Artigo do senador Aécio Neves (PSDB-MG) publicado na última
segunda-feira (11) no jornal a Folha de S.Paulo
A afirmação da presidente da República de que “podemos fazer
o diabo quando é hora de eleição” revela como o petismo vê e pratica a
democracia.
Explicita também o desconforto do governo ante reconhecidos
e recorrentes fracassos.
Os indicadores não deixam dúvidas: o crescimento médio nos
dois últimos anos é o menor desde Collor; a inflação ameaça romper o teto da
meta; o PAC não avança e o fechamento das contas públicas de 2012 só foi
possível graças a condenáveis manobras fiscais.
Como nada é tão ruim que não possa piorar, dados da CNI
apontam o crescente comprometimento da competitividade da indústria brasileira,
que perde mercado no exterior e no próprio país.
Em 2012, a participação dos importados no abastecimento do
mercado interno atingiu o nível recorde de 21,6% e, só nos últimos três anos,
essa “invasão” subiu 5%.
Com alta carga tributária e sem as reformas estruturais, as
empresas brasileiras perdem competitividade, situação agravada no segmento dos
produtos de alta intensidade tecnológica, portanto de maior valor agregado.
Para desviar os olhos da população dessa realidade, o
marketing assumiu a gestão do país. O site Contas Abertas aponta que, em apenas
dois anos, a presidente DILMA gastou em festividades quase o mesmo volume de
recursos públicos registrado durante todo o segundo mandato de Lula.
Confiando na falta de informação e memória dos brasileiros,
o governo anuncia pela terceira vez a liberação de recursos já anunciados, que
seguem não liberados desde 2010.
Veta a proposta do PSDB, aprovada pelo Congresso há seis
meses, desonerando a cesta básica, apenas para, em seguida, assumir o mérito da
autoria, prejudicando milhões de brasileiros que já poderiam estar usufruindo
da medida.
Sob o constrangimento da própria administração, faz uma
milionária campanha publicitária para comunicar o fim da miséria no país. Foge
do debate do valor per capita definido e contraria a visão de especialistas
para quem a pobreza significa um conjunto de privações, e não pode ser superada
apenas com transferência de renda, por mais importante que essa seja.
Em outra ação publicitária, o governo se apropriou das
reformas dos estádios, apesar de não haver nenhum recurso do Tesouro investido
nessas obras: omitiu a participação dos Estados, da iniciativa privada e do
próprio BNDES, se abstendo de informar que a presença federal se limita ao
financiamento de parte dos custos, feito pelo banco, e que será integralmente
pago pelos tomadores.
De um lado a realidade, onde estão os brasileiros e deveria
estar a presidente. De outro a pirotecnia, onde estão a sobrevivência dos
interesses do PT e a candidata.
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