Um grupo de investidores liderado pela gestora de recursos Claritas está articulando a criação de uma nova bolsa de valores no Brasil. A ideia, segundo reportagem publicada na edição de hoje do jornal Valor Econômico, é realizar uma associação com a Bats Global Markets, que poderia criar a plataforma de negociações, e com a Bolsa da Bahia, Sergipe, Alagoas (Bovesba), por já dispor de parte dos documentos necessários para o ambiente de negociação de ações. O projeto, segundo o Valor, será administrado por Luiz Eduardo Zago, ex-diretor do Itaú.Uma das principais barreiras para a criação de um mercado de ações alternativo à BM&FBovespa é a exigência de uma Clearing, responsável pela guarda, compensação e liquidação das operações. Hoje esse papel é desempenhado pela CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia), que é uma empresa da BM&FBovespa. “Em 2009 a Bovespa reduziu os custos de transação e elevou os da clearing. Essas medidas foram desenhadas para dissuadir novos players de entrarem no mercado”, analisa Regina Longo Sanchez, do Itaú BBA, em relatório. Segunda ela, o fato da CBLC pertencer à BM&FBovespa é “uma clara barreira de entrada”.
“A criação de uma nova Clearing demoraria muito tempo. A saída, então, seria ser cliente da CBLC. A CVM precisará garantir que eles não façam o uso da força do monopólio”, afirma o analista da ERDesk, Bernardo Mariano. “A notícia é muito ruim para a bolsa. Já tivemos rumores anteriores, mas esse parece mais concreto”, ressalta Mariano. “É uma questão de tempo para que a concorrência aconteça”, explica Marcos Elias, da Empiricus. Ele lembra ainda que antes da desmutualização da Bovespa eram poucos que acreditavam que a bolsa poderia passar a ser avaliada em bilhões de dólares.
"Recebi consultas de analistas que avaliam as bolsas de valores e também de pessoas interessadas em montar uma bolsa. Não damos incentivos, mas estamos abertos a qualquer proposta", disse Waldir de Jesus Nobre, superintendente de relações com o mercado e intermediários da CVM, em entrevista para EXAME.com, em maio de 2010. “É uma tendência mundial e a concorrência é inevitável. Os obstáculos são infraestrutura, produtos e, além disso, encontrar empresas com desejo de se listar”, afirma Elias. As ações da BM&FBovespa (BVMF3) chegaram a cair 3% hoje, a maior queda do Ibovespa.
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