terça-feira, 6 de outubro de 2009

A guerra dos Geyer

Paulo Geyer foi um dos principais articuladores da petroquímica no País
Os membros da tradicional família Geyer, que controla o poderoso grupo Unipar, dono da Quattor, estão novamente em guerra, e com isso colocam em risco um grande negócio na área petroquímica. Joanita Geyer entrou na Justiça do Rio de Janeiro com processo para suspender a operação de compra da Quattor pela Braskem, transação que vem sendo estimulada pela Petrobras.Em 2007, um racha entre os cinco herdeiros do falecido Paulo Geyer na disputa pelo controle da holding Vila Velha, que abriga os bens familiares, quase pôs a perder a criação da Quattor, hoje "a jóia da coroa" da Unipar, a holding do grupo. A ação ordinária com pedido de liminar deve ser julgada hoje pela juíza Márcia Carvalho, da 2ª Vara Empresarial do Rio. A juíza, que apreciará o caso, vai decidir se acata ou não a liminar solicitada em ação impetrada pelo advogado Roberto Teixeira, do escritório Teixeira Martins & Advogados.O processo tem como réus três irmãs de Joanita - Maria, Vera e Cecília (mãe de Frank Geyer, presidente do conselho de administração da Quattor, que também é curador dela, que é doente) -, a holding Vila Velha e as empresas Braskem, Petrobras e sua subsidiária Petroquisa. Joanita está pedindo que haja abstenção por parte dos controladores da Quattor de qualquer negociação envolvendo a transferência da companhia para a Braskem e Petrobras - inclusive a suspensão do voto em assembléia. Principal responsável pela articulação da formação da Quattor (fusão de ativos petroquímicos do Sudeste), Frank Geyer, sobrinho de Joanita, junto com as tias Maria e Vera, além de sua mãe Cecília, citadas como rés no processo aberto no dia 30 de setembro, controlam a Vila Velha e a Unipar. Eles são favoráveis à combinação de seus ativos à Braskem, mesmo que venham perder o controle do negócio.Com a inclusão de suas três irmãs como rés da ação, Joanita acendeu a velha disputa familiar, interrompendo uma trégua de dois anos entre os cinco herdeiros, depois da feroz batalha pelo controle da Vila Velha, em 2007. Na ocasião, houve um racha na briga pelo poder na holding. Joanita e seu irmão Alberto foram derrotados nesta briga por Maria, Vera, Cecília e Frank. O conflito se acirrou às vésperas de a Unipar fechar a negociação com a Petrobras para se tornar controladora da Quattor. Para evitar um desgaste público na imagem da Unipar, o acerto final entre os herdeiros foi feito por intermédio dos advogados.Vera, Maria, Cecília e Frank assumiram o comando da Vila Velha com 57,75% do capital, contra 42,25% de Alberto e Joanita. Um acordo de acionistas foi firmado entre os três garantindo 25 anos de mandato na sociedade de capital fechado. A presidência da holding foi ocupada por Maria, por indicação de sua mãe Maria Cecília Soares Sampaio Geyer, viúva de Paulo Geyer. Vera tornou-se vice e Frank, diretor. Alberto e Joanita, minoritários, ficaram sem cargo. A Vila Velha detém quase 60% do capital ordinário da Unipar e 19,7% do seu capital total. A Unipar, por sua vez, controla a Quattor com 60%, tendo a Petrobras como sócia com 40%. Joanita e Alberto, que já foi presidente do conselho de administração da Unipar, sendo substituído no cargo por seu sobrinho Frank, também são minoritários na Quattor, com participação indireta de cerca de 2% cada um. A família Geyer está numa encruzilhada. A Quattor tem uma dívida de R$ 6,8 bilhões, consolidada a partir dos ativos que deram origem à empresa, a geração de caixa é considerada insuficiente por analistas financeiros para quitar seu passivo de longo prazo. A petroquímica só está concluindo agora investimento de R$ 2,3 bilhões em expansão, após ter estourado o orçamento e atrasado o início de operação em dois anos. Um acordo combinado com os ativos da Braskem é visto pelos analistas como uma forma de salvamento da Quattor.

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