Por Adolfo Melito *
Imagine as possibilidades de um artista plástico ou designer há 50 ou 100 anos comacesso às tecnologias de computação gráfica e outras disponíveis atualmente? Agora pense nas inovações criativas possíveis nas áreas de produtos e serviços se um grupo de artistas de diversas especialidades, expostos às tecnologias atuais, pudesse sugerir e influenciar as nossas empresas? A economia criativa tem como princípio promover essa aproximação e interação: a arte e o design emprestando inspiração aos negócios, enquanto as modernas tecnologias permitem novas oportunidades de criação no mundo das artes.
As três últimas gerações foram educadas para desenvolver carreiras em áreas do conhecimento que demandam técnica e precisão. Profissões já existentes e conhecidas por nossos avôs, baseadas nas ciências, engenharia, matemática e tecnologia. A partir de meados do século passado, nos países desenvolvidos, a demanda de trabalhadores nas chamadas áreas de serviços ultrapassava as demais categorias. Esse fenômeno veio a acontecer no Brasil recentemente e dá início a uma nova era, a da criatividade, na qual as artes, as ciências humanas e as ciências sociais interagem com o universo das ciências exatas.
A formação de profissionais demanda uma educação “360 graus”, com acesso não só ao conhecimento técnico, mas ao processo criativo. Esse é o desafio da educação no mundo. No caso brasileiro, o desafio é maior: além de superar a imensa defasagem da qualidade de ensino em relação ao restante do mundo, será necessário desenvolver competências como o empreendedorismo e a capacidade criativa.
São consideradas criativas as profissões que demandam produção intelectual. Essas incluem aquelas pertencentes às chamadas indústrias criativas na Europa — arte e cultura (teatro, literatura, artes visuais, artes plásticas e patrimônio histórico); mídias e software (publicidade, música, cinema e software de entretenimento) e design (arquitetura, design e moda) — e uma gama de profissões cujo principal input é o conhecimento e a capacidade intelectual. Por esse ângulo, todos os segmentos da economia contemplam classes criativas. Todos os segmentos de negócios podem aplicar os princípios de criatividade e da inovação defendidos pela economia criativa. Os fatores de inovação se estendem a processos, sistemas de gestão, novas formas de organizar talentos, modelos de negócios e outros, não obrigatoriamente relacionados à tecnologia. Talentos e processos assumem um papel fundamental nesse novo contexto.
O potencial de crescimento das classes criativas no Brasil é significativo. O país tem 10% da sua força de trabalho dedicada a profissões classificadas nas categorias das classes criativas. Considerando a participação atual dos países mais desenvolvidos nessas classes, o Brasil tem potencial de triplicar a sua participação nessa área. Aí reside a possibilidade de crescimento substancial do país no ranking da competitividade.
*Adolfo Melito é economista e presidente do Conselho de Economia Criativa da Fecomercio
Um comentário:
Adorei saber sobre a economia criativa!Muito interessante!
Abraços.
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