Por Jacques Meir (propagandasustentavel@gmail.com)
A patrulha ideológica do babalorixá do Planalto, do Nosso Guia vai cair matando. Nada mais natural para uma turma que morre de raiva da liberdade de expressão e da imprensa livre e que adora criar subterfúgios e dissimulações para "controlar" a imprensa que não é a favor... Mas, às favas com eles.
O fato é que vivemos uma era de obscurantismo cultural, político e econômico notável. Como quase sempre antes na história deste país, a desinformação, a falta de transparência, o despreparo são o combustível da retórica vazia e da propaganda ufanista.
Um bom exemplo dessa incrível desconexão com a consistência é a campanha do Ministério do Turismo, veiculada em aeroportos (ou aquelas pistas de pouso precárias engolfadas por cadeiras de espera bonitas e check ins onde campeia o descaso e a agressão) deste país. A campanha procura "avaliar" o conhecimento que temos dos locais, sejamos bonzinhos, "turísticos" dessa terra destinada ao sucesso.
E dá-lhe paisagens! Praias, jangadas, vitórias-régias, o "skyline" (horrendo) da cidade de São Paulo, uma ou outra igreja ou catedral, alguma arquitetura de Brasília e pronto. A campanha é realmente perfeita. Mostra tudo o que é "atraente" no país na visão mais simplista e rudimentar possível, para pessoas talvez de nível subletrado. Por que realmente o Brasil para o turista é de uma pobreza indigente. Alguns exaltados vão falar: temos praias. Certo! E aí? Comemos praias, nos inspiramos em praias, aprendemos com praias, nos transformamos como pessoas em praias? O turismo deve ser uma experiência enriquecedora. Deve trazer desafios e questionamentos, deve trazer a confrontação de culturas para que possamos compartilhar conhecimentos. Há um estilo de vida evocado pela praia, pela "natureza" brasileira. Mas esse estilo é paupérrimo, pobre de espírito, limitado.
Conhecer o Brasil dentro de uma experiência realmente turística, significa não passar por paisagens vazias, mas sim observar culturas, atitudes, hábitos, arte (artezanato não, please. Isso é ótimo para resolver os problemas de presentes dos familiares mas nunca terá a força de nos fazer olhar o mundo por um ângulo diferente), entender o momento de um povo, de uma localidade, a interação dos homens e mulheres com o meio ambiente, a gastronomia.
E o que dizer de nossa precária infraestrutura turística? Hotéis que privilegiam piscinas porque não conseguem investir em atrações à beira-mar (como os hotéis norteamericanos e do Caribe fazem magnificamente), hotéis quando muito razoáveis, bons para descansar mas de culinária e serviços comezinhos. Aeroportos claustrofóbicos, complicados, lentos. E companhias aéreas ruins de doer. As passagens são caras, a malha aérea é um primor de irracionalidade e as estradas são um convite ao risco.
Sentir-se satisfeito com uma viagem deve ter uma motivação psicológica sui generis. Talvez seja porque o brasileiro realmente se contenta com pouco e direciona sua raiva e frustração para o time de futebol ou para a loira de vestido curto na universidade. Acho realmente espantoso como conseguimos gostar de nossas experiências turísticas pobres no Nordeste, no Centro-Oeste, na Amazônia. Em tese, o prazer de viajar supera qualquer adversidade (o que explica motoristas alegres e faceiros indo em direção ao litoral de São Paulo enfrentando horas de congestionamento). Mas o que fica dessas viagens? Paisagens de cartão-postal, repetidas em toneladas de MB de fotos digitais? Uma ou outra experiência gastronômica relevante, um ou outro passeio bacana e 15 dias depois, rotina de trabalho retomada, pouco mais que fugazes lembranças de ondas ou árvores. Certo, as pessoas têm todo o direito de sentirem-se bem assim. Livre arbítrio. Mas, como dizia um magnífico comercial da Honda de anos atrás: "a vida tem que ser mais do que isso"...
Talvez seja por conta dessa exaltação da "beleza natural" que o Brasil receba tão poucos turistas por ano. Algo em torno de 5 milhões. França e Espanha recebem mais de 80 milhões de turistas todo ano! O México, recebepciona 21 milhões! E, apesar de não terem a suposta "gentileza" (jecaria) de nossa gente "brejeira", de deixarem eventuais turistas serem humilhados nos aeroportos como imigrantes ilegais, a maior parte dos turistas que passam por estes países retorna com experiências marcantes. Não é a paisagem que realmente conta para o turista. É a experiência, a tradição, os valores e as paisagens.
O Brasil que vive essa fase de simplificação e banalização talvez ainda acredite que sua natureza exuberante seja um convite ao turismo. Mas como tudo na vida, onde não há consistência, fatos, evidências sobra apenas a paisagem vazia.
Pena. O Brasil é muito mais do que matas verdejantes e mares azuis. Mas sente-se em berço esplêndido, acomodado como um país que acredita ser mais do que é. E que se fosse metade do que seus políticos andam apregoando que é, seria admirável.
A patrulha ideológica do babalorixá do Planalto, do Nosso Guia vai cair matando. Nada mais natural para uma turma que morre de raiva da liberdade de expressão e da imprensa livre e que adora criar subterfúgios e dissimulações para "controlar" a imprensa que não é a favor... Mas, às favas com eles.
O fato é que vivemos uma era de obscurantismo cultural, político e econômico notável. Como quase sempre antes na história deste país, a desinformação, a falta de transparência, o despreparo são o combustível da retórica vazia e da propaganda ufanista.
Um bom exemplo dessa incrível desconexão com a consistência é a campanha do Ministério do Turismo, veiculada em aeroportos (ou aquelas pistas de pouso precárias engolfadas por cadeiras de espera bonitas e check ins onde campeia o descaso e a agressão) deste país. A campanha procura "avaliar" o conhecimento que temos dos locais, sejamos bonzinhos, "turísticos" dessa terra destinada ao sucesso.
E dá-lhe paisagens! Praias, jangadas, vitórias-régias, o "skyline" (horrendo) da cidade de São Paulo, uma ou outra igreja ou catedral, alguma arquitetura de Brasília e pronto. A campanha é realmente perfeita. Mostra tudo o que é "atraente" no país na visão mais simplista e rudimentar possível, para pessoas talvez de nível subletrado. Por que realmente o Brasil para o turista é de uma pobreza indigente. Alguns exaltados vão falar: temos praias. Certo! E aí? Comemos praias, nos inspiramos em praias, aprendemos com praias, nos transformamos como pessoas em praias? O turismo deve ser uma experiência enriquecedora. Deve trazer desafios e questionamentos, deve trazer a confrontação de culturas para que possamos compartilhar conhecimentos. Há um estilo de vida evocado pela praia, pela "natureza" brasileira. Mas esse estilo é paupérrimo, pobre de espírito, limitado.
Conhecer o Brasil dentro de uma experiência realmente turística, significa não passar por paisagens vazias, mas sim observar culturas, atitudes, hábitos, arte (artezanato não, please. Isso é ótimo para resolver os problemas de presentes dos familiares mas nunca terá a força de nos fazer olhar o mundo por um ângulo diferente), entender o momento de um povo, de uma localidade, a interação dos homens e mulheres com o meio ambiente, a gastronomia.
E o que dizer de nossa precária infraestrutura turística? Hotéis que privilegiam piscinas porque não conseguem investir em atrações à beira-mar (como os hotéis norteamericanos e do Caribe fazem magnificamente), hotéis quando muito razoáveis, bons para descansar mas de culinária e serviços comezinhos. Aeroportos claustrofóbicos, complicados, lentos. E companhias aéreas ruins de doer. As passagens são caras, a malha aérea é um primor de irracionalidade e as estradas são um convite ao risco.
Sentir-se satisfeito com uma viagem deve ter uma motivação psicológica sui generis. Talvez seja porque o brasileiro realmente se contenta com pouco e direciona sua raiva e frustração para o time de futebol ou para a loira de vestido curto na universidade. Acho realmente espantoso como conseguimos gostar de nossas experiências turísticas pobres no Nordeste, no Centro-Oeste, na Amazônia. Em tese, o prazer de viajar supera qualquer adversidade (o que explica motoristas alegres e faceiros indo em direção ao litoral de São Paulo enfrentando horas de congestionamento). Mas o que fica dessas viagens? Paisagens de cartão-postal, repetidas em toneladas de MB de fotos digitais? Uma ou outra experiência gastronômica relevante, um ou outro passeio bacana e 15 dias depois, rotina de trabalho retomada, pouco mais que fugazes lembranças de ondas ou árvores. Certo, as pessoas têm todo o direito de sentirem-se bem assim. Livre arbítrio. Mas, como dizia um magnífico comercial da Honda de anos atrás: "a vida tem que ser mais do que isso"...
Talvez seja por conta dessa exaltação da "beleza natural" que o Brasil receba tão poucos turistas por ano. Algo em torno de 5 milhões. França e Espanha recebem mais de 80 milhões de turistas todo ano! O México, recebepciona 21 milhões! E, apesar de não terem a suposta "gentileza" (jecaria) de nossa gente "brejeira", de deixarem eventuais turistas serem humilhados nos aeroportos como imigrantes ilegais, a maior parte dos turistas que passam por estes países retorna com experiências marcantes. Não é a paisagem que realmente conta para o turista. É a experiência, a tradição, os valores e as paisagens.
O Brasil que vive essa fase de simplificação e banalização talvez ainda acredite que sua natureza exuberante seja um convite ao turismo. Mas como tudo na vida, onde não há consistência, fatos, evidências sobra apenas a paisagem vazia.
Pena. O Brasil é muito mais do que matas verdejantes e mares azuis. Mas sente-se em berço esplêndido, acomodado como um país que acredita ser mais do que é. E que se fosse metade do que seus políticos andam apregoando que é, seria admirável.
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