segunda-feira, 29 de julho de 2013

CEOs têm a ilusão de que são apoiados por seus subordinados

Quando o chefe conta uma piada ruim, geralmente quem trabalha para ele ri. Orgulhoso, ele nem percebe que a maior parte desses sorrisos são "amarelos". Isso acontece porque o poder inebria e, pior, cria a falsa sensação de apoio. Essa ilusão sobre alianças que na verdade não existem é tão nociva que pode levar o executivo a perder negócios e até o próprio cargo.

Essa é uma das afirmações de um estudo conduzido pelo professor Sebastien Brion, da escola de negócios espanhola Iese Business School, e Cameron Anderson, da Haas School of Business, da Universidade da Califórnia. Por meio de diversos experimentos com grupos de executivos, eles chegaram à conclusão que os líderes superestimam o que as equipes sentem por eles. "Os chefes acreditam que são amplamente apoiados e, por isso, muitas vezes acabam se dando mal", disse ao Valor, Sebastien Brion.
Segundo o professor, vários fatores associados à perda de poder estão fora do controle do CEO, como uma fusão ou aquisição mal conduzida ou até mesmo uma atuação mais dura do conselho de administração. Mas o que o estudo sugere é que o próprio comportamento do dirigente acaba causando esse enfraquecimento. "Um fator crítico que determina quem tem poder é a habilidade de, efetivamente, formar e manter alianças". A dificuldade em monitorar o envolvimento social, entretanto, pode comprometer a construção dessas conexões, segundo o estudo.
Em uma negociação, segundo Brion, ter poder significa sair dela com mais dinheiro. "Executivos que se consideram bons negociadores superestimam o quanto os outros gostam deles e o quanto lhes dão suporte. Muitas vezes, acabam antecipando a formação dessas alianças e, de uma hora para outra, podem ser excluídos do acordo final", afirma. Esse tipo de CEO não sobe na carreira. Na verdade, ele cai quando menos espera.
Quem sofre dessa cegueira no trato com os subordinados, que parecem sempre muito solícitos e companheiros, segundo Brion, sente que não precisa se dedicar ao engajamento de pessoas. "Eles acabam não construindo relacionamentos com quem precisam para conseguir qualquer tipo de apoio, inclusive financeiro ".
Outra constatação do estudo é a de que os chefes acreditam que levam em conta as individualidades dentro da equipe. De acordo com Brion, os gestores costumam achar que tratam todos bem e que dão autonomia às pessoas, mas nem sempre quem está abaixo deles pensa dessa forma. "Quanto mais alto o executivo chega, mais difícil fica entender como é percebido por quem trabalha com ele". O maior problema para o dirigente, é que a equipe continua rindo de suas piadas.

Por Stela Campos | De São Paulo – FONTE: Jornal Valor Econômico

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