domingo, 29 de novembro de 2009

À procura de parceiros

Guarde este nome: Wang Chuanfu. É bem possível que seu próximo carro seja fabricado por ele. Sua empresa, a BYD, já é uma das mais valiosas da China. Foi criada há apenas 14 anos, vale US$ 25 bilhões e deu a mr. Wang um patrimônio pessoal de US$ 5,1 bilhões. A sigla tem dois significados. Pode ser traduzida como Build your Dreams (Construa seus Sonhos), na versão oficial, ou como Bring your Dollars (Traga seus Dólares), numa tradução mais informal.

Mas agora os sonhos desse chinês, que é tido como visionário, passam pelo Brasil. E, em vez de receber, ele pode acabar trazendo alguns dólares para cá. A BYD decidiu que terá uma fábrica no País e já saiu à procura de parceiros. Será a 12º unidade da empresa no mundo que, fora da China, produz automóveis na Índia, na Romênia e na Hungria. Até agora, ele já sondou dois potenciais sócios.

O primeiro, o bilionário Eike Batista, que, assim como Wang Chuanfu, é também o homem mais rico do seu país. O segundo, o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, sócio da montadora coreana Hyundai. No caso de Eike, que passou a última semana na China tendo encontros reservados com vários grupos empresariais de lá, inclusive a BYD, a fábrica seria instalada no Porto do Açu, no Rio de Janeiro, onde um grande investimento chinês, o da siderúrgica Wuhan Steel, já está praticamente assegurado.

Caso a parceria se dê com o grupo Caoa, o mais provável é que a BYD escolha algum Estado da região Nordeste, o que agradaria ao governo Lula. Um investimento da BYD teria potencial para transformar o mercado brasileiro de automóveis. Especialmente porque a empresa é tida como a mais avançada nas pesquisas para o desenvolvimento de modelos elétricos e híbridos. O sedã F3 já o carro mais vendido da China.

Recentemente, o financista Warren Buffett, o segundo homem mais rico do mundo e dono da Berkshire Hathaway, comprou uma participação de 10% na companhia. Segundo Buffett, Wang Chuanfu será lembrado no futuro como uma lenda no mundo dos negócios.

Neste ano, pela primeira vez na história, a China, que possui um mercado interno de 12 milhões de veículos, produzirá mais automóveis do que os Estados Unidos. O Brasil, por sua vez, saltou da 10º para a 5º posição entre 2005 e 2009.

E os chineses da BYD não querem ficar de fora dessa festa, desde que encontrem um parceiro local que os ajude a decifrar a lógica do mercado automotivo brasileiro. Nesse setor, Eike Batista já teve uma experiência não muito bem-sucedida ao produzir jipes com a marca JPX, em Minas Gerais.

O grupo Caoa-Hyundai, por sua vez, tem batido sucessivos recordes de vendas nos últimos anos - a participação de mercado da marca coreana já é próxima aos 3%, na cola de Honda, Toyota, Renault e Peugeot. O desafio do empresário Oliveira Andrade, caso se associe de fato com a BYD, seria equilibrar suas relações com grupos da Coreia, da China e do Japão - além da Hyundai, ele também representa a marca nipônica Subaru.



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