domingo, 5 de agosto de 2012

Quem vai bancar a conta dos doutores?

Os 33 bacharéis a serviço dos mensaleiros são os mais caros do país. Quase todos especializados em tirar da cadeia delinquentes sem a menor chance de aprovação no Dia do Juízo Final, costumam cobrar por hora e calculam o preço em dólares. Pela gastança da tropa de doutores em impunidade nos restaurantes de Brasília, nenhum parece temer calotes. É natural que meio mundo esteja intrigado com o enigma: quem vai pagar os honorários dos carrascos da verdade?
Os banqueiros, empresários e publicitários que se meteram na roubalheira do mensalão juntaram patrimônio mais que suficiente para bancar o arrendamento de chicaneiros supervalorizados. José Dirceu também: desde que virou facilitador de negócios alugado por capitalistas selvagens, o guerrilheiro de festim anda comprando imóveis, passeando de jatinhos e patrocinando jantares de dar inveja à Turma do Guardanapo. E os outros? E o bando que posa de carmelita descalça para jurar que não lucrou um único centavo depois que decidiu dedicar-se à vida pública?
Delúbio Soares anda espalhando que, como o faturamento mensal encurtou, precisa morar na casa da sogra. Candidato a prefeito de Osasco, João Paulo Cunha diz que falta verba para as despesas de campanha. José Genoíno aperfeiçoou a imitação de pedinte de cruzamento em São Paulo. De onde veio ou virá o dinheiro para pagar advogados que não abrem mão do adicional comparsa? Só a polícia poderá decifrar o mistério que, se depender dos companheiros mensaleiros, jamais será desfeito.
É compreensível que deixem a pergunta sem resposta. Eles sabem que contar a verdade dá cadeia.

Por Augusto Nunes - VEJA

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