quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Um embaixador americano explica porque seu governo espiona Dilma

 Fonte: Miami Herald

Carlos Alberto Montaner é um jornalista e escritor cubano, autor do clássico e imperdível Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano, em parceria com o peruano Alvaro Vargas Llosa e o colombiano Plinio Apuleyo Mendonza. Em sua coluna no Miami Herald, ele conta que um antigo embaixador americano lhe confidenciou porque o governo Dilma é espionado pelo governo americano.
Sua resposta não poderia ser mais franca e direta:
Do ponto de vista de Washington, o governo brasileiro não é exatamente amigável. Por definição e história, o Brasil é um país amigo que ficou do nosso lado durante a II Guerra Mundial e na Coréia, mas seu atual governo não é. 
O embaixador pediu para não ter seu nome revelado, pois isso iria gerar um grande problema para ele. Mas autorizou que o jornalista, de quem é amigo, transcrevesse a conversa, sem citar a fonte. O embaixador conhece mais o nosso governo do que nossa imprensa, pelo visto. Diz ele (tradução livre):
Tudo que você tem a fazer é ler os registros do Foro de São Paulo e observar a conduta do governo brasileiro. Os amigos de Luis Inácio Lula da Silva, de Dilma Rousseff e do Partido dos Trabalhadores são os inimigos dos Estados Unidos: a Venezuela chavista, pela primeira vez com (Hugo) Chávez e agora com (Nicolás) Maduro; Cuba de Raúl Castro, Irã, a Bolívia de Evo Morales, Líbia nos tempos de Kadafi; Síria de Bashar Assad.
Em quase todos os conflitos, o governo brasileiro concorda com as linhas políticas da Rússia e da China, em oposição à perspectiva do Departamento de Estado dos EUA e da Casa Branca. Sua família ideológica mais parecida é a dos BRICS, com quem ele tenta conciliar sua política externa.
A grande nação sul-americana não tem nem manifesta a menor vontade de defender os princípios democráticos que são sistematicamente violados em Cuba. Pelo contrário, o ex-presidente Lula da Silva, muitas vezes leva os investidores a ilha para fortalecer a ditadura dos Castros. O dinheiro investido pelos brasileiros no desenvolvimento do super-porto de Mariel, próximo a Havana, é estimado em US $ 1 bilhão.
A influência cubana no Brasil é secreta, mas muito intensa. José Dirceu, ex-chefe de gabinete e o ministro mais influente de Lula da Silva, tinha sido um agente dos serviços de inteligência cubanos. No exílio em Cuba, ele teve o rosto cirurgicamente alterado. Ele voltou para o Brasil com uma nova identidade e funcionou nessa condição até que a democracia foi restaurada. De mãos dadas com Lula, ele colocou o Brasil entre os principais colaboradores com a ditadura cubana. Ele caiu em desgraça porque ele era corrupto, mas nunca recuou um centímetro de suas preferências ideológicas e de sua cumplicidade com Havana.
Algo semelhante está acontecendo com o profesor Marco Aurélio Garcia, atual assessor de política externa de Dilma Rousseff. Ele é um contumaz anti-ianque, pior do que Dirceu mesmo, porque ele é mais inteligente e teve uma melhor formação. Ele fará tudo o que puder para frustrar os Estados Unidos.
Mas isso não é tudo. Há outras duas questões sobre as quais os Estados Unidos querem ser informados sobre tudo o que acontece no Brasil, pois, de uma forma ou de outra, elas afetam a segurança dos Estados Unidos: a corrupção e as drogas.
O Brasil é um país notoriamente corrupto e tais práticas afetam as leis dos Estados Unidos de duas maneiras: quando os brasileiros utilizam o sistema financeiro americano e quando eles competem de forma desleal com empresas norte-americanas, recorrendo a subornos ou comissões ilegais.
A questão das drogas é diferente. A produção de coca boliviana se multiplicou cinco vezes desde que Evo Morales assumiu a presidência, e a saída para essa substância é o Brasil. Quase tudo acaba na Europa, e os nossos aliados nos pediram para obter informações. Essa informação, por vezes, está nas mãos de políticos brasileiros.
A pergunta final feita por Montaner foi se o governo americano continuaria espionando o brasileiro. A resposta do embaixador não poderia ser mais objetiva: “Claro, é nossa responsabilidade para com a sociedade americana”.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O que pode ser feito?

Melhor acender uma vela que amaldiçoar a escuridão. – Confúcio
 
Muitas pessoas desiludidas com o país e o governo me perguntam o que fazer. Receosas de que o Brasil vire uma grande Argentina ou mesmo Venezuela, e sem esperanças na atual oposição, essas pessoas sentem que “algo” deve ser feito, mas não sabem exatamente o que.
Eis minha resposta curta e grossa: tudo aquilo que estiver ao seu alcance. Explico.
Na verdade, a pergunta é mais direcionada ainda: como um indivíduo pode propagar ideias em escala grande o suficiente para causar mudanças significativas no país? Se a pergunta é colocada dessa maneira, a resposta é: ele não pode. Ninguém pode mudar um país isoladamente, e tal reflexão poderá levar ao desespero.
Mas o problema inicial é por qual motivo a pergunta é assim colocada. Afinal, ninguém perguntaria a um médico no meio de uma epidemia se ele poderia tratar dos milhões de doentes para recuperar a saúde de toda nação. Todos saberiam que ele deveria tratar a maior quantidade possível de doentes, de acordo com o melhor de sua habilidade, e que nada mais do que isso seria possível.
Quando olhamos por esse prisma, a coisa muda de figura. O médico, sabemos, deve fazer tudo que puder, ainda que não existam garantias de que seu esforço isolado, por mais hercúleo que seja, vá erradicar a epidemia. Ao menos uma coisa ele terá: paz de consciência por ter feito o possível e o impossível.
Hoje o Brasil vive uma epidemia, uma doença. Não é nova, na verdade. Mas o PT ajudou a disseminá-la como ninguém antes. Falo do populismo autoritário, do aparelhamento da máquina estatal, da degradação de valores éticos e morais e a ameaça à própria democracia. Cada brasileiro consciente disso deveria agir como o médico acima.
Portanto, o que fazer? Tudo! Cada um tem habilidades específicas, vantagens comparativas. Que as utilizem como for possível. Escreve bem? Então escreva textos apontando os defeitos do governo e levantando alternativas. Tem recursos? Então ajude a financiar instrumentos que divulgam as boas ideias ou ofereçam uma alternativa política. Tem tempo? Então coloque-o a serviço desse nobre objetivo que é varrer o PT do governo, pelas urnas.
O que não podemos é ficar imóveis, praguejando, repetindo que somente o aeroporto é nossa saída. Se assim fizermos, os inimigos da liberdade terão o caminho ainda mais livre de obstáculos. Sentar no chão e chorar não ajuda. É preciso reagir.
Alguns reclamam dos partidos existentes como alternativa, com razão. O que fazer? Ora, estou ajudando na criação do Partido Novo, uma opção bem mais alinhada com meu pensamento liberal. Mas esse não é o único caminho. “Infiltrar-se” no PSDB e no DEM e tentar trazê-los mais para cá também é um esforço válido. O que não vale é condenar tudo e todos lá da “Torre de Marfim”. Isso não agrega nada.
Investir em ideias (“think tanks”) ou partidos de oposição? Ambos (sou presidente do Instituto Liberal e membro-fundador do Instituto Millenium). Adotar um tom mais pragmático de curto prazo ou divulgar valores mais abstratos de olho no longo prazo? Ambos. Usar um linguajar mais agressivo que sacode a letargia ou uma mensagem mais conciliatória e moderada para persuadir com sutileza? Ambos. Focar em aspectos culturais ou mais práticos e econômicos? Ambos.
Enfim, a guerra é muito desigual, o lado de lá desfruta da poderosa máquina estatal, dos aparatos culturais, de décadas de lavagem cerebral, de vastos recursos (ninguém mais rico do que socialistas!), da organização, da disposição de jogar sujo para se perpetuar no poder, da cara de pau para mentir descaradamente, do abuso do sensacionalismo etc.
Estão ganhando de goleada. Vamos debater o sexo dos anjos ou reagir? Vamos discutir se a melhor estratégia é o 4-3-3 ou o 3-5-2, ou vamos entrar em campo e jogar com garra? O tempo urge. Sim, “algo” precisa ser feito, logo. Então faça algo! Faça aquilo que for viável, estiver ao seu alcance.
Só não vale ficar de fora do jogo e depois criticar os jogadores e o juiz, após a humilhante goleada. Vide a Venezuela. O que pode ser feito, hoje, lá? Quase nada. Então vamos agir antes que seja tarde demais?
 
TEXTO de Rodrigo Constantino - Colunista da VEJA

sábado, 21 de setembro de 2013

Dia da Árvore - Responsabilidade socioambiental

Cumprindo seu programa de responsabilidade socioambiental, o escritório jurídico Cláudia de Oliveira e Silva faz, no Dia da Árvore - 21 de Setembro -, a doação de sementes, típicas da Mata Atlântica, para as áreas verdes Vale de Salvaterra e Bosque Maud Wood. São Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) situadas em Juiz de Fora e reconhecidas pelo Instituto Estadual de Florestas, sendo a Vale de Salvaterra uma das maiores de Minas Gerais e o Bosque Maud Wood, em plena Av. Barão do Rio Branco, a primeira na região urbana da cidade.
 
 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Plano de isolar a internet do Brasil é um erro

O governo da presidente da Dilma Rousseff quer isolar o Brasil, planeja divorciar o país da internet centrada nos EUA por conta da espionagem on-line generalizada de Washington, em um movimento que especialistas temem ser um potencialmente perigoso primeiro passo rumo a uma fragmentação de uma rede construída com mínima interferência de governos. Especialistas em segurança e políticas de internet dizem que, apesar de compreensível, a reação do governo brasileiro à informação vazada pelo antigo agente da NSA,Edward Snowden poderia iniciar um curso de balcanização da internet. O perigo de ordenar esse tipo de isolamento geográfico, é que isso poderia tornar inoperáveis serviços e programas e ameaçar a estrutura aberta e interligada da internet. Não há nada viável que o Brasil possa de fato fazer para proteger seus cidadãos sem mudar o que os EUA estão fazendo. O Brasil não se protegerá de intrusos ao se isolar digitalmente. Isso também pode desencorajar inovação tecnológica, seria como um socialismo soviético na computação.

Capturando estrelas

Por Vittorio Medioli
Os poderosos de antigamente mantinham ao seu lado, além de ministros, banqueiros e generais, grupos ecléticos de artistas, cientistas, arquitetos, filósofos, às vezes magos com chapéus pontudos. Montavam grandes bibliotecas e valorizavam pessoas de saber. As cortes eram os principais centros de cultura e arte, fato que, pelo menos em parte, compensava as falhas democráticas do sistema feudal conquistado na marra invariavelmente com o apoio de um Maquiavel.
Os Medicis, senhores de Florença, interpretaram o rolo dos monarcas mecenas melhor do que qualquer outro interessado de sua época. Os gênios que cresceram à sombra dos Medicis ditaram o estilo e os costumes de Roma, Londres, Paris, Viena, Praga, Moscou, do mundo inteiro.
Os tempos mudaram. Ao contrário dos senhores de Florença, os governantes da atualidade, produtos bastardos das democracias, cultuam, por excelência e exclusividade, o populismo e a demagogia. Sabem conviver com banqueiros, empreiteiros, economistas cinzentos, às vezes com fraudadores, laranjas e figuras que, dos antigos esplendores dos Medicis, não lembram nada.
Nada mesmo. Até os assessores destinados a comparecer em público costumam despejar pouco brilho e quase nenhuma admiração. Comunicam- se com linguagem arrastada e fria, adotada em relatórios que servem para Bolsa de Valores e são ininteligíveis às massas.
Poucos deles sabem soletrar o nome de uma meia dúzia de filósofos, de pensadores humanistas; suas culturas parecem fabricadas numa linha de montagem de caminhões.
O sistema favorece, nas proximidades do poder, apenas os astutos e quem demonstra capacidade de sobreviver à competitividade bestial. Em suma, quem se orienta num arcabouço labiríntico que deveria servir ao povo, mas que dele suga, ou que sempre sugou, favorecido pela ignorância e pela incapacidade do próprio povo em decifrar o melhor.Platão julgava que os mais ignorantes não teriam capacidade para escolher o melhor para eles. Assim como as crianças não têm capacidade para se autogovernar.
Cosimo de Medici, que foi bastante amado pelos seus súditos, se cercava de figuras como Marsilio Ficino, que escreveu “O Modo de Capturar a Vida das Estrelas” (“De Vitae Coelibus Comparanda”), obviamente para pô-las a serviço de um bom governo. Algo de fantástico, comovente, que hoje não cabe no apertado modo de viver e de ser malgovernado.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Não seja um idiota: leia o livro de Olavo de Carvalho

Novo livro de Olavo de Carvalho, que reúne ensaios publicados em jornais e revistas, tornou-se um best-seller quase instantâneo. "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota".
Organizado por Felipe Moura Brasil e editado por Carlos Andreazza, lançado pela Editora Record,  Mais de 600 páginas de analise política, econômica, social e cultural publicadas pelo Olavo ao longo de vinte anos e organizadas por temas de forma intuitiva e pedagógica.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Herança Dilma

Herança Dilma

Por Miriam Leitão

O modelo Dilma fracassou. Em 2015, a economia terá que passar por ajustes, mesmo na hipótese possível de ela se reeleger. O que Dilma escolheu teve resultado negativo. Uma inflação corretiva será necessária para salvar o setor de energia e combustíveis. Os truques contábeis e as transferências para o BNDES escamotearam gastos que terão que ser contabilizados.
A presidente Dilma, ninguém duvida, é chefe da equipe econômica e comanda o setor elétrico. Ela não gosta de delegar, e menos ainda nas duas áreas, porque ela é economista e foi ministra das Minas e Energia. Está convencida de que tem as melhores propostas.
O modelo Dilma é baseado na repressão das tarifas públicas como política anti-inflacionária; desonerações de impostos e empréstimos subsidiados para alguns setores como incentivo ao crescimento; estímulo ao consumo através do crédito dos bancos públicos; incentivo à apreciação cambial; forte redução de taxa de juros; um pouco mais de inflação e relaxamento fiscal.
Ao fim de dois anos e meio, a Petrobras e o setor elétrico estão descapitalizados; a arrecadação tem desacelerado e o superávit primário caiu; transferências aos bancos públicos já representam 9% do PIB e viraram um orçamento paralelo e um novo esqueleto; as famílias estão endividadas; a inflação ficou alta por tempo demais, corroeu a renda e os juros voltaram a subir. Um choque externo está elevando o dólar muito além do que se pretendia, e o déficit em transações correntes aumentou.
Quando algumas das políticas começaram a mostrar efeitos colaterais, o governo optou pelas gambiarras. A queda do desempenho fiscal tem sido escamoteada através de truques contábeis. Alguns indicadores fiscais perderam a credibilidade.
A política de escolher empresas que, com privilégios, liderariam o capitalismo brasileiro foi copiada do governo militar com idêntico fracasso. Hoje, o próprio BNDES afirma que a política dos campeões nacionais foi abandonada. Isso depois que muitos empréstimos com juros negativos e compra de ações e debêntures beneficiaram os favoritos do banco. O custo das várias escolhas erradas não foi apresentado ao contribuinte.
O setor de energia vive um curto-circuito. Os reservatórios das hidrelétricas passaram o ano inteiro com um nível de água abaixo do que estavam nos mesmos meses dos últimos dez anos. O acionamento das térmicas durante meses criou um custo que está sendo escondido. O mercado fala em R$ 9 bilhões no ano de diferença entre o custo da energia e o preço que ela é vendida. O desequilíbrio ocorreu quando a presidente, em ato de campanha eleitoral, anunciou a queda do preço da energia ao consumidor e uma redução ainda maior ao setor industrial. Reduziu o preço quando o custo estava subindo. Quem está cobrindo a diferença é o Tesouro, com endividamento. Foi recriado um sistema de subsídio, mas agora com dívida pública.
E por falar nela, o governo anuncia que a dívida líquida está em queda, mas a dívida bruta é que tem sido olhada. Mesmo com a fórmula de cálculo brasileira — e não a do FMI—, ela subiu de 53% do PIB no final de 2010 para 59%.
A balança comercial está negativa, no acumulado, desde o começo do ano. E estamos tendo déficit para comprar gasolina. A diferença entre o que o Brasil exporta e importa de petróleo e derivados chegou a US$ 16 bilhões. A Petrobras vende a gasolina por um preço menor do que paga. Isso está tirando a capacidade da empresa de investir.
O governo está convencido de que vários desses desequilíbrios serão resolvidos pelas concessões que vão injetar novo ânimo na economia. No próximo dia 18, vai privatizar duas rodovias com chance de sucesso, porque os consórcios sabem que terão o anabolizante de 49% de capital de bancos públicos e dos fundos de pensão de estatais através do “fundo noiva”.
Haverá eventos favoráveis, como a licitação do pré-sal. Alguns números econômicos bons serão seguidos de outros ruins. A propaganda falará apenas dos bons. No ano que vem, o governo deve ampliar gastos, como todos os governos fazem em época eleitoral. Em 2015, o eleito terá uma herança difícil e muito trabalho para corrigir todas as distorções criadas pelo modelo Dilma. Mesmo que seja a própria Dilma.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Custo da Construção Civil em Juiz de Fora reflete estabilidade do setor

O custo da construção civil em Juiz de Fora continua estável. O Sindicato da Indústria da Construção Civil de Juiz de Fora (Sinduscon/JF) divulgou nesta quinta-feira, 5, o índice de 0,44% relativo ao Custo Unitário Básico da Construção (CUB/m²) do mês de agosto. No mês de julho, a alteração foi 0,23%.
O aumento é referente ao custo dos materiais, que sofreu uma pequena alta. Nos demais quesitos da pesquisa que englobam os valores da mão de obra, despesas administrativas e equipamentos, os números alcançados foram os mesmos do mês anterior.

Também no mês de agosto, o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) sofreu variação de 0,31%, destacando a pequena alteração também em âmbito nacional. “Como a convenção coletiva foi assinada recentemente, o setor em Juiz de Fora não está sofrendo escassez de mão de obra e isso contribui significativamente com a estabilidade que estamos observando. Nacionalmente, o índice da construção também se mantém estável e ambos não são surpresa e estão dentro da inflação”, explicou Leomar Delgado, presidente do Sinduscon/JF.

No custo final do valor da construção civil em Juiz de Fora no mês de agosto, 52,53% são referentes à mão de obra, 43,94% aos materiais, 2,72% às despesas administrativas e 0,81% aos equipamentos.

Prefeitura de Juiz de Fora regulamenta lei de incentivo à TI

As empresas que desenvolvem atividades de serviços de informática em JUIZ DE FORA contarão com incentivos fiscais. A Lei de Tecnologia da Informação (Lei de TI) já foi regulamentada pelo Executivo com a publicação no Diário Oficial do Município. A mensagem, enviada pelo Prefeito Bruno Siqueira para a Câmara Municipal no dia 23 de maio, foi aprovada pelo Legislativo no último dia 23.
A lei 12.838/2013 concederá a redução da alíquota do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) de 5% para 2%, durante dez anos, para empresas instaladas ou que venham a se instalar na cidade até 31 de dezembro de 2016. O benefício será concedido sobre os serviços de análise e desenvolvimento de sistemas e programação; processamento de dados; elaboração de programas de computadores; licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação, suporte técnico em informática; e planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas.
Com o incentivo, a Prefeitura de JUIZ DE FORA (PJF) busca investimentos intensivos em capital e tecnologia para fortalecer o setor de TI no município. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Geração de Emprego e Renda, André Zuchi , a PJF está alinhada com os compromissos para o desenvolvimento do parque tecnológico, em parceria com a Universidade Federal de JUIZ DE FORA (UFJF). “Acreditamos que essa lei será um grande incentivo para a instalação de empresas que contribuirão para a geração de empregos e para o aumento da renda média local”, destacou.
Com a norma, JUIZ DE FORA ganha competitividade, igualando a cobrança de ISSQN à de grandes cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Campinas, Florianópolis, Barueri e Jundiaí.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

‘Falando francamente’, um texto de Fernando Henrique Cardoso

Por FERNANDO HENRIQUE CARDOSO



Não é preciso muita imaginação, nem entrar em pormenores, para nos darmos conta de que atravessamos uma fase difícil no Brasil. Mas comecemos pelo plano internacional.
Os acontecimentos abrem cada vez maiores espaços para a afirmação de influências regionais significativas. O próprio “imbróglio” no Oriente Médio, do qual os Estados Unidos saem com cada vez menos influência na região, aumenta a capacidade de atuação das monarquias do Golfo, que têm dinheiro e querem preservar seu autoritarismo, assim como a do Irã, que lhes faz contraponto. A luta entre wahabitas, xiitas e sunitas está por trás de quase tudo. E a Turquia, por sua vez, encontra brechas para disputar hegemonias.
Enquanto isso, nós só fazemos perder espaços de influência na América do Sul. Nossa diplomacia, paralisada pela inegável simpatia do lulopetismo pelo “bolivarianismo”, ziguezagueia e tropeça. Ora cedemos a pressões ilegítimas (como a recente da Bolívia, que não dava salvo-conduto a um asilado em nossa embaixada), ora nós próprios fazemos pressões indevidas, como no caso da retirada do Paraguai do Mercosul e da entrada da Venezuela. Ao mesmo tempo fingimos não ver que o “Arco do Pacífico” é um contrapeso à inércia brasileira. Diplomacia e governo sem vontade clara de poder regional, funcionários atordoados e papelões por todo lado ─ é o balanço.
Na questão energética, que dizer? A expansão das usinas está atrasada e sem apoio real do setor privado, salvo para construir as obras. Os caixas das empresas elétricas quebradas, graças a regulamentações que, mesmo quando necessárias, se fazem atropeladamente e sem olhar para os interesses de longo prazo dos investidores e dos consumidores. A Petrobrás, agora entregue a mãos mais competentes, mergulhada numa incrível escassez de créditos para investir e com o caixa abalado pela contenção do preço da gasolina. O que fora estrepitosamente proclamado pelo presidente Lula, a autossuficiência em petróleo, se esfumou no aumento do déficit das importações de gasolina. Agora, com a revolução americana do gás de xisto, quem sabe onde irá parar o preço de equilíbrio do petróleo para ser extraído do pré-sal?
Na questão da infraestrutura, depois de uma década de atraso nos editais de concessão de estradas e aeroportos, além das tentativas mal feitas, o governo inovou: fazem-se privatizações, disfarçadas sob o nome de concessões, com oferta de crédito barato pelo governo às empresas privadas interessadas. Dinheiro, diga-se, do BNDES (com juros subsidiados pelo contribuinte) e, ainda por cima, o governo se propõe a levar para a empreitada os bancos privados. Sabe-se lá que vantagens terão de lhes ser oferecidas para que entrem no ritmo do PAC, isto é, devagar e mal feito. Nunca se viu coisa igual: concessões que recebem vantagens pecuniárias e nada rendem ao Tesouro, à moda das ferrovias cujos construtores receberiam abonos em dinheiro por quilômetro construído. Só mesmo na Macondo surrealista de Gabriel García Márquez. Espero que, aqui, a solidão de incapacidade executiva e má gestão financeira não dure cem anos…
Se passarmos para a gestão macroeconômica, os vaivéns não são diferentes. A indústria, diziam, não exporta porque o câmbio está desfavorável. Agora tivemos uma megadesvalorização, de mais de 25%. Se nada fizermos para reduzir as deficiências e ineficiências estruturais da economia brasileira, e se o governo não tiver a coragem de evitar que a desvalorização se transforme em mais inflação, o novo patamar da taxa nominal de câmbio de pouco adiantará para a indústria. Antes os governistas se gabavam da baixa de juros (“Ah, esses tucanos, sempre de mãos dadas com os juros altos!”, diziam). De repente, é o governo do PT que comanda nova arrancada dos juros. E nem assim aprendem que não é a vontade do governante que dita regras nos juros, mas muitas vontades contraditórias que se digladiam no mercado. Olhar no umbigo, isso não.
Já cansei de escrever sobre esses males e outros mais. Das deficiências no prestar serviços nas áreas de educação, saúde e segurança a mídia dá-nos conta todos os dias. Dos desatinos da vida político-partidária, então, nem se fale. Basta ver o último deles, a manutenção na Câmara de um deputado condenado pelo Supremo e já na cadeia! Não obstante, dada a amplitude dos desarranjos, parece inevitável reconhecer que a questão central é de liderança. Não digo isso para acusar uma pessoa (sempre o mais fácil é culpar o presidente ou o governo) ou algum partido especificamente, embora seja possível identificar responsabilidades. Mas é de justiça reconhecer que o desencontro, o bater de cabeças dentro e entre os partidos, faz mais zoeira do que gera caminhos. Daí que termine com uma pergunta ingênua: será que não dá para um mea culpa coletivo e tentar, mantendo as diferenças políticas, e mesmo ideológicas, perceber que quando o barco afunda vamos todos juntos, governo e oposição, empregados e empregadores, os que estão no leme e os que estão acomodados na popa?
É preciso grandeza para colocar os interesses de longo prazo do povo e do país acima das desavenças e pactuar algumas reformas (poucas, não muitas, parciais, não globais) capazes de criar um horizonte melhor, começando pela partidário-eleitoral (já que o ucasse presidencial nessa matéria não deu certo, como não poderia dar). Se os que estão à frente do governo não têm a visão ou a força necessária para falar com e pelo País, pelo menos a oposição poderia desde já cessar as rixas internas a cada partido e limar as diferenças entre os partidos. Só assim, formando um bloco confiável, com visão estratégica e capaz de seguir caminhos práticos, construiremos uma sociedade mais próspera, decente e equânime.

"Um PIB sem vitamina", editorial do Estadão

Publicado no Estadão deste domingo

O Brasil teve um segundo trimestre quase chinês, segundo a comparação do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A exibição de entusiasmo foi breve, mas com alguma base aritmética. A economia chinesa cresceu entre abril e junho em ritmo equivalente a 6,9% ao ano. No mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro aumentou 1,5%. Em quatro trimestres isso resultaria numa taxa acumulada de 6,1%.
Mas a semelhança termina aí. A China cresceu durante anos a taxas próximas de 10%. O impulso diminuiu nos últimos tempos, em parte porque o governo decidiu remodelar a economia e dar mais peso ao mercado interno, mas, a expansão deve continuar acima de 7% em 2013 e em 2014.
Por aqui, o panorama tem sido muitíssimo diferente. Depois de aumentar apenas 2,7% em 2011, a produção brasileira avançou 0,9% no ano passado. Para 2013, o ministro Guido Mantega se absteve de apresentar uma projeção e anunciou um 2014 “mais promissor”. O paralelo com a China foi abandonado rapidamente. Mas a fala otimista foi mantida e reforçada com a apologia da política econômica.
O ministro mostrou especial entusiasmo em relação à retomada do investimento. A economia, segundo ele, está crescendo “com qualidade”. O valor investido em máquinas, equipamentos, construções e obras de infraestrutura aumentou 3,6% em relação ao primeiro trimestre e foi 9% maior que o de igual período do ano passado. O total dos primeiros seis meses foi 6% superior ao do primeiro semestre de 2012 ─ um belo resultado ─, mas o acumulado em 12 meses cresceu apenas 0,2%.
A recuperação do investimento ocorreu, portanto, sobre uma base muito baixa, até porque o valor investido no ano passado foi 4% menor que o de 2011. Além disso, mesmo com a recuperação, o País investiu no segundo trimestre apenas 18,6% do Produto Interno Bruto. Entre abril e junho do ano passado havia ficado em 17,9%. A maior taxa alcançada num segundo trimestre, nas últimas duas décadas, foi de 19,2%, em 2010. Em economias latino-americanas mais dinâmicas o valor aplicado em capital fixo (máquinas, equipamentos, etc.) tem atingido e até superado 25% do PIB (acima de 27% na Colômbia, por exemplo). Os 24% ou 25% indicados pelo governo como objetivos razoáveis para o Brasil continuam muito distantes.
Quanto a esse aspecto, só com uma dose excepcional de boa vontade se pode falar de crescimento com qualidade. Por enquanto, não há nada além de uma recuperação. Além disso, boa parte das máquinas e equipamentos comprados neste ano foi de caminhões e bens de produção destinados à agricultura. Há um vínculo claro entre esse detalhe e o desempenho do setor rural. No segundo trimestre, a produção da agropecuária cresceu 3,9% em relação ao primeiro e foi 13% superior ao de um ano antes. O resultado do primeiro semestre foi 14,7% maior que o de janeiro a junho de 2012 e a expansão acumulada em 12 meses chegou a 7,4%.
O crescimento industrial no primeiro semestre ficou em 0,8% e a produção em quatro trimestres foi apenas 0,1% maior que a do período anterior. O número do segundo trimestre, 2% maior que o de janeiro a março, pode ser uma boa notícia, mas a atividade industrial continua medíocre em 2013. Em quatro trimestres a indústria de transformação cresceu apenas 0,4%. Os dados de julho da indústria paulista, divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), indicaram um nível de atividade (INA) 1,6% mais baixo que o de junho, descontados os fatores sazonais, e 4% mais alto que o de julho do ano passado. Mas o aumento do INA em 12 meses ficou em 1,7%. O ano está comprometido, disse o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade, Paulo Francini.
Os números do segundo trimestre mostram 0 acerto da política econômica, segundo o ministro da Fazenda. Mas nem ele ousa projetar para 2013 um crescimento razoável para o PIB. Essa hesitação contrasta com a apologia das medidas oficiais. Fora do governo talvez seja mais fácil vê-las como são: uma política fracassada.