terça-feira, 31 de julho de 2012

Cuba ou Castrolândia?

Por Antenor Barros Leal *

É impressionante o apoio dedicado por parte da intelectualidade brasileira (inclusive cantores e compositores da mais alta estima popular), aos ditadores que assumiram o poder em Cuba e que, para manter o domínio, impõem um dos mais bárbaros sistemas políticos atuais.
Comparável à Coreia do Norte, onde parentes se revezam no comando de um povo assustado e controlado nos mínimos detalhes, Cuba exerce, entretanto, um fascínio desonesto e inaceitável, embora dominada por uma “família” como outra qualquer.
Os nossos cubanistas odeiam o controle da imprensa. Desprezam a falta de liberdades. Detestam o exercício do poder por parentes dos políticos, suplentes e outros bichos. Não imaginam viver num país onde sejam proibidos a organização social ou o simples protesto. Não aceitariam, ainda que de forma coloquial, conversar sobre a retirada de direitos dos trabalhadores. Se alguém por aqui tentasse proibir o livre exercício do direito de greve, com certeza, correriam para as ruas em solenes protestos.
Se apenas alguns escolhidos pudessem compor o Congresso Nacional, que gritaria ouviríamos? E se houvesse uma imensa quantidade de presos políticos?
Mas, quando se trata de Cuba não tem problema! Aceitam e elogiam. Como podem apoiar um governo que proíbe a leitura de livros não aprovados por sua “stasi” particular? Como ajudam a um pais que faz eleição no modelo iraquiano do “Hussein” que ganhava todas com 100% dos votos?
Há pouco tempo, dois atletas cubanos pediram asilo político no Brasil. Não aceitos, foram enviados presos para o “paraíso” donde tentavam escapar. Ninguém reclamou.
O que tem os dirigentes antidemocráticos cubanos de encantador? O que pode agradar a brasileiros livres um pais dominado por um grupelho? Será que foi a simpatia do nosso heroi “fidel” da montanha, cantando liberdade contra um bandido chamado Batista? Ou o Fidel posterior? Fiel cumpridor das ordens da falida União Soviética e destruidor das liberdades e do livre pensamento do povo?
Precisamos iniciar um movimento anticastrista, da mesma forma que somos contra os sadans, assads e kim jongs. Como ficamos felizes com a queda dos "donos" do Egito, da Tunísia e do Iraque e nada fazemos contra os que dizimam o futuro dos cubanos?
Está na hora da inteligência da América Latina se juntar para acabar com este regime cruel que se eterniza à sombra da tortura, que se alimenta do silêncio das prisões e do sofrimento das famílias daqueles que ousam ser contra.
Ou bem fazemos isto ou seremos cúmplices históricos de um crime bárbaro contra um povo que se parece conosco, que canta como nós cantamos, que veio de onde viemos e que, se não o ajudarmos, ficará na rabeira do mundo.
Onde, aliás, seus títeres gostam de viver.
* Presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Mario Garnero é o vencedor do Lifetime Achievement Award For International Business Leadership

 
A M & A Advisor tem o orgulho de anunciar que o empresário Mario Garnero, chairman do grupo Brasilinvest, é o vencedor do Lifetime Achievement Award For International Business Leadership 2012. A entrega do prêmio acontecerá no dia 25 de set...embro, 2012 em New York durante o 4 ª Anual Internacional M & A Advisor Awards Gala. Mario Garnero é amigo pessoal de algumas das mais influentes personalidades do cenário internacional, como o ex-Secretário de Estado norte-americano George Shultz, o banqueiro David Rockefeller, os ex-Presidentes Bill Clinton, George Bush, Gerald Ford e Valéry Giscard d'Estaing e o ex-Chanceler alemão Helmut Schmidt. Sediado nas duas torres monumentais que marcam a paisagem de São Paulo, o Grupo Brasilinvest representa hoje uma das 100 maiores empresas privadas do Brasil, com sócios em 16 países e um Board de fazer inveja a qualquer grande corporação do mundo. Integram-no, dentre outros, nomes como William Cohen, Secretário de Defesa dos EUA na administração Bill Clinton; Carlo De Benedetti, o legendário empresário italiano; David Tang, o magnata das finanças e dos imóveis em Hong Kong; Oleg Deripashka, o "Rei do Alumínio" da Rússia.Ver mais

terça-feira, 24 de julho de 2012

Eleições 2012

Eleições 2012, e com ela voltamos ao debate de qual é o político que melhor nos representará, seja na Prefeitura de Juiz de Fora ou na Câmara Municipal. A resposta, apesar de simples, muitas vezes não corresponde a realidade da manifestação dos eleitores. E isso ocorre pela óbvia razão que permeia a humanidade ao longo dos tempos, o erro. Somos humanos e factíveis ao erro. Mas é na tentativa do acerto que deve estar focado o nosso posicionamento. Devemos, como cidadãos buscar entre os candidatos aqueles que apresentam propostas despojadas de interesses e vaidades pessoais. Que realmente tenham uma plataforma de ideias voltadas ao coletivo maior, ao conjunto da sociedade e não apenas a grupos ou interesses corporativos.
Por isso não devemos basear nosso voto por pesquisas, por achar que é melhor estar ao lado dos vencedores. E a frase abaixo, dita por um senador da república já falecido, Darcy Ribeiro expressa bem essa lógica inversa da nossa política:
Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolverse autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu".
Ainda Darcy Ribeiro nos deixa outro ensinamento, desta vez para aqueles que dizem estarem descontentes e desgostosos com a política e que não farão mais uso do seu direito constitucional ao voto: “Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca”. Desistir do voto é resignar-se e deixar que a política seja conduzida exatamente por aqueles que menos condições têm de bem conduzir os destinos de nossa cidade, tanto nas esferas do Executivo como do Legislativo. Portanto, analise o conteúdo das propostas apresentadas pelos candidatos, o seu passado, a sua história de vida e faça a sua escolha. Por certo, seguindo esses e outros critérios estaremos todos contribuindo para a construção de uma democracia mais sólida, justa e solidária.


domingo, 22 de julho de 2012

É muita incoerência

A atitude do ex-prefeito Tarcísio Delgado, de estar presente no lançamento oficial da campanha da ex-reitora Margarida Salomão é um fato lamentável. Quando nosso querido ITAMAR FRANCO foi candidato ao governo de Minas "Tarcísio" apoiou" Newton Cardoso" alegando que era homem de partido. Agora deixa de ser o "tal homem de partido" apoiando outra candidatura. É muita incoerência para um um politico em final de carreira. O povo não esquece Sr. Tarcísio!!! Aponte-nos um partido autêntico, ou melhor, um político autêntico. LULA de mãos dadas com MALUF.Tanta autênticidade nos comove.
 
 

Saindo do armário

Elena Landau, O GLOBO

Primeiro foram os aeroportos, depois os portos e refinarias. Agora vem um pacote para aprofundar o processo de concessões para o setor privado e ressuscitar o PAC. Depois de um surto intervencionista, o governo percebeu que é impossível crescer de forma sustentada sem investimentos em infraestrutura e muito menos sem capital privado. Finalmente o PT rendeu-se ao óbvio e abraçou a agenda das privatizações de vez. O problema é que o faz de forma encabulada, tentando fingir que não faz o que faz, e nisso acaba fazendo malfeito.

A verdade é que a privatização nunca foi abandonada. Mudou de forma e foi redesenhada, refletindo circunstâncias econômicas e preferências governamentais, mas nunca deixou de acontecer ao longo dos últimos 20 anos.

A desestatização começou em setores industriais, para depois incluir concessões públicas possibilitando o país cumprir uma agenda de investimentos que o Estado, por falta de recursos e restrições institucionais e políticas, não podia fazer sozinho. As formas de venda também variaram ao longo do tempo: moedas de privatização foram aceitas no início, depois veio a participação do BNDES e dos fundos de pensão. Em muitos casos a privatização foi integral, em outros, empresas estatais mantiveram participações minoritárias nas empresas privatizadas. O fato é que, de Collor a Dilma, o reposicionamento do Estado na atividade econômica nunca parou.

Acontece que o governo petista ficou por muito tempo aprisionado por um discurso eleitoral que satanizava as privatizações. Demorou a sair do armário e mesmo assim continua envergonhado de um processo que só traz benefícios ao país. O grave, no entanto, não é a retórica da política, mas as falhas efetivas da privatização petista.

Primeiro, o processo de privatização petista peca por falta de planejamento. Vende concessões isoladamente sem pensar no setor, como nos aeroportos. Não há um plano de setor aeroportuário, apenas uma venda de ativos premida pela necessidade de melhorar a infraestrutura até a Copa do Mundo. Processo oposto ao das telecomunicações, quando toda a prestação do serviço foi redesenhada através de uma Lei Geral e uma agência reguladora específica foi criada. O setor de petróleo foi redefinido sem a análise e o debate necessários, embarcando em um modelo de exploração do pré-sal que, combinado com a política de conteúdo local, deixa a Petrobras numa armadilha e paralisada.

Segundo, erra na falta de critérios para qualificar os participantes dos leilões. O próprio governo tentou pressionar pela mudança dos consórcios já nos dias seguintes à privatização em Belo Monte. Se o consórcio não era sólido o suficiente para ganhar o leilão, por que não foi impedido de participar na pré-qualificação?

Terceiro, ficou refém do populismo. Muitas concessões de rodovias feitas no governo Lula não tiveram seus compromissos de edital realizados porque o pedágio não cobre os custos. E aí volta a velha prática de aditivos e ajustes no contrato. No setor elétrico, o baixo custo obtido nos leilões, apregoado como vitória política, é compensado por um elevado financiamento público, cujos critérios mudam a cada leilão, para não falar de mudanças do combustível original e dos titulares dos contratos, em completo desacordo do que se espera de um processo de licitação impessoal e transparente. Aos poucos este governo vai tomando consciência que o barato sai caro. Não há almoço grátis: ou paga o usuário ou paga o contribuinte.

Quarto, o governo petista politizou as agências reguladoras e tirou do Cade o poder de avaliar riscos à competição nas licitações públicas. Por fim, a expressiva participação de estatais para disfarçar a privatização, como a Infraero, não permite um choque na gestão nem ganhos fiscais.

Para dar mais competitividade à indústria o melhor a fazer, além de redução de impostos e juros, é melhorar a infraestrutura do país. Para isso, é preciso sair do armário de vez: planejar a privatização dos setores de infraestrutura, aprimorar os critérios de qualificação dos consórcios e fortalecer as agências reguladoras. E claro, governar com a realidade e não com a ideologia dos palanques. Ou seja, acabar com os malfeitos.

ELENA LANDAU é economista e advogada.

sábado, 21 de julho de 2012

Propostas absurdas dos candidatos a vereador


Que a população procure saber as propostas dos candidatos a vereador e fique bem atenta. Algumas propostas de determinados candidatos são absurdas. Tem candidato à cadeira na Câmara Municipal de Juiz de Fora falando que vai baixar o preço dos computadores, é mole? Quem aspira ocupar um cargo eletivo deve conhecer minimamente a legislação que regula o funcionamento do município. O domínio do conteúdo da Lei Orgânica Municipal, do Regimento Interno da Câmara possibilita que os representantes entendam quais são suas atribuições e o que deve ser feito para melhorar a cidade.

Excelência

Tente estar sempre no meio dos excepcionais, porque excelência contagia, da mesma forma que mediocridade.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Avançamos, e o shopping não caiu.

Primoroso artigo escrito pelo amigo André Zuchi

Avançamos, e o shopping não caiu

Por André Luiz Zuchi Conceição -  Economista


 
Vivemos um momento ímpar em nossa cidade, uma reversão das expectativas quanto ao futuro. Estamos crescendo, criando oportunidades e renda.

Dizem que é na adversidade que surgem as melhores oportunidades. Estamos aproveitando essa janela de oportunidades, com muito trabalho, vontade política e parceria entre Estado, Município e nossas Instituições, com foco e objetivo comuns, visando à reconquista do desenvolvimento sustentado da cidade.

Os indicadores nos permitem afirmar que deixamos no passado as baixas taxas de crescimento, se comparadas às do País e do Estado. Em Juiz de Fora, os investimentos incentivados e monitorados pela Prefeitura somam mais de 1,5 bilhão em diversos setores de atividade, gerando mais de 10 mil oportunidades de empregos diretos e indiretos, proporcionando também o aumento da renda. Os dados do Caged demostram que, nos últimos três anos, o saldo de empregos foi positivo, com boas perspectivas para este ano.

É importante, também, destacar o projeto do Parque Tecnológico desenvolvido pela UFJF, que se encontra em fase final de aprovação junto aos órgãos ambientais e do qual a Prefeitura é parceira, com iniciativas facilitadoras para a sua implantação, como a AEIE-PQ, e incentivos fiscais municipais, para a atração de empresas de base tecnológica, cujo valor agregado dos salários é maior.

Entretanto, para consolidar essas conquistas, novos desafios são colocados, tornando-se fundamental o aumento dos investimentos em infraestrutura logística e locacional em novas áreas industriais e em educação, principalmente a técnica, com foco na capacitação, qualificando e requalificando de nossa mão de obra.

Investir é multiplicar, é apostar no futuro, nas gerações futuras. Investir é ampliar a base econômica do município, com aumento da arrecadação de impostos necessários ao atendimento da demanda crescente por serviços públicos de qualidade.

Na esteira do investimento, após a realização de pesquisas com objetivo de conhecer melhor o mercado de trabalho local, criamos o espaço JF EMPREGOS (
www.jfempregos.com.br), visando aproximar os profissionais das vagas disponibilizadas pelas empresas. Essa ação nos permitirá um acompanhamento do mercado, orientando a adoção de ações e programas de qualificação e requalificação da população assistida pela Prefeitura, com vistas à sua inserção no mercado de trabalho formal.

Confirmando essas expectativas sobre o futuro da cidade, estudos recentes demonstram, também, que Juiz de Fora e região estão inseridas em uma área de influência, com excelente infraestrutura de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, que abrange parte dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e onde residem aproximadamente 46,7 milhões de habitantes, ou seja, um quarto da população brasileira. As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, São José dos Campos e Juiz de Fora são os principais centros urbanos dessa área de influência, segundo a pesquisa.

O potencial de desenvolvimento para essa área de influência é extremamente positivo, destacando-se, dentre outros fatores: os investimentos elevados em infraestrutura e desenvolvimento tecnológico do pré-sal, os megaeventos, a Copa do Mundo e Olimpíadas, o Superporto de Açu, o parque automotivo Resende – Juiz de Fora, o polo siderúrgico e de mineração em Minas Gerais, o grande mercado consumidor, redes de ensino e universidades altamente qualificadas para o desenvolvimento humano e tecnológico.

O que se observa, portanto, é a proximidade de um futuro promissor. Com o planejamento das ações, com o estabelecimento de parcerias público-privadas, com a união das instituições buscando foco e otimizando esforços na busca dos resultados, as chances de avançarmos e consolidarmos nossa posição no cenário Estadual e Nacional é enorme.

Vamos em frente, sempre. Lanterna na proa, nunca na popa

Graça Foster corta as asas de Zé Dirceu na Petrobras

José Dirceu, o “chefe da quadrilha” do mensalão (segundo a Procuradoria Geral da República), decidiu dar um tempo em sua cidade-natal, Passa Quatro, em Minas. O “consultor de empresas privadas” tenta relaxar a duas semanas do início do julgamento do mensalão.
Não é sua única fonte de irritação. Outra coisa o deixou agastado nos últimos dias. Graça Foster, a presidente da Petrobras, decidiu, como direi?, obstruir os canais do “Zé” na empresa. Vocês sabem: como ele mesmo declarou, um telefonema seu às mais variadas instâncias do governo “é um telefonema”! Graça mandou dizer que não é mais. Se depender dela, ele para na telefonista.

Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O Custo Lula

Por Carlos Alberto Sardenberg



Há menos de três anos, em 17 de setembro de 2009, o então presidente Lula apresentou-se triunfante em uma entrevista ao jornal "Valor Econômico".
Entre outras coisas, contou, sem meias palavras, que a Petrobras não queria construir refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos em 2008.

"Convoquei o conselho" da empresa, contou Lula. Resultado: não uma, mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões fantásticas para a produção de óleo.
Em 25 de junho último, a Petrobras informa oficialmente aos investidores que, das quatro, apenas uma refinaria, Abreu e Lima, de Pernambuco, continua no plano com data para terminar. E, ainda assim, com atraso, aumento de custo e sem o dinheiro e óleo da PDVSA de Chávez.
Todas as metas de produção foram reduzidas. As anteriores eras "irrealistas", disse a presidente da companhia, Graça Foster, acrescentando que faria uma revisão de processos e métodos. Entre outros equívocos, revelou que equipamentos eram comprados antes de os projetos estarem prontos e aprovados.
Nada se disse ainda sobre os custos disso tudo para a Petrobras. Graça Foster informou que a refinaria de Pernambuco começará a funcionar em novembro de 2014, com 14 meses de atraso em relação à meta anterior, e custará US$ 17 bilhões, três bi a mais. Na verdade, as metas agora revistas já haviam sido alteradas. O equívoco é muito maior.
Quando anunciada por Lula, a refinaria custaria US$ 4 bilhões e ficaria pronta antes de 2010. Como uma empresa como a Petrobras pode cometer um erro de planejamento desse tamanho? A resposta é simples: a estatal não tinha projeto algum para isso, Lula decidiu, mandou fazer e a diretoria da estatal improvisou umas plantas. Anunciaram e os presidentes fizeram várias inaugurações.
O nome disso é populismo. E custo Lula. Sim, porque o resultado é um prejuízo para os acionistas da Petrobras, do governo e do setor privado, de responsabilidade do ex-presidente e da diretoria que topou a montagem.
Tem mais na conta. Na mesma entrevista, Lula disse que mandou o Banco do Brasil comprar o Votorantim, porque este tinha uma boa carteira de financiamento de carros usados e era preciso incentivar esse setor.
O BB comprou, salvou o Votorantim e engoliu prejuízo de mais de bilhão de reais, pois a inadimplência ultrapassou todos os padrões. Ou seja, um péssimo negócio, conforme muita gente alertava. Mas como o próprio Lula explicou: "Quando fui comprar 50% do Votorantim, tive que me lixar para a especulação."
Quem escapou de prejuízo maior foi a Vale. Na mesma entrevista, Lula confirmou que estava, digamos, convencendo a Vale a investir em siderúrgicas e fábricas de latas de alumínio.
Quando os jornalistas comentam que a empresa talvez não topasse esses investimentos por causa do custo, Lula argumentou que a empresa privada tem seu primeiro compromisso com o nacionalismo.
A Vale topou muita coisa vinda de Lula, inclusive a troca do presidente da companhia, mas se tivesse feito as siderúrgicas estaria quebrada ou perto disso. Idem para o alumínio, cuja produção exige muita energia elétrica, que continua a mais cara do mundo.
Ou seja, não era momento, nem havia condições de fazer refinarias e siderúrgicas. Os técnicos estavam certos. Lula estava errado. As empresas privadas foram se virando, mas as estatais se curvaram.
Ressalva: o BNDES, apesar das pressões de Brasília, não emprestou dinheiro para a PDVSA colocar na refinaria de Pernambuco. Ponto para seu corpo técnico.
Quantos outros projetos e metas do governo Lula são equivocados? As obras de transposição do Rio São Francisco estão igualmente atrasadas e muito mais caras. O projeto do trem-bala começou custando R$ 10 bilhões e já passa dos 35 bi.
Assim como se fez a revisão dos planos da Petrobras, é urgente uma análise de todas as demais grandes obras. Mas há um outro ponto, político. A presidente Dilma estava no governo Lula, em posições de mando na área da Petrobras. Graça Foster era diretora da estatal. Não é possível imaginar que Graça Foster tenha feito essa incrível autocrítica sem autorização de Dilma.
Ora, será que as duas só tomaram consciência dos problemas agora? Ou sabiam perfeitamente dos erros então cometidos, mas tiveram que calar diante da força e do autoritarismo de Lula? De todo modo, o custo Lula está aparecendo mais cedo do que se imaginava. Inclusive na política.

* Carlos Alberto Sardenberg é jornalista, apresentador na CBN e
comentarista na Globo News

sábado, 14 de julho de 2012

Dilma e O Pequeno Príncipe


 
O Estado de S.Paulo
Faria sucesso num concurso de miss o discurso da presidente Dilma Rousseff na 9.ª Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente, em Brasília. Sua declaração mais notável, destacada pelos jornais e reapresentada exaustivamente nas tevês e rádios, foi digna de uma devota leitora d'O Pequeno Príncipe: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e para seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto (PIB). É a capacidade do país, do governo e da sociedade, de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e seus adolescentes". Na interpretação mais benevolente, essa peroração é apenas uma banalidade. Na menos caridosa, é uma grande tolice apresentada na embalagem rosa da mais pobre filosofice.
Não há como discutir seriamente o bem-estar e o futuro das novas gerações sem levar em conta os meios necessários para educá-las, capacitá-las para viver com independência e dignidade e proporcionar-lhes oportunidades de ocupação produtiva e decente. Mas, também no sentido inverso, a relação é verdadeira: só se pode criar uma economia dinâmica, moderna e capaz de competir globalmente por meio da formação de pessoas qualificadas para tarefas cada vez mais complexas. Examinado de qualquer dos dois ângulos, o desempenho do governo brasileiro tem sido miseravelmente falho e nenhuma retórica pode obscurecer esse dado.
Ao contrário, no entanto, das graciosas candidatas a um título de miss, a presidente Dilma Rousseff recitou sua mensagem num tom furioso, como se reagisse a uma ofensa ou, talvez, a um imerecido golpe da Fortuna. Há uma explicação óbvia tanto para sua visível irritação quanto para a desqualificação do econômico. Horas antes o Banco Central (BC) havia divulgado seu indicador de nível de atividade, considerado uma prévia mensal do PIB. Esse indicador havia recuado 0,02% de abril para maio, confirmando vários outros sinais de estagnação da economia e reforçando as previsões de um crescimento, em 2012, menor que o de 2011.
Há um vínculo evidente entre os resultados pífios da política educacional e o emperramento da produção. No último exame do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o Brasil ficou em 53.º lugar em leitura e em 57.º em matemática, numa lista de 65 países. O teste é realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Quase todas as crianças estão na escola, graças a um esforço de universalização do ensino iniciado há longo tempo, mas a formação continua péssima. Cerca de 20% dos brasileiros com idade igual ou superior a 15 anos são analfabetos funcionais, incapazes de ler e entender instruções simples. Empresas têm dificuldade para contratar, por falta de mão de obra em condições até de ser treinada no trabalho. Há um evidente funil no ensino médio, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu facilitar o ingresso nas faculdades, numa escolha errada e demagógica.
O erro na escolha das prioridades tem permeado toda a política econômica. O consumo, apesar da queda observada recentemente, continua, segundo o IBGE, maior que o observado há um ano, mas a indústria brasileira tem tido dificuldade para suprir o mercado interno, por falta de competitividade. Fabricantes estrangeiros têm ocupado uma fatia crescente desse mercado, como já mostrou a Confederação Nacional da Indústria.
Incapaz de reconhecer os erros e de impor novos rumos à política econômica, a presidente Dilma Rousseff, como seu antecessor, prefere insistir na retórica e nas bravatas. "Vamos enfrentar os desafios para garantir à população emprego de qualidade", disse a presidente no batismo de uma plataforma da Petrobrás, na sexta-feira. A plataforma foi construída, recordou, pela "teimosia de um brasileiro chamado Lula".
Seria mais justo e mais realista lembrar a enorme e custosa lista de erros cometidos na Petrobrás a partir de 2003 e apontados pela nova presidente da empresa, Graça Foster, no dia de sua posse. Foram erros de uma gestão guiada por objetivos político-eleitorais e centralizada no Palácio do Planalto - erros essencialmente idênticos àqueles cometidos na política educacional.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

As dificuldades do PT

O PT enfrentará uma dura batalha para conseguir sair das eleições de outubro controlando qualquer uma das dez maiores cidades do país. Com a definição de Patrus Ananias como candidato em Belo Horizonte, os petistas passaram a ter nomes próprios em sete delas. Mas, se há três semanas a situação geral parecia alvissareira, hoje o quadro é sombrio. O único candidato do partido que lidera as pesquisas em uma dessas capitais é o senador Humberto Costa, em Recife, mas lá ele terá de enfrentar o candidato do governador Eduardo Campos (PSB), com aprovação popular que já chegou a 90%, e que está construindo uma aliança com quase uma dezena de partidos que antes estavam com o PT.  Por isso, Costa não deverá contar com apoio de parte significativa de seus correligionários, ainda magoados com a retirada do nome do atual prefeito, João da Costa, que foi impedido pela direção nacional do partido de disputar a reeleição. Em Belo Horizonte, com a ruptura sacramentada no fim de semana, o PT terá pela frente a missão de fazer Patrus Ananias superar os pesos das máquinas da prefeitura e do governo de Antonio Anastasia para derrotar o prefeito Márcio Lacerda, que lidera as pesquisas com grande folga. E o senador Aécio Neves, patrono da candidatura de Lacerda, é apontado nas últimas pesquisas como o principal eleitor na cidade.