segunda-feira, 24 de março de 2014

BDMG

A carteira própria de operações de crédito do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) cresceu para R$ 4,1 bilhões em 2013, alta de 44%. Os ativos totais da instituição tiveram alta de 34% e passaram para R$ 4,9 bilhões. O patrimônio líquido do banco registrou crescimento de 30% subindo para R$ 1,7 bilhão em 2013. O desembolso recorde alcançado pelo BDMG no ano passado, de R$ 2,09 bilhões, foi 46% superior ao obtido em 2012.
 
123 correspondentes bancários têm o BDMG
 
R$ 2,09 bilhões foi o desembolso do BDMG em 2013

Igreja digital


Os historiadores e estudiosos da Igreja Católica terão muito material pela frente com a decisão de digitalizar e disponibilizar na internet manuscritos datados desde a sua origem até o século XX. Para se ter um ideia,só a primeira fase do projeto, envolvendo 3 mil documentos, deve levar quatro anos para ser finalizada. Inicialmente, está prevista a digitalização de 1,5 milhão de páginas, de um total de 41 milhões no arquivo da Igreja. Mas a ampliação do trabalho já é estudada.

terça-feira, 18 de março de 2014

Anastasia deixa governo para tocar campanha de Aécio



O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), anunciou nesta terça-feira que deixará o cargo no dia 4 de abril para atuar na coordenação da campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República. Ele também disputará uma cadeira ao Senado. Um dia antes, em 3 de abril, o tucano exonerará os secretários estaduais que concorrerão a cargos eletivos. O vice-governador, Alberto Pinto Coelho (PP), assumirá a administração do Estado. A aliança PSDB-PP se repetirá na chapa eleitoral deste ano: o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) concorrerá ao governo mineiro, tendo como vice o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Dinis Pinheiro (PP). O suplente de Anastasia ao Senado será o atual secretário de Saúde, Alexandre Silveira (PSD).

sexta-feira, 14 de março de 2014

De superpotência a superpoder

De superpotência a superpoder 

Por Marcos Troyjo


A intervenção russa na Ucrânia mexeu com a memória afetiva. Muitos ensaiaram identificar na aventura de Putin a volta do sistema bipolar.

Para haver Guerra Fria, contudo, precisamos de embate ideológico. Onde enxergar distintas visões de mundo a partir do jogo de interesses na Crimeia?  

É fato que George Kennan, diplomata americano na capital russa nos anos 1940, argumentava que a cooperação socialista não serviria como bússola para o comportamento internacional dos soviéticos.

Os inquilinos vermelhos do Kremlin reproduziriam a mentalidade de seus antecessores czaristas: decorariam a imensa fronteira russa com “estados-satélites” e “esferas de influência”.

Ainda assim, apesar de toda aridez geopolítica, a divisão Leste/Oeste era também um conflito de ideias, de diferentes concepções de produção, democracia e liberdades individuais.

Por isso Churchill, ao denunciar em 1947 que “uma Cortina de Ferro descera sobre a Europa”, ajudava a inventar a Guerra Fria. Mesmo disputando 0 mais realista dos jogos, o Alto Politburo instruía-se de uma visão ideológico do mundo e para o mundo.

Para o Ocidente, tratava-se de “conter” a expansão soviética. Para os comunistas, ampliar cooperação com insurreições à esquerda em qualquer parte do planeta e aguardar o colapso inevitável do capitalismo.

Para “não-alinhados”, era oscilar pendularmente em busca de recompensas pontuais. Conflitos em países de pouca relevância econômica, como Cuba, Angola ou Vietnã, adquiriam dimensão global.  

No Ocidente, a Guerra Fria gerou sovietólogos, “Doutrina de Contenção”, “Teoria do Dominó”, e complexa rede de diplomacia, defesa e espionagem – além da própria OTAN. Rastro de desemprego e irrelevância para uma série de profissionais e instituições seguiu-se ao esgotamento do conflito bipolar.

Já o fim do comunismo como vetor global desferiu, sobretudo nos russos, golpe em sua vaidade e sentido de propósito. Havia um sentimento de pertença repleto de significado: a certeza de estar do lado certo da História. O próprio Putin referiu-se ao esfacelamento da União Soviética como “maior catástrofe geopolítica do século 20”.

Hoje, na crise ucraniana, não há embate entre ideologias – e sem elas, a Guerra Fria não volta mais. A investida de Putin na Crimeia não é prelúdio de ingerências na América Latina, África ou Sudeste Asiático.

A presente crise na Europa Oriental não confronta portanto distintas visões de mundo, apenas diferentes interesses nacionais definidos em termos de poder. Quando o G7 ameaça Moscou com sanções, não o faz em antítese à ideologia, mas ao poderio russo.

Por isso, vozes do realismo político, como as de Zbigniew Brzezinski e Henry Kissinger, têm soado tão forte na interpretação da atual crise. O poder, enfim, não acabou.  

Rússia, sem projeto global, economia dinâmica ou discurso ideológico, seguramente não é mais uma superpotência. No entanto, suas robustas forças convencionais e pesado arsenal nuclear ainda fazem dela um superpoder.


terça-feira, 11 de março de 2014

O PT ganhou no tapetão

O PT ganhou no tapetão
 
Por Marco Antonio Villa 
 
O julgamento do mensalão reforçou os defeitos do Poder Judiciário. A lentidão para apreciar as ações, a linguagem embolada e oca de juízes, promotores e advogados, o burocratismo e a leniência quando crimes são cometidos por poderosos.
O Supremo Tribunal Federal, ao longo da história republicana, em diversos momentos foi subserviente frente ao Poder Executivo, ignorou a Constituição e as leis — por mais incrível que isto pareça. Mas rasgar uma decisão produto de um processo que se estende desde 2007 — quando a denúncia foi aceita — isto nunca ocorreu. A revisão da condenação por formação de quadrilha da liderança petista foi o ato mais vergonhoso da história do STF desde a redemocratização.
Até 2012, o governo federal deu pouca importância à Ação Penal 470. Mesmo a nomeação dos novos ministros foi feita sem dar muita atenção a um possível julgamento. Um deles, inclusive, foi indicado simplesmente para agradar ao então todo poderoso governador Sérgio Cabral.
Afinal, o processo vinha se arrastando desde agosto de 2007. Muitos esperavam que sequer entraria na pauta do STF e que as possíveis penas estariam prescritas quando do julgamento. Porém, graças ao árduo trabalho do ministro Joaquim Barbosa e do Ministério Público, a instrução do processo foi concluída em 2011.
O presidente Ayres Brito, de acordo com o regimento da Corte, encaminhou então o processo para o exame do revisor. Esperava-se que seria questão meramente burocrática, como de hábito. Ledo engano. O ministro Ricardo Lewandowski segurou o processo com a firmeza de um Gilmar dos Santos Neves. E só “soltou” o processo — seis meses depois — por determinação expressa de Ayres Brito.
O calendário do julgamento foi aprovado em junho de 2012. Registre-se: sem a presença de Lewandowski. Dois meses antes, o ministro Gilmar Mendes repeliu (e denunciou publicamente) uma tentativa de chantagem do ex-presidente Lula, que tentou vinculá-lo ao “empresário” Carlinhos Cachoeira.
Em agosto, finalmente, começou o julgamento. Diziam à época que as brilhantes defesas levariam ao encerramento do processo com a absolvição dos principais réus. Os advogados mais caros foram aqueles que pior desempenharam seus papéis. O Midas da advocacia brasileira foi o Pacheco do julgamento, sequer conseguiu ocupar os 60 minutos regulamentares para defender seu cliente.
Os inimigos da democracia perderam novamente. Foram sentenciados 25 réus — inclusive a liderança petista. Desde então, as atenções ficaram voltadas para tentar — por todos os meios — alterar o resultado do julgamento. A estratégia incluiu a nomeação de ministros que, seguramente, votariam pela absolvição do crime de formação de quadrilha.
Mas faltava rasgar a Lei 8.038, que não permitia nenhum tipo de recurso para uma ação penal originária, como foi o processo do mensalão. E o PT conseguiu que o plenário — já com uma nova composição — aceitasse os recursos. A partir daí o resultado era esperado
Derrubada a condenação por formação de quadrilha, o processo no seu conjunto ficou absolutamente incompreensível. Como explicar — para só falar dos sentenciados — que 25 pessoas de diversos estados da federação, exercendo distintas atividades profissionais e de posições sociais díspares, tenham participado de toda a trama? Foi por mero acaso? Banqueiros, donos de agências de publicidade, políticos de expressão, ministro, sindicalistas, funcionários partidários e meros empregados com funções subalternas não formaram uma quadrilha para através do desvio de dinheiro público comprar uma maioria na Câmara dos Deputados? E as dezenas de reuniões entre os sentenciados? E as condenações por peculato, corrupção ativa e passiva? E os crimes de gestão fraudulenta e evasão de divisas?
Parodiando um ministro do STF, o processo do mensalão não fecha. Neste caso, é melhor derrubar as condenações (claro que, seguindo a tradição brasileira, somente dos poderosos, excluindo as funcionárias da SM&P) e considerar tudo como um mal-entendido.
Deve ser registrado que toda esta sórdida manobra não encontrou resposta devida do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Nas últimas sessões estava macambúzio. Pouco falou. E, quando teve a oportunidade de expor as teses do Ministério Público, deu a impressão que o fez com enfado, como uma pesada obrigação. A única semelhança com a enérgica atuação do procurador Roberto Gurgel foi o uso dos óculos.
O PT ganhou no tapetão, para usar uma metáfora ao gosto do réu oculto do mensalão, o ex-presidente Lula. Para os padrões da Justiça brasileira, o resultado pode até ser considerado uma vitória. Afinal, mesmo que por um brevíssimo período, poderosos políticos estão presos. Mas fica um gosto amargo.
A virada de mesa reforça a sensação de impunidade, estimula o crime e a violência em toda a sociedade. O pior é que a decisão foi da instância máxima do Judiciário, aquela que deveria dar o exemplo na aplicação da justiça.
Mas, se a atual composição do STF não passa de uma correia de transmissão do Executivo Federal, a coisa vai ficar ainda pior. Os ministros que incomodam a claque petista — por manterem a independência e julgarem segundo os autos do processo — estão de saída. Dois deles, nos próximos meses, devem se aposentar. Aí teremos uma Corte que não vai criar mais nenhum transtorno aos marginais do poder. Não fará justiça. Mas isto é apenas um detalhe. O que importa é transformar o STF em um simples puxadinho do Palácio do Planalto. Afinal, vai ficar tudo dominado.

Publicado no jornal O GLOBO - 11/03/2014
 

As nucleares vêm aí

Com a crise energética que estamos vivendo, o governo decidiu acelerar os estudos para a construção de novas usinas nucleares no Brasil. Depois da decisão da construção, uma usina leva pelo menos dez anos para gerar energia. Cinco para licenciamento, cinco para construção.Com a escassez dos recursos hídricos e o alto preço das usinas térmicas, até há outras fontes de energia, como eólicas e solares, mas não são soluções como matrizes energéticas. Antônio Müller, presidente da ABDAN, trabalha duro paraque o anúncio seja feito logo.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Eclipse global do Brasil

Eclipse global do Brasil

Por MARCOS TROYJO

O imenso potencial do país é conhecido; a ideia de eclipse sugere ocultação só temporária dos astros

Países, assim como estilos, entram e saem de moda.
No início dos anos 90, México e Tailândia estavam com tudo. A "crise tequila" de 94 e "maquiladoras" ofuscadas pela hipercompetitividade chinesa minaram o entusiasmo pelo primeiro. Em 97, o derretimento do baht tailandês precipitou o colapso financeiro do Sudeste Asiático e aparou garras do promissor "tigre".
Muito do balde de água fria que a conjuntura joga neste ou naquele país deve-se à formação de expectativas do mercado financeiro, por vezes superficial e imediatista. Será então que o atual desalento com que o Brasil é visto no mundo deve-se a seu desempenho como destino de investimentos de portfólio?
Sobram motivos para entender que a perda de brilho extrapola apostas financeiras. O "eclipse" envolve percalços abrangentes nos três campos das relações internacionais: o econômico-comercial, o político-militar e o dos "valores".
Durante a cúpula do G20 há cinco anos, Obama chamava Lula de "o cara". O Brasil era "o país". Parecia em rota para ultrapassar a França como quinta maior economia em 2015. Hoje, após três anos de crescimento medíocre, estamos às portas da recessão técnica. Taxas de poupança e investimento inferiores a 20% do PIB, ocaso do Mercosul e inexistência de acordos comerciais com polos mais dinâmicos projetam baixa expansão.
Também nosso "soft power" irradia-se com menos força. Programas como o Bolsa Família, cuja aplicabilidade se cogitou na África e noutras regiões em desenvolvimento, têm viabilidade questionada na ausência de crescimento vigoroso.
Na política internacional, mesmo que a reforma do Conselho de Segurança da ONU andasse, qual a contribuição efetiva do Brasil à segurança internacional se, no próprio território, 50 mil homicídios/ano superam a destruição de vida nos conflitos de Afeganistão, Iraque e Sudão?
Na América Latina, a liderança brasileira fragmentou-se com inconsistência moral. Empregamos "padrões duplos" – marca do cinismo de potências que sempre criticamos – nas crises presidenciais de Honduras e Paraguai. Nossa tradição de equilíbrio parece incongruente com endosso automático aos regimes de Cuba e Venezuela.
Grande capital diplomático foi despendido para elegermos dirigentes de instituições como OMC e FAO, cujas funções são arbitrais e de coordenação, não a alavancagem direta dos interesses brasileiros.
Acrescente-se o atabalhoamento de Dilma na diplomacia presidencial – a que, quando chamada, vexa compatriotas – e se completa o quadro de retração brasileira em diversas frentes globais.
Esse eclipse não resulta tão somente de ceticismo macroeconômico ou inépcia internacional da presidente. Reformas estruturantes, essenciais ao bom lugar do Brasil no mundo, terão de incluir também a política externa.
O imenso potencial brasileiro é conhecido e admirado – e a ideia de eclipse sugere ocultação só temporária dos astros. Trabalhemos para que isso, e não um obscurecimento mais profundo, seja o que aguarda o Brasil no concerto internacional.