia.

A pólvora foi inventada no Oriente, pelos chineses. O Ocidente a aprimorou. O capitalismo pode ter sido criado no Ocidente, mas é a Ásia que o está redefinindo.


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Investimento e modernização aliados à alta gastronomia


 Chefe Gilberto Belarmino

Com a proposta de encantar o cliente e ter excelência no serviço oferecido, o BacCo Bar & Restaurante, do Victory Business Hotel, de Juiz de Fora, inovou com muita qualidade a alta gastronomia. Um chefe executivo de gabarito, que já passou pelas principais redes de hotéis do Brasil e com experiência internacional, foi contratado. Depois de apenas um mês, a vinda de Gilberto Belarmino já apresentou resultados fantásticos. Com buffet bem apresentado e interação com os clientes, o novo chef está fazendo a diferença não só dentro da cozinha, mas em todo o restaurante.
O que se tem a oferecer é realmente uma proposta de nível elevado e de muita qualidade através do espaço privilegiado aliado à alta gastronomia e com preço justo. Essa é a nova realidade do BacCo. A modernização teve início com a contratação do novo gerente, que tem vasta experiência na rede hoteleira,  Washington Souza, e que decidiu investir nas mudanças, começando com a alta gastronomia. O chef Belarmino tem 39 anos de experiência e sempre trabalhou em hotéis de luxo e restaurantes finos em várias cidades do Brasil e países como Itália e Angola. Gilberto também já teve uma experiência na Ilha de Caras ao fazer um churrasco para a modelo Gisele Bündchen e sua família, na edição comemorativa de 10 anos da revista. Na época, Gilberto chefiava os restaurantes de uma rede de churrascaria.
Com especialidade em cozinha francesa, italiana e brasileira, Gilberto afirma que está tudo muito viável no BacCo.“Com a minha experiência, já vi que temos público, instalações, hotelaria e a visão da empresa de fazer um grande trabalho com gastronomia aqui no hotel. Já recebi muitos elogios dos clientes”, declara. Gilberto pretende também incrementar o cardápio e trabalhar com àla carte à noite e incluir comida japonesa.


Gilberto, que tem pensamento jovem, garante que não pensa em parar com seu trabalho na gastronomia. “O que encanta mais é que não tem rotina, cada dia é uma novidade. Quero continuar na gastronomia até sempre.”
As modernizações não param por aí. Todos os colaboradores e toda a administração do BacCo Bar & Restaurante e Victory Business Hotel& Eventos estão envolvidos com o novo trabalho e passaram por uma série de treinamentos chamados “onthejob”. Novos materiais da cozinha e salão foram adquiridos e um maître qualificado com experiência na Inglaterra e Itália foi contratado para trabalhar à noite. Além dos serviços oferecidos no restaurante, o BacCo ainda atua nos projetos e nas execuções de eventos sociais, como casamentos, formaturas e aniversários, além de atendimentos empresariais.
Essa é a proposta do Victory Business Hotel& Eventos e do BacCo Bar & Restaurante: buscar, incansavelmente, a excelência na qualidade do atendimento para muito além da hospedagem e alta gastronomia.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Ganhando na loteria






Para o Yahoo, o IPO do Alibaba foi como ganhar na loteria.


O Yahoo era dono de 524 milhões de ações do Alibaba, vendeu 120 milhões e ainda tem 16,3% da empresa chinesa.
Quando os investidores analisam as ações do Yahoo com uma metodologia chamada “soma das partes”, eles vêem o seguinte:

O Yahoo vale hoje 40,7 bilhões de dólares, de acordo com o preço de fechamento de sexta-feira na Bolsa Nasdaq.
O que está embutido neste preço?

1) O caixa que o Yahoo vai receber pela venda de suas ações do Alibaba no IPO: 10,5 bilhões de dólares.

2) A participação de 35% que o Yahoo tem no “Yahoo Japan”. Se fosse vendida a preços de mercado, essa participação valeria 5 bilhões de dólares. (A conta, feita pelo site americano Business Insider, já é líquida dos impostos que o Yahoo teria que pagar na venda.)

3) O Yahoo ainda tem 401 milhões de ações do Alibaba, que valem cerca de 25 bilhões de dólares, depois de pagar impostos na venda (e assumindo que a ação do Alibaba negocia a US$90 na Bolsa. A ação fechou a US$93,89 na sexta-feira, o primeiro dia de negociação). 

Detalhe: alguns analistas acham que o Yahoo conseguiria evitar pagar impostos se esperar um ano para vender as ações, fizer a venda em Hong Kong e mantiver o dinheiro na Ásia, sem repatriar o dinheiro para os EUA. Neste cenário mais ‘agressivo’, a participação valeria 35 bilhões de dólares…
Como a soma dos fatores acima dá 40,5 bilhões de dólares, e o Yahoo vale, na Bolsa, 40,7 bilhões, isso quer dizer que o mercado atribui um valor de quase zero ao negócio do Yahoo, que, assim como o Google, é um negócio de busca e publicidade. 

O negócio de publicidade do Yahoo tem uma geração de caixa (EBITDA) de cerca de 1 bilhão de dólares por ano.


terça-feira, 9 de setembro de 2014

Olhando para a frente

Olhando para a frente

Por Fersen Lambranho *

De acordo com a sabedoria oriental, quem não aprende com o passado, comete os mesmos erros no presente e compromete o futuro.
Em 1980, logo após ser eleito, Ronald Reagan dirigiu as seguintes palavras à nação americana, palavras estas que poderiam fazer parte do discurso de posse de qualquer um dos nossos atuais candidatos a presidente da República: "Temos que agir ousada, decisiva e rapidamente a fim de controlar o crescimento desmedido dos gastos federais, eliminar os desincentivos fiscais que estrangulam a economia e reformar a teia regulamentadora que a sufoca.
Temos que manter a taxa de crescimento dos gastos governamentais em níveis razoáveis e prudentes.
Temos que reduzir as taxas incidentes sobre a renda pessoal, acelerar e simplificar de modo ordenado e sistemático as taxas de depreciação, a fim de remover os desincentivos ao trabalho, à poupança, aos investimentos e à produtividade.
Temos que rever os regulamentos que afetam a economia e mudá-los de maneira a estimular o crescimento.
Precisamos instituir uma política monetária estável, válida e previsível".
A este discurso, eu acrescentaria os ensinamentos de Milton e Rose Friedman, descritos no excelente livro "Tirania do Status Quo": "Um novo governo dispõe de seis a nove meses a fim de produzir novas mudanças. Se não aproveitar a oportunidade e agir decisivamente nesse período, não terá outra igual. As mudanças adicionais virão apenas lentamente, ou não virão em absoluto, e contra-ataques serão desfechados contra as mudanças iniciais. As forças políticas temporariamente derrotadas reagrupam as suas hostes e tendem a mobilizar todos os que foram prejudicados pelas mudanças, enquanto os proponentes destas tendem a relaxar após as primeiras vitórias".
Quem vier por aí, com a legitimidade de milhões de votos, terá de arrumar a casa e repensar o país, de modo a reinseri-lo na nova fase de reglobalização, uma vez que a globalização se encerrou com a crise de 2008. Usando uma linguagem bem simples, utilizada na indústria automobilística, em vez dos Brics 1.0 - Brasil, Rússia, Índia e China -, temos agora os Brics 2.0 com a inclusão da África do Sul.
A questão ideológica está em extinção e só persiste no bolivarianismo anacrônico de alguns dos nossos vizinhos - os que estão em pior situação econômica, por sinal. Os acordos no mundo atual passam a ser feitos por interesses econômicos pontuais, tais como Estados Unidos-Europa; Moscou-Pequim; Transpacífico: Estados Unidos- México-Colômbia-Peru-Chile e Austrália etc. Os blocos que congregam as nações independentemente de suas ideologias é que se tornaram atores relevantes. As Organização nas Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) passaram a ter uma importância relativa.

Embora a China tenha desacelerado o seu crescimento, 7,5% sobre US$ 9 trilhões ainda constitui uma montanha de dinheiro. Neste ritmo, a China ultrapassa os Estados Unidos até 2023. Isto só aconteceu no século XIX, em 1871, quando os Estados Unidos tomaram o lugar da Inglaterra como maior potência mundial e, antes disso, no século XVII, no momento em que a Inglaterra superou a China no comércio internacional. Portanto, estamos assistindo ao início de um longo ciclo.
Neste novo mundo, o Brasil não pode continuar a ter uma economia tímida e fechada. No grupo que reúne as principais nações ricas e emergentes, o nosso país é onde o comercio internacional tem menor relevância para a economia. Exportações e importações somadas em relação ao PIB, temos um percentual de 21% contra 87% da Coreia do Sul, 63% do México, 34% da Austrália e 25% da Argentina. É muito pouco!
No índice de liberdade econômica medido pela Heritage Foundation (centro de pesquisa com sede em Washington), que toma como base de aferição o direito de propriedade, os gastos do governo, o nível de corrupção, o sistema tributário, as regras do mercado de trabalho, a legislação sobre o fluxo de capital e a abertura comercial de 185 países, numa escala de zero a cem, o Brasil aparece com o índice de 56,9, contra 90,1 de Hong Kong; 89,4 de Singapura; 82 da Austrália; 81,2 da Nova Zelândia; 75,5 dos Estados Unidos e 74,9 do Reino Unido.
Seja quem for o eleito, torna-se imprescindível acabar com a alergia ao liberalismo. Ao lado de corrigir-se rumos da economia, é necessário reparar erros do passado, quando se deixou de investir de maneira necessária na educação, saúde e segurança, justamente os problemas que os brasileiros, ricos e pobres, apontam como os maiores responsáveis pela nossa imensa dívida social, que vem desde os tempos coloniais.
Somente assim poderemos atrair um fluxo contínuo de capital. Num primeiro momento, atitudes macroeconômicas, apesar de necessárias, atraem recursos de curto prazo. Porém, o que precisamos são políticas permanentes de Estado, que sejam seguidas por um programa de ação ininterrupta de governo por longos períodos e por seguidos mandatos, a fim de transmitir à comunidade de negócios internacional e aos formadores de opinião uma visão séria e perene do nosso país.

* Fersen Lambranho é engenheiro com mestrado na UFRJ, empresário e chairman da GP Investments.

FONTE: Valor Econômico S.A.