quinta-feira, 14 de agosto de 2014

JK e a Revolução sobre Rodas

JK e a Revolução sobre Rodas

Por Mario Garnero *

Tive o privilégio de ouvir do presidente JK e do ministro Lúcio Meira, que criaram a indústria automobilística, uma fascinante história daquilo que representou o grande salto para a frente no desenvolvimento nacional.
Histórias que demonstram como JK, ao criar os grupos de trabalho encarregados de cumprirem as metas do seu plano, driblou a burocracia nacional, já desde o império consolidada, e encontrou homens do caráter e competência do almirante Lúcio Meira para chefiar o Geia – Grupo Executivo da Indústria Automobilística.
No planejamento de sua implantação, o caminhão seria o primeiro e primordial instrumento da penetração para as estradas que seriam abertas, ligando a futura capital Brasilia a todos os mais remotos pontos do país. Depois viriam os automóveis e, por último, os tratores, tudo isto em quatro anos que, ao seu final, viram a caravana da integração nacional unir o país de ponta a ponta com carros e caminhões made in Brazil.
Desta saga, da qual participaram todas as empresas que, na época, eram as maiores fabricantes mundiais de veículos, uma faltou. A Fiat, que depois se redimiria lançando o primeiro carro cem por cento movido a álcool, em julho de 1979.
E um curioso episódio. Já na campanha presidencial JK 65, que eu coordenava em São Paulo, organizei uma visita do presidente`a Fiat, em Turim.
Recebidos pelo presidente Vittorio Valetta, que havia reconstruído a empresa no após guerra, e por Gianni Agnelli, só então membro da diretoria, durante o almoço JK perguntou:
Presidente Valetta, porque apenas a Fiat, dentre as mais importantes empresas produtoras de veículos do mundo, não atendeu ao meu chamado para instalar-se no Brasil?
E Valleta respondeu: Presidente, a colônia italiana na Argentina era muito mais influente e forte que a brasileira e nos empurrou para lá.
E se arrependimento matasse, anos depois Gianni Agnelli, já na condição de presidente da empresa, corrigiu o tiro investindo mais de um bilhão de dólares na construção de uma fábrica de veículos que se instalou, pela força política dos mineiros e com participação societária do governo estadual, na cidade de Betim. A fábrica da Fiat foi inaugurada em  julho de 1976 e seu primeiro produto foi o compacto Fiat 147.
Coube a mim, em 1983, negociar com o então governador Tancredo Neves o acordo final que, permitindo a recompra dos ações do governo pela Fiat contra o pagamento de créditos fiscais acumulados, pode dar asas livres para a sua expansão vitoriosa no país, líder que é, atualmente, do concorrido mercado automobilístico brasileiro.
Lúcio Meira foi, por 10 anos, meu companheiro de diretoria no Grupo Monteiro Aranha, no Rio de Janeiro. Amável, discreto, decisivo e grande trabalhador foi o primeiro chefe do Geia e o absoluto responsável pelo êxito da meta estabelecida por JK de dotar o país continente de meios de transportes modernos e eficientes.
Vencer a batalha de trazer as multinacionais para um país ainda carente de estradas, de energia, de aço, de mão de obra qualificada, de processos de produção e gestão foi um grande desafio.
Desde a sua criação, por decreto, em junho de 1956, até o final do governo JK, em 1960, mais de 300.000  carros, caminhões e tratores foram produzidos a partir de um sonho tornado realidade.
Desse mesmo sonho desfrutei quando, indicado pelos doutores Olavo de Souza Aranha e Joaquim Monteiro de Carvalho, que se associaram ao sonho desde o início detendo participação societária de 20% do capital inicial da Volkswagen do Brasil, fui indicado em, 1970, para assumir a diretoria de relações industriais da VWB e, depois, por indicação de Rudolf Leiding, então presidente no Brasil e mais tarde presidente mundial da VW, assumi a presidência da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – Anfavea. E daí nasceu o carro a álcool.

* Mario Garnero é presidente do conselho do Grupo Garnero, controlador das empresas Brasilinvest S/A, empresário, político, diplomata, patrono das artes, filantropo.

Artigo publicado nos seguintes jornais: Diário da Manhã - Goiânia, o Estado do Maranhão, Folha do Estado - Mato Grosso, Hoje em Dia - Minas Gerais, e Jornal do Commercio - Rio de Janeiro


O colapso do império da família Espírito Santo


Por cerca de 150 anos, o clã português Espírito Santo construiu uma dinastia corporativa que se estende de bancos europeus a condomínios em Miami e minas de diamante em Angola. Seu atual patriarca foi apelidado de "Dono Disto Tudo".
Agora, esse império está em ruínas. O ativo mais valioso da família - e segundo maior banco de Portugal-, o Banco Espírito Santo SA, desmoronou este mês e as principais empresas holdings do Espírito Santo entraram com pedidos de recuperação judicial em meio a alegações de problemas contábeis e fraudes.
O escândalo atingiu as elites políticas e empresariais de Portugal e abalou os frágeis mercados financeiros da Europa. A principal bolsa de valores de Portugal caiu cerca de 20% desde que a crise no Espírito Santo se intensificou no início de julho. O fato de os reguladores não terem descoberto os problemas da companhia reacendeu temores de que outros bancos europeus também possam estar em problemas.
No centro dessa história está uma pequena firma suíça, a Eurofin Holding SA, criada há 15 anos basicamente para lidar com as transações financeiras da família Espírito Santo e suas empresas. Por anos, uma empresa do Espírito Santo tinha uma fatia da Eurofin, que desempenhou um papel importante em apoiar as finanças do Espírito Santo, segundo e-mails internos e outros documentos analisados pelo The Wall Street Journal, assim como antigos executivos e pessoas a par dessa relação.
Os documentos indicam que a Eurofin movimentava dinheiro entre as empresas do Espírito Santo, frequentemente de forma que dificultava sua identificação. Algumas operações ocorreram no pico da crise financeira global.



Algumas vezes, uma empresa administrada pela Eurofin era a única compradora de certos títulos do Banco Espírito Santo, revelam registros das operações. A Eurofin ajudou a elaborar pacotes com grandes quantidades de dívida de várias empresas do Espírito Santo, que eram então vendidos a clientes do banco.
O presidente do banco central português, Carlos Costa, agora diz que o embaralhamento de recursos entre as empresas do Espírito Santo equivale a fraude. O Espírito Santo "desenvolveu um esquema de captação fraudulento entre as empresas pertencentes ao grupo", disse recentemente. Os reguladores portugueses suspeitam que a Eurofin desempenhou um papel central no caso, segundo uma pessoa a par da investigação.
A Eurofin, uma empresa de capital fechado de Lausanne, na Suíça, afirmou por meio de um comunicado que é "totalmente autônoma e independente" do Banco Espírito Santo e do Grupo Espírito Santo. Ela confirmou que fez vários negócios com empresas do Espírito Santo, mas afirmou que "sempre atuou em total conformidade com as leis aplicáveis e os requerimentos regulatórios". E informou que nunca distribuiu qualquer produto financeiro para clientes de varejo. "Acredito firmemente que nós somos o alvo errado", disse Alexandre Cadosch, diretor-presidente da Eurofin, em uma breve entrevista ao WSJ.
Uma porta-voz do Espírito Santo International SA, principal holding da família, que entrou com pedido de recuperação judicial em julho, não comentou.
O patriarca da família, Ricardo Espírito Santo Salgado, se demitiu do cargo de diretor-presidente do Banco Espírito Santo, de capital aberto, no mês passado. Ele recentemente foi detido para averiguação por promotores portugueses em uma investigação sobre lavagem de dinheiro e tem dito que "acredita que a verdade e a justiça vão prevalecer". Um porta-voz disse que ele só falaria quando o Banco de Portugal concluir a investigação.

 Ricardo Espírito Santo Salgado

A dinastia Espírito Santo nasceu com uma casa de câmbio em Lisboa, aberta em 1869 por José Maria do Espírito Santo e Silva. A empresa acabou se tornando o Banco Espírito Santo e se expandiu para além do setor bancário, virando um império global que inclui imóveis, hotéis, ativos de saúde, energia e agricultura. Salgado assumiu como diretor-presidente do banco em 1991.
Em 1999, a crescente fortuna da família levou à criação de uma entidade separada, a Eurofin Services, principalmente para administrar as transações financeiras do clã, segundo antigos executivos da Eurofin. Ela foi fundada por Cadosch, na época vice-presidente de um fundo fiduciário do Espírito Santo. Logo, a Eufrin se expandiu para administrar fundos de outras famílias ricas.
A família Espírito Santo, através de uma empresa chamada Espírito Santo Resources, era proprietária de 23% da Eurofin. Seu segundo maior acionista, com 22% do capital, era o promotor de corridas de barcos, Nicolo di San Germano.
A Eurofin administrava diversos fundos de investimento que eram vendidos aos clientes do private bank suíço do Espírito Santo, segundo documentos da Eurofin e um ex-executivo. Um fundo de ações da Eurofin tinha como seus dois principais investimentos fatias no Banco Espírito Santo e no Espírito Santo Financial Group SA, segundo material de marketing da empresa.
A Eurofin administrava mais de 1,4 bilhão de francos suíços (US$ 1,6 bilhão) em ativos para empresas do Espírito Santo, representando a maior parte dos ativos totais sob gestão da Eurofin em 2010, segundo e-mail interno da Eurofin.
Em 2009, um executivo sênior da Eurofin, Michel Creton, escreveu a colegas alertando-os que um executivo de banco não era "amigável" em relação à Eurofin devido ao seu aparente papel de servir como um veículo financeiro para propósitos específicos. Creton não respondeu a pedidos de comentário. No mesmo ano, a família Espírito Santo vendeu sua participação na Eurofin, segundo a empresa. Di San Germano se tornou o acionista majoritário da empresa.
Di San Germano diz que ainda está tentando entender o que aconteceu. "Foi de fato uma grande, grande surpresa", disse.
Mas as relações entre a Eurofin e o Espírito Santo continuaram fortes.
No fim de 2009, o Banco Espírito Santo criou uma mesa de operações em Lisboa chamada Tulipa. Sua missão principal era vender os papéis de dívida emitidos por várias partes do Grupo Espírito Santo, segundo um memorando da Eurofin. Questionada sobre a Tulipa, a Eurofin afirmou que em 2010 "ela estabeleceu um intermediário para fornecer serviços de intermediação como organizador para clientes institucionais, mas que esses serviços nunca foram prestados a clientes do varejo pela Eurofin".
A Eurofin também ajudou a administrar dois fundos de investimentos registrados nas Ilhas Virgens britânicas, chamados EG Premium e Zyrcan. Os dois fundos compravam e vendiam ativos regularmente e emprestavam dinheiro entre si, assim como para empresas do Espírito Santo, segundo documentos internos dos fundos.
Em meados de 2009, o Banco Espírito Santo emitiu títulos com valor de face de 1,8 bilhão de euros (US$ 2,4 bilhões). O Zyrcan foi o único comprador e rapidamente vendeu os papéis por até o triplo do que pagou, segundo registros das operações.
No início de 2012, o banco francês Société Générale queria saber mais sobre as transações que a instituição estava processando entre a Eurofin e empresas do Espírito Santo, segundo uma fonte. Quando não obteve resposta, o banco francês parou de atuar como intermediário, disse a pessoa.
As coisas começaram a desmoronar no fim de 2013. Em novembro, os reguladores portugueses limitaram o valor que os fundos poderiam investir em entidades afiliadas com os gestores dos fundos. O WSJ divulgou em dezembro que as práticas contábeis do Espírito Santo Internacional eram questionáveis para alguns especialistas. Na ocasião, o banco defendeu suas práticas contábeis.
O Banco de Portugal determinou que o Banco Espírito Santo reduzisse sua exposição a outras empresas do grupo e que a KPMG LLP fizesse auditoria nos livros contábeis da Espírito Santo International. No primeiro semestre deste ano, a KPMG informou ao Banco de Portugal que havia detectado várias "irregularidades" contábeis, segundo o próprio banco central. Entre os episódios mais recentes, o Banco de Portugal anunciou em 3 de agosto um pacote de socorro ao banco.
Em 18 de julho, a Espírito Santo Internacional entrou com pedido de recuperação judicial em Luxemburgo.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Casamento Imperial

Os noivos

A revista francesa “Point de Vue” (edição nº3441) destaca o casamento da Princesa Dona Amélia de Orleans e Bragança com Alexander James Spearman, uma cerimônia carregada de simbologia histórica que vai acontecer no Rio de Janeiro no próximo sábado dia 16 de agosto. A cerimonia ocorrerá na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a Antiga Sé – Capela Imperial, templo que serviu a coroação de Dom João VI, Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves; do Imperador Dom Pedro I e do Imperador Dom Pedro II, além de ter sido local da celebração dos batizados e casamentos imperiais - lá se casaram os Imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II e as Princesas Dona Isabel e Dona Leopoldina. O casamento será celebrado pelo Padre Jorge Luiz Neves Pereira da Silva e aguarda-se a presença dos parentes vindos da Europa: a família Principesca de Ligne, os Conde de Nicolaÿ, a família Spearman, bem como os Marqueses de la Granja de San Saturnino - da Espanha, os Barões de Garel-Jones - da Inglaterra, entre outros membros da realeza e da nobreza aparentados com os noivos.