quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Novo Data Center



Depois de Microsoft, Oracle e IBM, a Cisco é o próximo bambambã da área de TI a anunciar a construção de um data center no Brasil. Ótima oportunidade para o Parque Tecnológico de Juiz de Fora 

Transporte aeromédico em destaque


O transporte aeromédico da Unimed em Minas ganhou destaque na revista alemã AirRescue, despertando interesse da holding Inter Mutuelle Assistance, grupo francês de assistência em saúde, um dos maiores da Europa. A empresa vem ao Brasil ainda neste semestre para visitar a Unimed Aeromédica.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Azul vai retomar os voos no Aeroporto Regional da Zona da Mata


A Azul Linhas Aéreas vai retomar no dia 20 de março os voos no Aeroporto Regional da Zona da Mata, localizado entre os municípios de Rio Novo e Goianá. Inicialmente, a empresa vai oferecer um horário para Confins e outro retornando. A Azul confirmou a informação e informou que aguarda autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para iniciar a venda das passagens. A Azul não pretende cortar os voos que partem da Serrinha. Nos dois aeroportos serão usados o ATR-72, com 70 lugares.


Lento, Seguro e Gradual

A deterioração econômica brasileira é lenta, segura e gradual

Por: José Roberto Mendonça de Barros *

Lento, seguro e gradual é o ritmo da:

1) Piora do regime fiscal brasileiro. São duas tendências que se completam: de um lado, os gastos fiscais correntes, sem investimentos e juros da dívida, crescem em termos reais muito acima da expansão do PIB e da arrecadação. Além disso, as receitas são cada vez mais dependentes de eventos não recorrentes (tipo arrecadação do campo de Libra ou acordos da Receita para encerrar casos de contenciosos, como o recente episódio da Vale), e de outros como o pagamento de dividendos, por empresas estatais que logo em seguida recebem empréstimos ou capitalizações lastreados em expansão da dívida pública. Como consequência, o superávit primário vem caindo sistematicamente: o número preliminar de 2013 foi de R$ 75 bilhões ou, aproximadamente, 1,9% do PIB. O déficit nominal pode atingir 4% do PIB neste ano.

Por outro lado, o regime fiscal vem sendo enfraquecido pela constante utilização de truques contábeis (lembram-se da capitalização da Petrobrás?), pela explosão dos restos a pagar (que passaram de R$ 44 bilhões em 2007 para R$ 178 bilhões no ano passado e R$ 235 bilhões neste ano; os dados são do site Contas Abertas e incluem restos a pagar processados e não processados) e conceitos equivocados do ponto de vista econômico. Como exemplos, cito a consideração de depósitos judiciais como se fossem recursos próprios ou a suposição de que uma carteira de empréstimos (que tem risco) tem o mesmo valor presente dos títulos públicos que geraram os recursos ao BNDES e à Caixa (lembram-se da LBR?).
Como resultado, há uma clara perda de confiabilidade dos números que retratam a saúde das finanças públicas. Tudo isto sem mencionar que a política fiscal tem sido francamente expansionista, pressionando as contas externas, a própria inflação e contribuindo para uma eventual revisão na nota de crédito do País.
 
2) Piora do quadro inflacionário. Terminamos o ano com uma inflação que para muitos, parece razoável, de 5,9%. Entretanto, este número mostra a resistência à queda da inflação, uma vez que os preços livres vêm crescendo na faixa de 7,4% e os preços de um grupo de bens e serviços (combustíveis, tarifa de energia elétrica e ônibus) estão controlados a tal ponto que no conjunto cresceram apenas 1,5% nos últimos doze meses. Se estes preços pudessem ficar congelados por muito tempo, a inflação verdadeira seria mesmo o índice oficial do IPCA. Entretanto, este não é o caso, uma vez que estes preços implicam pesados e crescentes subsídios, insustentáveis de serem mantidos ao longo do tempo. Assim, "a verdadeira" inflação está em algum ponto entre 5,9% e 7,4%, certamente acima do topo da meta. A inflação deste novo ano provavelmente será maior que a do ano passado. Não teremos quedas adicionais dos preços de alimentos em reais, derivados de petróleo e energia elétrica subirão, as isenções de IPI serão recompostas e o real vai de desvalorizar mais. A elevação da taxa Selic para 10,5% na semana passada, que surpreendeu a muitos, sela o reconhecimento desta situação.
 
3) Piora no balanço de pagamentos, impulsionada pelo quase desaparecimento do saldo comercial. Como resultado, o déficit em conta corrente subiu de US$ 47 bilhões (2,2% do PIB) para US$ 78 bilhões no ano passado (3,5% do PIB). Este resultado e a abertura das taxas de juro americanas, resultante do início da mudança na política do Fed, colocam o real em uma posição de fragilidade, que pode se agravar caso, por exemplo, a crise na Turquia avance nos próximos meses. A modesta melhora da balança comercial que esperamos para 2014 não será capaz de alterar essa tendência.
 
4) Piora na qualidade da regulação econômica, em que as regras mudam com excessiva frequência e muitas vezes de forma antagônica. Os melhores exemplos disso podem se vistos nas crescentes dificuldades do sistema elétrico (em particular da Eletrobrás) e da Petrobrás, que darão ainda muito o que falar em 2014.
 
5) Piora em nossa competitividade. Aqui a evidência é avassaladora. A desvalorização recente do real, que deve se ampliar, vai melhorar um pouco a situação do exportador. Entretanto, a melhora será limitada, dadas as crescentes pressões sobre o conhecido custo Brasil, a baixa evolução da produtividade e o limitado volume de inovações introduzidas no sistema produtivo. Nossa indústria continuará enfrentando uma situação muito difícil.
 
6) Do desmonte do Ministério da Agricultura e de partes importantes do sistema que desenvolveu o agronegócio mais competitivo do mundo, como a manutenção da sanidade animal, da defesa sanitária vegetal, do sistema de abertura de mercados, etc. Com isso, o agronegócio enfrenta hoje uma forte pressão de custos, incerteza nas regras, uma redução de margens e uma elevação de seus riscos financeiros.
 
7) Piora aguda nas expectativas dos agentes econômicos, resultando num comportamento mais defensivo e no contínuo adiamento de projetos de expansão. Dizer que essa piora é apenas o resultado de análises viesadas de certos observadores é uma grande bobagem. Os empresários são adultos, em geral bem informados, experientes e, em sua maioria, conhecem muito bem a operação do governo, sua política e sua regulação. Não se constrói esse pessimismo a partir do nada, ele é claramente resultado do acúmulo de decepções ao longo destes últimos anos.
Enfim, lenta, segura e gradual foi a construção da armadilha de baixo crescimento econômico, na qual estamos enredados e sem perspectiva de sair dela no curto prazo.

*José Roberto Mendonça de Barros, economista, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 1995 e 1998, e ex-secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior da Presidência da República entre abril e novembro de 1998.



El Coma Andante: a ridícula tentativa de Fidel Castro de mostrar virilidade



- Por Rodrigo Constantino

Os latino-americanos adoram sonhar com um messias salvador, com um sujeito viril, barbudo, que vai falar firme (por horas?), bater na mesa, enfrentar os “imperialistas” e finalmente trazer a tão sonhada “justiça social”. Muita tirania já foi construída em cima desse ideal.

A cubana é o melhor exemplo. Com seus uniformes verde-oliva, aqueles guerrilheiros eram “machos” que desafiariam os ianques e lutariam por “liberdade”. O resultado está aí: meio século de sangrenta ditadura, milhares de mortos inocentes e presos políticos, e muita miséria e escravidão.

Mas Fidel Castro, com seus quase 90 anos, mais conhecido como “El Coma Andante”, ainda precisar alimentar essa imagem, é algo realmente patético. O uso dos já tradicionais uniformes Adidas (de vez em quando é Nike, empresa, pasmem!, americana) serve para simular uma virilidade há muito perdida.

Deve ser terrível ter de viver assim, eternamente como o símbolo de algo inexistente. Revolucionários preferem mártires, como Che Guevara, que morreu jovem e cuja foto tirada por Korda, com o olhar no horizonte, pode ser apreciada por milhões de idiotas úteis e muitas “amantes espirituais”, como diria Nelson Rodrigues.

Fidel não teve o mesmo destino. Envelheceu, ficou um tanto caquético, sua decadência física acompanha a decadência do próprio regime que criou. Mas para as esquerdas, aparência é tudo. Portanto, lá vamos nós, com o uniforme Adidas, fazer um tremendo esforço para uma foto, na vã esperança de que os inocentes úteis possam manter a imagem de líder viril em suas mentes.

Só um detalhe: quem acusa o embargo americano pela miséria cubana, além de atestar a maravilha do comércio com os “exploradores” ianques, precisa explicar porque o ditador pode desfrutar de produtos internacionais na maior tranquilidade. Pelo visto, importar não é tão difícil em Cuba. Impossível mesmo é ter o dinheiro para tanto, quando se trata do povo…

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Conexão de internet no Brasil é mais lenta que no Iraque e Cazaquistão


O Brasil caiu, pela terceira vez consecutiva, no ranking de velocidade média de conexões de internet divulgado pela empresa de internet americana Akamai. Segundo o estudo publicado nesta terça-feira, os brasileiros acessaram a internet com uma velocidade de 2,7 megabits por segundo (Mbps) no 3º trimestre de 2013. O resultado coloca o país na 84ª posição do ranking, que considerou 140 países. No 1º trimestre do ano passado, o Brasil estava no 73º lugar.

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Com esta velocidade média, o Brasil fica atrás de países como a Turquia (4 Mbps), Cazaquistão (3,5 Mbps) e Iraque (3,1 Mbps). A posição do Brasil também é pior que a da maioria dos vizinhos da América do Sul analisados no estudo. O Equador, país latino-americano com melhor posição no ranking global, registrou velocidade média de 3,6 Mbps no período. Chile, Colômbia e Argentina também têm conexões de internet mais velozes que o Brasil.

De acordo com o estudo da Akamai, apenas 20% das conexões de internet no Brasil possuem velocidade entre 4 Mbps e 10 Mbps. Quando se trata das conexões mais rápidas, com velocidade acima de 10 Mbps, a fatia é ainda menor: apenas 0,9% da amostra considerada pela empresa. Os outros 79% da amostra são formados por conexões de baixa velocidade, abaixo de 4 Mbps.
O número de conexões de internet mais velozes tem aumentado rapidamente no país, o que pode contribuir para melhorar a posição do Brasil nos próximos anos. Segundo a Akamai, a quantidade de conexões de internet acima de 10 Mbps cresceu 61% e as conexões com velocidade entre 4 Mbps e 10 Mbps aumentaram 65%, no período de um ano.

Além das conexões de banda larga fixa, a Akamai também estuda a velocidade da internet móvel no Brasil. Segundo o relatório, que considera os acessos por meio de redes 3G e 4G, os brasileiros acessaram a web no celular com velocidade média de apenas 1,7 Mbps no terceiro trimestre de 2013. Embora seja baixa, a velocidade média coloca o Brasil na liderança entre os países da América Latina, junto com Chile e Uruguai.
De acordo com a empresa, a baixa velocidade da banda larga móvel faz o brasileiro esperar em média 12 segundos para que uma página de web seja carregada por completo no celular. No caso do computador, o brasileiro precisa esperar, em média, seis segundos para ver uma página de web.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Questões fiscais atrapalham avanço do investimento-anjo

Por Danylo Martins | De São Paulo
 
O número de investidores-anjo no Brasil ainda é pequeno, mas está em crescimento. São 6.450 pessoas físicas, segundo o último levantamento feito pela rede Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos que busca fomentar o segmento no país. Esse número cresceu 2,3% de junho de 2012 a julho do ano passado. Em 2011, o total de investidores era de 5.300, 18% menor.
Contudo, enquanto a fatia de pessoas aumentou pouco percentualmente, o volume desse tipo de investimento teve uma elevação de 25% no mesmo período, totalizando R$ 619 milhões investidos em startups, ante R$ 495 milhões em 2012. "O cenário é bastante positivo, mas o Brasil está muito aquém de mercados maduros, como países da Europa", analisa Cássio Spina, sócio-fundador da Anjos do Brasil.
Na visão de Junior Bornelli, vice-presidente de negócios e relacionamento do Angels Club, o setor de educação está entre os cinco que mais crescem no país para startups. "Uma dessas áreas é o agronegócio. Muitos apostam em tecnologia para aplicar na agricultura", diz. Outras que ganham destaque para investimento de capital semente são biotecnologia e saúde, com a criação de aplicativos para smartphones e softwares.
Um dos entraves que prejudica o avanço do investimento-anjo no país é a questão fiscal. "Estão acontecendo conversas com o governo sobre o assunto. A gente está tentando mostrar a importância do estímulo ao investimento-anjo", afirma. "Nos Estados Unidos, dá para compensar o prejuízo com lucros em exercícios posteriores", exemplifica Augusto Ferraz, presidente da Polaris Investimentos. A ideia é sensibilizar o governo brasileiro em relação a essa proteção tributária ao aplicador. "Os tribunais passam por cima disso. O investidor não é CEO da empresa em que investe e não pode ser cobrado por dívidas", afirma Spina.
A chamada "despersonalização" da pessoa jurídica é outro aspecto colocado em pauta em conversas com o governo. "Mesmo se eu faço investimento como pessoa física, o juiz tende a buscar [em situações adversas] o patrimônio do anjo, mesmo ele não tendo participado como gestor", diz Ferraz.
Magnus Arantes, presidente do HBS Alumni Angels of Brazil, acredita que o problema não seja a questão fiscal. "A minha visão é um pouco diferente da dos outros anjos. Nós precisávamos ter um ambiente que facilitasse o desenvolvimento de empresas. Quando isso acontece, o que fazemos acaba sendo facilitado também", explica. Esse avanço, diz, passa por simplificação tributária e normas trabalhistas mais atualizadas, não 'centenárias'. "Isso porque nós apostamos em empresas que trabalham na economia real", reforça.
Os anjos podem atuar juntos, em um clube ou uma associação sem fins lucrativos, individualmente ou por meio de fundos de investimento em participações (FIPs). Os investidores recebem o capital quando ocorre o desinvestimento (venda) da empresa. Segundo a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), isso pode acontecer de cinco a dez anos após o início do fundo. Para investidores mais abastados, alguns gestores de patrimônio também incluem esse tipo de aplicação como sugestão de diversificação de portfólio. "No nosso caso, temos capital próprio e não fazemos captação de terceiros. São quatro analistas para avaliar projetos que hoje chegam a quase 500", conta Augusto Ferraz, presidente da Polaris Investimentos.

Fonte: Valor Econômico S.A. .

Brasil x Davos 2014: qual o resultado?

Marcos Troyjo *
 
Nesses últimos três anos, o Brasil de Dilma foi despertado de um sonho bom. Governo e sociedade vêm tendo de encarar uma dura realidade: ao contrário do que supunham, o Brasil não criou fórmula miraculosa unindo alto crescimento à inclusão social. 
Não há no País pilares de um novo modelo de desenvolvimento. Dada a baixa poupança interna, o Brasil continua a depender de grande influxo de capitais financeiros e também de investimentos estrangeiros diretos (IEDs). Por isso o tapering (diminuição de estímulos monetários nos EUA) e a própria retomada da expansão nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) causam apreensão no governo brasileiro.
Sem a certeza de um crescimento automático e inevitável, ilusão alimentada pela cúpula do governos Lula-Dilma durante o período em que o País era o “queridinho dos mercados” e só recebeu a “marolinha” da crise de 2008, o Brasil começou a descer do salto alto. Daí Dilma, notadamente desinteressada em temas internacionais, ter optado por ir a Davos. 
Muitos dos fatores que permitiam tal entusiasmo foram perdendo verniz. Perspectivas de biocombustíveis e petróleo pré-sal não são mais tão animadoras. A governança e planejamento do setor energético brasileiro estão à deriva. Efeitos da expansão do crédito e consumo não têm mais caráter tão multiplicador. O apetite da China por commodities em que temos vantagens comparativas não parece mais tão pantagruélico. Além disso, em razão dos conhecidos problemas logísticos brasileiros, os chineses têm buscado diversificar seu quadro de fornecedores. 
Assim, foram quatro os pontos nevrálgicos em relação ao que a comitiva brasileira tinha a dizer: 
1) Protestos. Isso é da democracia, e Dilma o ressaltou bem em seu discurso. A apreensão no entanto permanece em relação ao que pode acontecer durante a Copa do Mundo. 
2) Mudança no panorama internacional da liquidez. Dilma também mencionou isso e sublinhou os mais de US$ 370 bilhões de nossas reserva cambiais. Muito do que se espera do afrouxamento da política monetária dos EUA nos próximos meses já foi precificado e incorporado ao atual patamar do câmbio no Brasil (e a depreciação dos últimos dias reflete os efeitos colaterais do que está acontecendo na Argentina). 
3) Gestão da política econômica. O Brasil ainda vai sofrer por algum tempo os efeitos dessa combinação de afastamento do tripé, microgestão das concessões, custosos equívocos na política industrial (as tais de "campeãs nacionais"), além do peso fiscal dos incentivos setoriais e do gigantismo da folha de pagamento. Aqui, os números não batem com o discurso de Dilma. Além disso, do ponto de vista comercial, o País está sem bloco. O Mercosul converteu-se numa plataforma de empatias políticas, e o Brasil não negociou acesso aos principais mercados compradores do mundo. Sua ênfase nas negociações multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostrou-se ingênua, dada a inoperância e lentidão da entidade. Toda esses erros de política exterior no campo econômico hoje têm perceptível impacto negativo nas contas externas. 
4) Reformas estruturais. Esta foi a parte mais decepcionante do discurso de Dilma. Nada falou sobre reforma tributária, trabalhista ou de seguridade social. Em termos de melhora do ambiente de negócios, Dilma anunciou apenas a implementação do portal "Empresa Simples", que prevê a redução para 5 dias do tempo médio para se abrir uma empresa. Embora importante, esse tipo de medida favorece sobretudo empresas de pequeno porte. Pouco interessa ao tipo de empresário/investidor que frequenta Davos. Estes sofrem por custos diretos e indiretos da bizantina legislação trabalhista e fiscal no País. Têm de contratar verdadeiros exércitos de contadores e advogados, em vez de gente voltada à atividade fim da empresa. Mesmo quando mencionou a necessidade de “mudanças” num painel sobre Brics, o Ministro da Fazenda Guido Mantega elaborava mais em termos conceituais do que sobre um plano de trabalho a ser efetivado nos próximos meses. Talvez tenha buscado sugerir algumas pistas do que seria a orientação no segundo governo Dilma, mas a probabilidade desse processo iniciar-se neste ano, ainda mais por razões eleitorais, é nenhuma. 
O marco maior da conjuntura do Brasil no mundo é que o País está poupando e investindo menos que os 22% do PIB – média da América Latina. Esta, por seu turno, já é muito inferior ao percentual de investimentos do Sudeste Asiático. O Brasil não conseguirá investir mais sem quebrar vários ovos nas áreas, trabalhista, fiscal e de seguridade social. 
Dilma não parece ter gosto ou mesmo vocação para liderar reformas. Seu presidencialismo de coalisão está mais a serviço do projeto de sua perpetuação no Planalto do que orientado à modernização institucional do país. Assim, o Brasil de Dilma utilizou Davos essencialmente para apresentar relatório de realizações, vocalizar compromisso com alguma ortodoxia macroeconômica, elencar fronteiras móveis de consumo e sublinhar a continuação do programa de concessões. 
No limite, a ida a Davos evidencia que Dilma e equipe se convenceram de que o Brasil também precisa ser vendido, e não simplesmente comprado. Estão se dando conta de que o cenário global mudou. E ele não é favorável às escolhas “desglobalizantes” feitas pelo País nos últimos 11 anos em termos de comércio e investimento. Assim, antes encastelada no isolamento seguro de suas convicções sobre os rumos supostamente alvissareiros do País, Dilma fez da viagem uma espécie de “Busca do Tempo Perdido”. Não representou, contudo, um divisor de águas. Nada se aventou da indispensável agenda de reformas estruturais. 
Em vez de desilusão ou entusiasmo, a resposta do "Homem de Davos" à passagem da comitiva brasileira pelos Alpes provavelmente é apenas apertar o botão de "pausa". Em termos de construção do futuro, o Brasil está imobilizado até 1º. de janeiro de 2015. 

Por Marcos Troyjo, economista e cientista social, é professor da Universidade Columbia.


Presidente da CDL/JF é morto com tiros em estacionamento de Juiz de Fora




Veio a óbito na manhã desta segunda-feira, 27, às 9h11, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL/JF). Vandir Domingos da Silva. O presidente foi abordado em um estacionamento da Rua Marechal Deodoro, onde foi baleado. A investigação do crime está sendo feita pela Polícia Civil, que já identificou o autor dos disparos a partir das imagens do circuito interno de câmeras do estacionamento. O velório será na Câmara Municipal de Juiz de Fora nesta segunda-feira, 27, a partir das 18h. O sepultamento será amanhã, terça-feira, 28, às 10h30, no Cemitério Municipal.
Para o vice-presidente da CDL/JF, Marcos Tadeu Casarim, toda a diretoria foi pega de surpresa com a notícia. “Lamentavelmente recebemos a notícia da morte do nosso presidente com surpresa. Estamos agora passando por um processo investigativo que não nos compete. Esperamos que a justiça seja feita e que tudo se resolva o mais breve possível”, destacou.

A entidade divulgou nota oficial em que com enorme pesar comunica a morte do seu presidente. Foi declarado luto oficial de três dias. A parte administrativa da entidade estará fechada nesta segunda-feira (27) e terça-feira (28). O atendimento ao público, que acontece na unidade da Rua Marechal Deodoro, acontecerá em regime de plantão até o sepultamento do presidente. "A CDL/JF se solidariza com a família do presidente e destaca que em 11 anos de trabalho pela entidade, muitas foram as conquistas alcançadas pelo seu empenho e dedicação. O nome do nosso presidente estará sempre associado à nossa entidade como líder e precursor que foi. Juiz de Fora perde uma grande personalidade e a CDL/JF perde grande parte de um alicerce construído com muito empenho por anos", diz a nota oficial da diretoria da CDL/JF.  

BIOGRAFIA
 
Vandir Domingos da Silva nasceu em 17 de dezembro de 1950 em Dom Cavati/MG. Tinha 63 anos, era casado e deixou, além da esposa, três filhos. Empresário lojista há 36 anos, Vandir foi presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora por 11 anos, vice-presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais (FCDL/MG) e proprietário de várias empresas na cidade. Morador de Simão Pereira/MG há 14 anos, Vandir estabeleceu suas raízes profissionais em Juiz de Fora, onde era participante ativo da vida política, econômica e social da cidade. Também em Juiz de Fora, Vandir foi presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Juiz de Fora, vice-presidente da FIEMG, governador da Associação Internacional de Lions Clubes Distrito LC (2003/2004) e presidente do Lions Clube Juiz de Fora-Centro(2010/2011) . Em Simão Pereira/MG, Vandir foi candidato a prefeito nas eleições de 2012 e atuou como presidente do Esporte Clube Duarte de Abreu desde 2011.

FONTE: Assessoria de Comunicação: ETC Comunicação

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Socorro Papai virou Petista

Socorro Papai virou Petista

Por: Marcelo Rates Quartana

O pai chega em casa vestido numa novíssima camisa do PT. Entra no quarto do filho e beija o retrato de Che Guevara na parede. O rapaz espantado pergunta:

- Que é isso paí? Ficou maluco? Logo você que é o maior "coxinha", "reaça" de primeira vestindo a camisa do PT?

- Que nada filho! Agora sou petista! Conversamos tanto sobre o Partido que você me convenceu! PT!  PT!  VIVA O PT! - grita o velho.

O rapaz, membro do DCE da universidade onde já faz um curso de quatro anos há oito anos e fiel colaborador da JPT não se aguenta de tanta alegria!

- Senta aí companheiro! Vamos conversar! O que foi que te levou a essa decisão?

O pai senta-se ao lado do filho e explica:

- Pois é... cansei de discutir contigo e passei a achar que você tem razão. Por falar nisso, lembra do Luís, aquele que te pediu dois mil reais da tua poupança emprestado para dar entrada numa moto?

- O que tem ele? Pergunta o filho...

- Pois é. Liguei pra casa dele e perdoei a dívida. E fiz mais! Falei que ele não precisa se preocupar com as prestações, pois vou usar oitenta por cento da sua mesada para pagar o financiamento!

- Pai!!!!! Você ficou louco? Pirou?

- Filho, lembre-se de que agora nós somos petistas! Perdoar dívidas e financiar o que não é nosso com o que não é nosso é a nossa especialidade! Temos que dar o exemplo! E tem mais! Agora 49% do seu carro eu passei para sua irmã. Vendi pra ela quase a metade do seu carro! Dessa forma você continua majoritário mas só podendo usá-lo em 51% do tempo!

- Mas o carro é meu, papai! Não podia fazer isso! Não pode vender o que não é seu!

- Podia sim! Nossa Presidenta fez isso com a Petrobrás e você foi o primeiro a apoiar! Só estamos seguindo o exemplo dela!

O garoto, incrédulo e desolado entra em desespero, mas o pai continua:

- Outra coisa! Doei seu computador, seu notebook e seu tablet para os carentes lá do morro. Agora eles vão poder se conectar!

- Pai! Que sacanagem é essa?

- Não é sacanagem não, filho! Nós, petistas, defendemos a doação do que não é nosso, lembra? Doamos aviões, helicópteros, tanques... O que é um computador, um tablet e um note diante disso?

Prestes a entrar em colapso, o garoto recebe a última notícia:

- Filho, lembra daquele assaltante que te ameaçou de morte, te espancou e roubou teu celular? Vou agora mesmo retirar a queixa e depois irei para a porta da penitenciária exigir a soltura dele, dizendo que ele é inocente!

- Pai... pelo amor de Deus... Você não pode fazer isso... O cara é perigoso!

- Perigoso nada! São os direitos humanos que nós pregamos, filho! Somos petistas com muito orgulho!

- Mas o cara me espancou! Me roubou, pai!

- Alto lá! Não há provas disso! Isso é estado de exceção! O rapaz é inocente! Nós fizemos a mesma coisa com os companheiros acusados no mensalão!

- Mas ele estava armado quando a polícia chegou!

- E daí????? Ele estava armado mas quem prova que a arma era dele? A revista Veja? Isso é coisa de reaça, filho!

- Papai, você ficou doido!

E o pai finaliza:

- Fiquei doido? Na hora de defender bandido que roubou uma nação você é petista, mas se roubarem você, deixa de ser. Na hora de doar, perdoar dívidas e fazer financiamentos com o que é dos outros, você é petista. Mas se fizer o mesmo com você, deixa de ser. Na hora de dilapidar o patrimônio nacional, vendendo o que é mais precioso e não pertence ao PT e sim ao povo, você é petista, mas se vender metade do que é seu, você deixa de ser!

Dito isso, tirou o cinto de couro grosso e mandou cintada no moleque!

- TO-MA  IS-SO  SEU  CRE-TI-NO  PRA  APRENDER  A  SER  HOMEM  E  ASSUMIR  SUAS IDEIAS!  VAGABUNDO, ORDINÁRIO! SALAFRÁRIO! PEGA AS SUAS COISAS E SUMA DAQUI!

- Vou pra onde, pai? Perguntou chorando...

- Dane-se. Agora você é um dos sem-teto que você defende, seu moleque cagão! E vai se consultar com médico cubano, porque eu cancelei teu plano de saúde!

Dois dias depois o moleque bateu na porta curado. Não era mais petista e não havia mais DCE ou JPT. E nem chamava o pai de "reaça". O milagre da educação aconteceu.

O mal do petista é falta de cintada no lombo!
 

Brasil e China no túnel do tempo

FOLHA DE S. PAULO

Sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Marcos Troyjo

Suponha que os 3 mil participantes do Fórum Econômico Mundial entrassem num túnel do tempo. Regressariam até 1971, ano do primeiro encontro de Davos.

Lá chegando, os muitos CEOs, futurólogos e vencedores do Nobel fariam uma aposta. Que países do que à época se chamava “Terceiro Mundo” – hoje “emergentes” – seriam as estrelas da economia global em 2014?

Imagine que déssemos pistas aos ilustres senhores. Em algum momento entre 2020 e 2023, um dentre os emergentes superaria o PIB nominal dos EUA. Contabilizaria volume somado de exportações e importações acima dos US$ 4 trilhões anuais, tornando-se em 2014 a potência comercial líder.
Seu investimento em pesquisa e inovação rapidamente convergiria à média dos países ricos. Essa nação lideraria em 2013 o ranking da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) em número de marcas registradas, patentes e desenho industrial. Rivalizaria com os EUA na condição de principal destino de investimentos estrangeiros diretos (IEDs). 
Esse Davos imaginário poderia prever que tal país seria a China?
No início dos 70, a China não se distinguia pela planta manufatureira.  Já o Brasil, no auge do “Milagre”, era o maior parque industrial do Hemisfério Sul. O “Brasil Potência” crescia mais de 10% ao ano.  
Em 1978, China e Brasil tinham PIB equivalente: US$ 200 bilhões. O Brasil contava 100 milhões de habitantes. A China, 1 bilhão. De lá para cá, a população brasileira dobrou. A da China cresceu 30%, já levando em conta a reintegração de Hong Kong (1997) e Macau (1999). Nesse período, nossa economia aumentou 12 vezes. A da China multiplicou-se por 45. 
Por que a China decolou e o Brasil voou rente ao chão?
Muitos creditam a diferença do desempenho à mão forte de regimes autoritários e às virtudes do dirigismo. Isso é um equívoco. A China, da Revolução de 1949 até a morte de Mao Tsé-Tung em 1976, também era tenebrosamente ditatorial e planificadora – e sua economia não ia a lugar algum.
O Brasil redemocratizou-se nos 80 e cresceu comparativamente pouco desde então. Mas o problema não é a democracia. A questão é que,  com 40 % da renda circulando pelo Estado, o País continua estatizante e dirigista.
A diferença está no tipo de estratégia adota. A economia chinesa, desde 1978, foi orientada a competir globalmente. Caracterizou-se por parcerias público-privadas, baixo custo trabalhista e tributário, acúmulo de poupança e investimento, atuante diplomacia empresarial.
Já a vertente brasileira foi voltada para dentro. Ambiente cartorial de negócios, busca de fortalecimento de "campeãs nacionais", política comercial e industrial defensiva, investimento mirrado, seguridade social que não cabe no PIB.
O túnel que Brasil e China atravessarão para chegar ao futuro é distinto daquele que os trouxe ao presente. Os chineses parecem saber disso. Hoje redirecionam seu modelo industrial-exportador rumo a uma economia em rede mais sofisticada. Será que o Brasil conseguirá fazer o mesmo com seu Capitalismo de Estado?  

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Presidente da MRS vai comandar a ex-LLX



 Eduardo Parente  vai comandar a ex-LLX 

Eduardo Parente, que dirige a concessionária de ferrovia MRS Logística há quatro anos e meio e ontem anúncio renúncia do cargo, vai comandar a ex-LLX, empresa de logística de Eike Batista cujo controle passou ao grupo americano EIG. Após a mudança de acionistas, a companhia, cujo principal projeto é o porto do Açú, no litoral do Rio, mudou seu nome para Prumo Logística.
O executivo deve deixar a MRS até 17 de fevereiro. Após sua saída, o diretor-executivo de operações, Carlos Henrique Waack, acumulará interinamente a posição até que o conselho de administração aponte novo nome para o cargo de presidente.
A EIG assumiu o controle da ex-LLX em 2013 ao liderar aumento de capital de R$ 1,3 bilhão na empresa. Segundo apurou o Valor, as negociações com Parente iniciaram há pouco mais de um mês.
Um dos principais desafios de Parente à frente da Prumo será a conclusão das obras do projeto Açú, que ainda demanda pesados investimentos para sua conclusão. A EIG necessita de recursos adicionais da ordem de R$ 3 bilhões.
Durante sua passagem pela MRS, Parente comandou a discussão do Ferroanel de São Paulo, investimentos na Cremalheira - novo sistema de transporte até Santos - e as negociações sobre devolução de parte da malha da MRS à União em troca de extensão da concessão da ferrovia.
Parente assumiu a MRS após nove anos na consultoria McKinsey, de 2000 a 2009. Antes, foi da Aliança Navegação, de 1996 a 1998. É formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A MRS, criada em 1996, é controlada pelas siderúrgicas CSN, Usiminas e Gerdau e pela Vale.

Fonte: Jornal Valor Economico - 23/01/2014

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

MRS Logística terá novo presidente





A MRS Logística, anunciou hoje a renúncia de Eduardo Parente ao cargo de diretor-presidente da empresa. O motivo da saída não foi informado. O executivo deve deixar a companhia até 14 de fevereiro.
O diretor-executivo de operações, Carlos Henrique Waack, vai acumular interinamente a presidência, até que o conselho de administração da MRS indique um nome definitivo para o cargo.

O Brasil é hoje a grande esperança do mundo




O Brasil é hoje a grande esperança do mundo. Tem terra, bons agricultores, solo, água e competência para produzir com tecnologia. Mesmo assim, o agronegócio brasileiro — na verdade, os produtores rurais de maneira geral — é tratado a tapas e pontapés pelo governo federal. Ao contrário dos grandes da indústria brasileira, paparicados pelo governo como patriotas, independentemente de seu desempenho. A agricultura e a pecuária, ao contrário, têm de enfrentar a campanha difamatória da secretaria-geral da Presidência da República, dos ambientalistas, dos sem-terra, dos quilombolas, dos índios, dos naturebas entre outros "especialistas" em agronegócio. No ano passado, o superávit comercial do setor foi de US$ 82,91 bilhões. Só para vocês terem uma ideia: o país exportou em 2013 US$ 242,17 bilhões — US$ 99,97 bilhões desse total — 41,28% — pertencem ao agronegócio. Um setor da economia opera com eficiência máxima para, na prática, financiar a farra daqueles que o difamam. Os erros graves ainda permanecem. Não vamos ser coniventes com esses erros. O Brasil será do tamanho que nós quisermos

Aécio Neves livre para campanha presidencial



Os tucanos resolveram antecipar o anúncio de quem será o candidato do partido à sucessão do governador Antonio Anastasia , que deve disputar a eleição ao Senado. A ideia inicial era decidir até março, mas eles querem agora fechar o nome até o mês que vem, para deixar o senador Aécio Neves mais concentrado em sua campanha presidencial.
Ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique e ex-prefeito de Belo Horizonte, Pimenta da Veiga disputa a indicação com o deputado federal Marcus Pestana, presidente estadual do PSDB. A candidatura de Pimenta agrada mais a setores conservadores da aliança.
A decisão será tomada com base em conversas com os líderes dos partidos aliados e em pesquisas qualitativas que serão usadas para analisar os perfis e as possibilidades eleitorais de cada um. Se Pimenta tem a seu favor a maior experiência e trajetória política, o grande trunfo de Pestana é o papel mais importante que teve nos 11 anos de gestão tucana no Estado. A disputa no Estado com o PT promete ser bem mais difícil neste ano do que foram as anteriores. O candidato petista deve ser o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. A preocupação já pode ser percebida na reação dos tucanos às visitas da presidente Dilma Rousseff a Minas Gerais. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

De volta do futuro

De volta do futuro

Por Rodrigo Constantino *

De vez em quando é até mesmo bom trazer ao presente grandes desgraças que eventualmente poderiam nos sobrevir, a fim de suportarmos facilmente as pequenas quando de fato chegarem.” (Schopenhauer)

O ano é 2030. Cheguei aqui com minha DeLorean, na esperança de encontrar um país mais próspero e livre. Qual não foi minha surpresa quando dei logo de cara com uma enorme estátua de Lula!
Curioso, perguntei a um transeunte do que se tratava. Um tanto incrédulo com minha ignorância, o rapaz explicou que era a homenagem ao São Lula, ex-presidente e “pai dos pobres”. Havia uma estátua dessas em cada cidade grande do país. Afinal, tínhamos a obrigação de celebrar os 150 milhões de brasileiros incluídos no Bolsa Família.
Após o susto inicial, eu quis saber quem pagava por tanta esmola, e se isso não gerava uma nefasta dependência do Estado. O rapaz parece não ter compreendido minha pergunta. Disse que estava com pressa para entrar na fila do pão, e que seu cartão de racionamento ainda dava direito a uns bons cem gramas.
Em seguida, vi na televisão de uma loja um rosto conhecido, ainda que envelhecido. Era o ministro Guido Mantega! E pelo visto ele ainda era o ministro. Ele estava explicando o motivo pelo qual sua previsão de crescimento de 5% não se concretizou. A queda de 3% do PIB havia sido culpa da crise em Madagascar. Mas tudo iria melhorar no próximo ano.
Notei então o preço do aparelho de TV: 100 mil bolívares. Assustado, perguntei ao vendedor do que se tratava, explicando que eu era de fora. O homem disse que, em 2022, após a inflação chegar em 20% ao mês, o governo cortou três zeros da moeda. Pensei logo no bigodudo. Como isso não funcionou, o governo decidiu adotar o bolívar, moeda comum do Mercosul.
Descobri que os países “bolivarianos” chegaram a adotar o escambo, depois que suas respectivas moedas perderam quase todo o valor frente ao dólar. A moeda comum foi uma medida urgente, pois estava difícil efetuar as trocas. O criador de gado argentino precisava encontrar um produtor de soja brasileiro disposto a trocar o mesmo valor de gado por soja. Era um caos!
Levantei ainda alguns dados no jornal “Granma Brasil” (parece que o “controle democrático” da imprensa havia finalmente passado, e o governo se tornou o dono do único jornal no país). A inflação oficial era de “apenas” 30%, mas todos sabiam nas ruas que ela era ao menos o triplo disso. Um centenário Delfim Netto desqualificava os críticos do Banco Central como “ortodoxos fanáticos”.
Não havia mais miserável no Brasil, pois a linha de pobreza era calculada com base no mesmo valor nominal de 2010. Mas havia mendigos para todo lado. Um desses mendigos me pareceu familiar. Eu poderia jurar que era o Mr. X! Mas não poderia ser. Afinal, ele era um dos homens mais ricos do país, e tinha ótimo relacionamento com o governo. O BNDES era um grande parceiro seu.
Foi quando decidi ver que fim tinha levado o banco estatal. Soube que, após o décimo aumento de capital na Petrobras (que agora importava toda a gasolina vendida), e vários calotes dos “campeões nacionais”, o BNDES tinha se unido ao Banco do Brasil e à Caixa, esta falida nos escombros do Minha Casa Minha Vida, para formar o Banco do Povo. O símbolo era uma estrela vermelha.
O Tesouro já tinha injetado mais de US$ 2 trilhões no banco, para tampar os rombos criados na época da farra creditícia. Especialistas gregos foram chamados para prestar consultoria.
Com fome, procurei um restaurante. Todos eram muito parecidos, e tinham a mesma estrela vermelha na entrada. Soube então que era o resultado de um decreto do governo Mercadante em 2018. Em nome da igualdade, todos os restaurantes teriam que fornecer o mesmo cardápio pelo mesmo preço. Frango era item de luxo, e custava muito caro. Continuei faminto.
Veio em minha direção uma multidão de mulheres desesperadas protestando. Quis saber o que era aquilo, e me explicaram que, em 2014, quase todas as empregadas domésticas perderam seus empregos por causa de mudanças nas leis. Havia ficado proibitivo contratá-las. Desde então, elas vagam pelas ruas protestando e mendigando, sem oportunidades de emprego. “O inferno está cheio de boas intenções”, pensei.
Um rebuliço começou perto de mim, e uma tropa de choque surgiu do nada e arrastou um sujeito até a cadeia. Descobri que ele foi acusado de homofobia e enquadrado na Lei Jean Willys, pegando 10 anos de prisão por ter dito abertamente que preferia um filho heterossexual a um filho gay. A pena foi acrescida de 2 anos pelo uso do termo gay, em vez de “homoafetivo”.
Desesperado com tudo, eu ajustei minha máquina de volta para 2013, decidido a fazer o que estivesse ao meu limitado alcance para impedir um futuro tão maldito do meu país.

* Rodrigo Constantino é  economista e colunista brasileiro escreve regularmente para o jornail "Valor Econômico" em agosto de 2013, passou a escrever também para a revista l "Veja". Presidente do Instituto Liberal e um dos fundadores do Instituto Millenium,foi considerado em 2012 pela revista Época, como um dos "novos trombones da direita" brasileira.

Nanotecnologia e desenvolvimento econômico de Juiz de Fora. Como não perder o bonde!!!


O texto abaixo sobre Nanotecnologia / Fotocatálise  foi escrito pela a Profª Drª Regina Moreira (UFSC) [1].

Vejam as oportunidades de negócios para os mais variados setores da economia, da nossa região dentro do movimento Nanotecnologia: 2ª revolução industrial.

Acredito que vocês também ficarão surpresos com as inúmeras oportunidades apresentadas.

Nanotecnologia e desenvolvimento econômico de Juiz de Fora. 

A 2ª revolução industrial. Como não perder o bonde!!!

De uma forma bastante silenciosa está ocorrendo uma verdadeira revolução  entre nós, originando inúmeros  produtos e serviços sem os quais não conseguiremos conceber viver sem eles.

Assim  como  ocorreu na área de informática, com popularização dos microcomputadores, a chegada da internet, e o uso dos smartphones, estes produtos estão chegando com muita força no mercado pra ficar.

Estamos nos referindo as aplicações da nanotecnologia / fotocatálise.

A ciência e tecnologia caminham hoje  na obtenção de processos mais naturais  com baixo custo energético, algo comparável a fotossíntese. No mercado internacional, especialmente no  oriente,  encontramos uma infinidade de produtos e serviços que alguns anos  atrás  entenderíamos   como magia.

Há quase 50 anos são bem  conhecidas as substâncias com propriedades fotocatalíticas, como o TiO2, que atuam em  temperatura e pressão ambiente , na presença de luz. Estas substâncias liberam radicais livres(do bem), que vão destruir bactérias, vírus etc , realizando um reação semelhante à combustão, a temperatura ambiente, tornando o ambiente mais limpo.

Hoje, as principais aplicações do TiO2 são nos protetores solares e na formulação das tintas para parede, papel ou plástico. Na Europa e Ásia encontramos outras aplicações como:  vidro autolimpantes,  piso cerâmico,  lâmpadas funcionais, spray com função de eliminar odores desagradáveis de ambientes fechados, tintas, louças para banheiros, tecidos inteligentes para vestuário etc.

O Governo brasileiro há 10 anos, através do MCTI deu a partida, com a Iniciativa Brasileira de Nanotecnologia (IBN)  com o objetivo integrar e fortalecer as ações governamentais para promover o aumento da competitividade da indústria brasileira ancorada na nanotecnologia, (http://nano.mct.gov.br),  Em Minas Gerais temos hoje somente   3 centros participantes e Juiz de Fora  não está  entre eles!!!

Ainda dá tempo para que o prefeitura, universidade, incubadora,  entidades empresariais e população busquem meios de colocar Juiz de Fora no mapa da fronteira tecnológica, criando curso de engenharia de Nanotecnologia,  apoiando-se grupos de pesquisas locais, empreendedores e associações.

Os órgãos públicos podem, por exemplo, facilitar a importação e distribuição de insumos e incentivo do uso de serviços e produtos com nanotecnologia principalmente na higienização de clínicas, hospitais, consultórios odontológicos,  salões de beleza,  ambientes públicos com uso de ar condicionado central, etc.

Os legisladores devem estar atentos aos benefícios da popularização e obrigatoriedade do uso dos produtos nano no controle de poluição e saúde pública. 

As entidades de fomento ao desenvolvimento podem promover simpósios colocando pesquisadores, empresários  e órgãos de financiamento lado a lado.

Jovens  pesquisadores devem ser estimulados a buscar  novos desafios na pesquisa, aplicações e cuidados a serem tomados em relação a possíveis riscos dos produtos nanotecnológicos.

A  população esclarecida  exigirá  melhores produtos e serviços criando um novo mercado inexplorado, com inúmeras oportunidades para todos.

Este movimento  permitirá o surgimento do arranjo produtivo com tecnologia de ponta, com geração de emprego e renda em benefício à melhoria do meio ambiente e para o bem da sociedade.
É premente a necessidade de uma ação coordenada das lideranças locais para que região possa ser beneficiada com resultados desta nova revolução tecnológica que poderá colocar Juiz de Fora no lugar que sempre desejou estar, muito além de simplesmente a Manchester Mineira.

Algumas oportunidades de negócios:

importação, distribuição e comercialização  de produtos nano  nacionalmente

Serviços automotivos: impermeabilização interna e externa de veículos, produção de antiembaçamento, remoção de odores, limpeza do ar, recobrimento antiembaçante de capacete, controle de corrção.

Arquitetura e construção civil: vidro autolipnates, pisos, iluminação, louça sanitárias bactericidas, azulejos, rejunte, argamassa, tintas, metais,  telhados funcionais, sistemas central de ar condicionado. 

Saúde: Higienização de ambientes,    controle de bactérias superresistentes, tratamentos de água e efluentes,
Vestuário, calcados: tecidos bactericidas, roupas profissionais com proteção contra umidade e odores.

Indústria: Cosméticos, farmacêuticas, alimentícias, eletrônica e metalmecanica(nano fluidos)
Ainda que não seja possível produzir todos  estes produtos nanos de imediato, a comercialização,  prestação de consultorias nas aplicações  e ofertas de serviços especializados é por si uma fonte inesgotável de oportunidades, com a possibilidade de tornar a nossa cidade um centro de referência nacional de produto e serviços nano.
 


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Mérito? Não é aqui


Por J. R. GUZZO

Velhos marinheiros dos sete mares contam até hoje, geralmente em voz baixa, a história do Flying Dutchman. Não é uma história confortável. O Flying Dutchman, ou Holandês Voador, levantou âncora das docas de Amsterdã em 1751, rumo a Java, e depois de uma tormenta no Cabo da Boa Esperança nunca mais foi visto; naufrágio com perda total da carga e da tripulação, publicou-se nos boletins marítimos da época. O grande problema é que, alguns anos depois, o navio holandês foi visto outra vez, velejando a todo o pano, o leme firme, como se estivesse rumando para um lugar preciso, e com a mais perfeita ordem no tombadilho; não era, de jeito nenhum, um barco que tinha afundado e depois, por algum fenômeno natural, voltado à tona. Outro problema, já bem maior, é que não havia nenhum ser vivo (ou morto) ali dentro. Os tripulantes do barco que tinha feito a descoberta subiram a bordo e minutos depois, aterrorizados, chisparam de volta a seu navio e sumiram no horizonte. Desde então a lenda insiste que o Flying Dutchman continua aparecendo nos oceanos, sempre em noites de tempestade; é a famosa “nau sem rumo”. Foi cometida a bordo, explicam os velhos marujos, alguma abominação prodigiosa, tão horrível que nem o demônio tem coragem de tocar no assunto. Tudo o que se sabe é que o navio foi amaldiçoado ─ e a alma de seus tripulantes condenada a navegar eternamente pelo mar sem fim.
E se em lugar de Flying Dutchman falassem de “um país chamado Brasil”? Em 1º de janeiro de 2003, sob o comando do almirante de esquadra Lula da Silva, ele levantou ferros do Lago Paranoá falando em vencer mares nunca dantes navegados e em edificar um novo reino social. Hoje, onze anos após a partida e já sob o comando da imediata Dilma Rousseff, a nau continua a procurar o reino que tinha prometido. Ao contrário do barco holandês, o navio brasiliense está abarrotado de gente; só de ministros são quase quarenta, e contando os subs, mais os subs dos subs, a coisa vai para a faixa dos milhares de tripulantes. Mas está na cara que os fantasmas do Flying Dutchman levam o seu barco muito melhor que os humanos de Dilma; pelo menos sabem o que estão fazendo.
Já o nosso navio ─ bem, é certo que algo deu fabulosamente errado com ele. Não navega para lugar nenhum. A tripulação não sabe distinguir proa de popa, e acha que o contrário de bombordo é mau bordo. A nau não perdeu o rumo ─ na verdade, nunca chegou a saber que rumo era esse. Como poderia saber alguma coisa, se a esta altura da viagem o presidente do Senado, Renan Calheiros, ainda requisita um avião militar para levá-lo de Brasília ao Recife, onde foi implantar 10 000 fios de cabelo numa clínica para carecas? O problema, é óbvio, não está com Renan; ele é assim mesmo. O problema é de quem manda nos aviões ─ a cadeia de comando da Aeronáutica, que só em 2013 já deixou o senador lhe passar a perna duas vezes.
Nesta última, foi ao extremo de soltar uma nota oficial dizendo que não iria avaliar “o mérito” da viagem, e que sua função se limita a fornecer “a aeronave” solicitada. Como assim? Se os senhores brigadeiros não avaliam o mérito ─ e a legalidade ─ de seus próprios atos, que raio estão fazendo nos seus postos? Estamos falando da Força Aérea Brasileira, santo Deus. A lei diz que os aviões da FAB só podem ser utilizados por autoridades em atos de serviço, questões de segurança e emergência médica. Em qual caso se encaixariam, aí, os 10 000 fios de cabelo do senador?
A lei diz também que desrespeitar essa norma é “infração administrativa grave”, passível de punições “civis e penais”. O comandante da FAB que serviu de piloto particular para Renan poderia perfeitamente ter pedido ao senador, com toda a educação, que lhe fizesse uma curta descrição por escrito, assinada embaixo, contando que serviço iria fazer no Recife ─ “mera formalidade, doutor, só isso””. Por que não agiu assim? Porque tem certeza, como toda a tripulação, de que está numa nau sem rumo onde cumprir a regra só dá confusão.
O navio Brasil está precisando de muita coisa. Uma delas é um oficial macho, que tenha entre os seus valores a decência comum, e que um belo dia diga algo assim: “Sinto muito, Excelência, mas a lei me impede de atender à sua solicitação”. Iríamos ver, aí, quem entre os seus superiores hierárquicos teria a coragem de prendê-lo por “insubordinação”, enquanto Sua Excelência ficaria livre, contando vantagem do tipo “comigo ninguém brinca”. Nesse dia abrirá falência o Táxi Aéreo FAB ─ e nosso navio, talvez, comece a encontrar seu rumo.

Os mitos da pobreza, segundo Bill e Melinda Gates

Por Bill e Melinda Gates | The Wall Street Journal

Com base em quase qualquer indicador, o mundo está melhor agora do que jamais esteve antes. Os níveis de pobreza extrema foram reduzidos pela metade nos últimos 25 anos, a mortalidade infantil está em queda e muitos países que por um longo tempo dependeram da ajuda externa são hoje autossuficientes.
Então, por que tantas pessoas parecem pensar que a situação global está piorando? Grande parte do motivo é que muitos se agarram a três mitos altamente prejudiciais sobre a pobreza e o desenvolvimento global. Não se deixe levar por eles.
O primeiro mito é que os países pobres estão condenados a permanecerem pobres.
Em nossas vidas, a imagem global de pobreza foi completamente redesenhada. A renda per capta na Turquia e no Chile é similar à dos EUA em 1960. A Malásia está quase lá e o Gabão também. Desde 1960, a renda real per capta da China se multiplicou por oito; a da Índia quadruplicou; a do Brasil quase quintuplicou. E o minúsculo Botsuana, com uma gestão perspicaz de seus recursos minerais, viu a renda per capta real se multiplicar por 30. Uma nova classe de países de renda média que mal existia 50 anos atrás agora inclui mais da metade da população do mundo.
E isso é verdade mesmo na África. A renda anual per capta na África subiu 33% desde 1998, de pouco mais de US$ 1.300 para quase US$ 2.200 hoje. Sete das dez economias que mais cresceram nos últimos cinco anos estão na África.
Nossa previsão é a seguinte: até 2035, não haverá quase nenhum país pobre no mundo.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Conspiração, teoria e prática


Por Kátia Abreu * 
Conspiração, teoria e prática
Há um projeto em curso, que quer restringir e relativizar a propriedade privada e a economia de mercado
"Teoria da conspiração" tornou-se uma espécie de mantra para banir qualquer avaliação mais profunda da conjuntura política. O termo é invocado mesmo quando já se está diante não de uma tese, mas da própria prática conspirativa.
Os fatos estão aí: há um projeto em curso, que pretende restringir e relativizar a propriedade privada e a economia de mercado. Em suma, o Estado democrático de Direito. O setor rural é o mais visado.
Usa-se o pretexto da crise social para invasões criminosas a propriedades produtivas: sem-terra, quilombolas e índios têm sido a massa de manobra, incentivada por ativistas, que, no entanto, não querem banir a pobreza.
Servem-se dela para combater a livre iniciativa e estatizar a produção rural. Espalham terror nas fazendas e, por meio de propaganda, acolhida pela mídia nacional, transformam a vítima em vilão. Nos meios acadêmicos, tem-se o produtor rural como personagem vil, egoísta, escravagista, predador ambiental, despojado de qualquer resquício humanitário ou mesmo civilizatório.
No entanto, é esse "monstro" que garante há anos à população o melhor e mais barato alimento do mundo, o superavit da balança comercial e a geração de emprego e renda no campo.
Nada menos que um terço dos empregos formais do país está no meio rural, que, não tenham dúvida, prepara uma nova geração de brasileiros, apta a graduar o desenvolvimento nacional.
Enfrenta, no entanto, a ação conspirativa desestabilizadora, que infunde medo e insegurança jurídica, reduzindo investimentos e gerando violência, que expõe não os ativistas, mas sua massa de manobra, os inocentes úteis já mencionados.
Vejamos a questão indígena: alega-se que os índios precisam de mais terras.
Ocorre que eles --cerca de 800 mil, sendo 500 mil aldeados-- dispõem de mais território que os demais 200 milhões de compatriotas. Enquanto estes habitam 11% do território, os índios dispõem de 13%. Não significa que estejam bem, mas que carecem não de terras, e sim de assistência do Estado, que lhes permita ascender socialmente, como qualquer ser humano.
Mas os antropólogos que dirigem a Funai não estão interessados no índio como cidadão, e sim como figura simbólica. Há o índio real e o da Funai, em nome do qual os antropólogos erguem bandeiras anacrônicas, querendo que, no presente, imponham-se compensações por atos de três, quatro séculos atrás.
O brasileiro índio do tempo de Pedro Álvares Cabral não é o de hoje, que, mesmo em aldeias, não se sente exclusivamente um ente da floresta, mas também um homem do seu tempo, com as mesmas aspirações dos demais brasileiros.
Imagine-se se os franceses de ascendência normanda fossem obrigados pelos de descendência gaulesa a deixar o país, para compensar invasões ocorridas na Idade Média. Ou os descendentes de mouros fossem obrigados a deixar a Península Ibérica, que invadiram e dominaram por oito séculos.
A história humana foi marcada por embates, invasões e violência. O processo civilizatório consiste em superar esses estágios primitivos pela integração. O Brasil é um caudal de raças e culturas, em que o índio, o negro e o europeu formam um DNA comum, ao lado de imigrantes mais tardios, como os japoneses.
Querer racializar o processo social, mais que uma heresia, é um disparate; é como cortar o rabo do cachorro e afirmar que o rabo é uma coisa e o cachorro outra.
A sociedade brasileira está sendo artificialmente desunida e segmentada em negros, índios, feministas, gays, ambientalistas e assim por diante. Em torno de cada um desses grupos aglutinam-se milhares de ONGs, semeando o sentimento de que cada qual padece de injustiças, que têm que ser cobradas do conjunto da sociedade.
Que país pretendem construir? Não tenham dúvida: um país em que o Estado, com seu poder de coerção, seja a única instância capaz de deter os conflitos que ele mesmo produz; um Estado arbitrário, na contramão dos fundamentos da democracia. Não é teoria da conspiração. É o que está aí.
* KÁTIA ABREU, 51, senadora (PMDB/TO) e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), escreve aos sábados nesta coluna.