As noitadas eram tidas como comuns dentro do banco, e muitas
vezes eram feitas para agradar clientes, contam pessoas próximas
Foram duas noites de baladas regadas a champanhe Dom
Pérignon e tequila Patrón Magnum. Drinques caros em qualquer lugar do mundo,
mas especialmente em Nova York. Se o ritmo da balada for o de “beber à
vontade”, a conta pode chegar a R$ 1 milhão.
Esse é, pelo menos, o valor que o executivo Marco Gonçalves,
um dos principais negociantes de fusões e aquisições do Brasil, na época no
comando da área no banco BTG Pactual,
teria gasto nos dias 10 e 11 de junho de 2016 na badalada boate Provocateur, na
Big Apple.
A história veio à tona na semana passada, em uma reportagem
do jornal New York Daily News. Nos últimos dias, não se falava em outra
coisa nos escritórios da Faria Lima, avenida que abriga a maior parte dos
bancos de investimento que atuam no Brasil.
Gonçalves teria alegado a amigos que estava contestando o
valor, já que estaria na boate com quatro pessoas e seria impossível gastar tal
montante. Já os donos da casa, em ação na Justiça, alegam que ele pagava
bebidas para “inúmeras pessoas”.
Gastou US$ 208 mil na primeira noite e deixou o cartão de
crédito em garantia. Na noite seguinte, foram mais US$ 131 mil. Como o cartão
foi recusado, o executivo teria assinado nota promissória, se comprometendo a
pagá-la até dezembro.
Em nota à imprensa brasileira, Gonçalves disse desconhecer
os fatos e que não tinha pendência com o estabelecimento.
Estilo
No mercado, Gonçalves era conhecido por “jogar pesado” para
fechar negócios. “Ele é alguém que você quer do seu lado na mesa de
negociação”, diz um ex-colega.
“Não importa quão complexa era a operação, ele criava
estruturas perfeitas para fazer o negócio ficar de pé.”
Segundo fontes, era um dos maiores geradores de resultados
do banco, mas arrumava atritos com outros sócios.
Não deixou, por exemplo, que ações das empresas de Eike
Batista fossem dadas como pagamento de operação feita pelo BTG.
De sua vida pessoal poucos sabem, mas Marcão tem um passado
ligado à religião. No banco, era conhecido pelo temperamento forte, mas também
por ser piadista.
As noitadas eram tidas como comuns e muitas vezes eram
feitas para agradar clientes, contam pessoas próximas.
Procurado, o BTG não comentou. O executivo não retornou os
contatos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.