Por Eugênio Mussak
Eu estava adiantado para a
reunião. Tinha pelo menos meia hora, resolvi esperar em algum lugar e, para minha
alegria percebi que estava em um bairro cheio de bares e restaurantes. Escolhi
um local bonito, com mesas na calçada e visual alegre. Como era metade da
tarde, e ainda estava praticamente vazio, pude escolher a mesa mais estratégica
e esperei o garçom. Foi quando as coisas começaram a complicar.
Depois de acenar algumas vezes
alguém me viu. Um rapaz com cara de queria estar em outro lugar aproximou-se e
perguntou: “quer alguma coisa?”. Bem, se eu estava lá, é porque queria ser
servido, claro – que pergunta mais boba, pensei. Pedi um suco de laranja e
perguntei que tipo de lanche ele podia oferecer. Anotou o pedido do suco e foi
buscar o cardápio. Para resumir a história, o lanche estava insosso e gorduroso
e o suco tinha gosto de laranja passada. Pedi a conta e a mesma demorou porque
a moça do caixa havia saído.
Após essa péssima experiência fui
para minha reunião, não sem algum mau humor. Felizmente as pessoas que fui
encontrar eram muito agradáveis, o que ajudou a dissolver a bílis que tinha
acumulado no sangue. Quando comentei o ocorrido, me explicaram o motivo: “esse
lugar antes era legal, mas mudou de dono, e o atual não circula pelo
restaurante, fica só no escritório fazendo contas e culpando a equipe pelo
resultado ruim”.
Entendi. O novo dono não gostava
do negócio, comprou o restaurante pensando só no faturamento, que, aliás, não
parava de cair. Eu diria que ele tem um futuro bastante previsível. Esta é uma
lei da universal: qualquer ambiente será fortemente influenciado pelo estilo de
sua pessoa mais proeminente. Aspectos como preocupação com qualidade, desejo de
servir, prontidão, cuidado com os detalhes, não são decisões administrativas,
são atributos da cultura. São replicáveis e devem vir de cima, do comando, da
liderança. E, claro, seus opostos são igualmente disseminados, epidemicamente.
Saí da reunião no final da tarde,
quando os bares da região começam fervilhar nas happy hours. Gente bonita e
alegre circulando, colegas conversando, casais se aproximando, super-heróis
corporativos revelando suas identidades secretas. As melhores mesas começavam a
ser disputadas em todos os lugares. Menos naquele bar, onde a mediocridade
contagiosa de seu gerente tinha se impregnado em todo o ambiente, instalando a
doença do fracasso crônico. Se o seu time não está desempenhando como você acha
que deveria, reflita se seu comportamento no comando tem sido o melhor. A
conduta do líder diz muito sobre a performance da equipe e do negócio.
Texto publicado sob licença da
revista Você s/a, Editora Abril.
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