A Geociclo, empresa de fertilizantes criada pelo empresário Olavo
Monteiro de Carvalho, acaba de receber um aporte de R$ 70 milhões de
dois fundos de private equity com foco em projetos de sustentabilidade:
Performa Key, uma associação da Performance com a Key Associados, e
Mantiq Investimentos, ligado ao Santander. Os recursos são do BNDES e de
investidores institucionais e serão usados nos projetos de expansão da
empresa.
A primeira fábrica, em Uberlândia (MG), terá a produção ampliada de
40 mil toneladas para 140 mil toneladas já no primeiro semestre de 2014.
Uma segunda unidade, com capacidade para 100 mil toneladas, será
inaugurada ainda este ano em Goianésia (GO).
A companhia planeja ainda uma terceira planta, provavelmente no
Estado de São Paulo, e negocia com grandes empresas do setor
agroindustrial a construção de unidades exclusivas para dar destinação a
rejeitos orgânicos que são usados na fabricação de seu único produto -
um fertilizante organomineral em pelotas que conjuga material orgânico,
nitrogênio, fósforo e potássio (o tradicional NPK).
"Com mais duas fábricas, teremos a maior produção de fertilizante
organomineral do mundo. O grande salto dessa etapa do projeto é dar
escala à produção", resume o presidente da Geociclo, Ernani K. Judice,
que espera alcançar um faturamento de R$ 350 milhões apenas com a
inauguração da segunda fábrica.
De acordo com Judice, mesmo com o aumento da produção, a participação
de mercado da Geociclo ainda será muito pequena em relação à demanda do
mercado brasileiro de fertilizantes. Ele destaca, porém, que o
interesse dos fundos chancela as soluções embutidas na proposta da
empresa. "É um modelo sustentável e inovador, que vai ao encontro das
demandas do agronegócio brasileiro", resume.
É o caso dos projetos que estão sendo negociados com grandes grupos
para a produção em ciclo combinado - a empresa recebe rejeitos de
cana-de-açúcar, de granjas etc, processa, adiciona NPK e revende as
pelotas de fertilizante. "O investimento em tecnologia que fizemos
corresponde à necessidade de muitas indústrias de dar destino a seus
rejeitos orgânicos. Além disso, melhora a aplicação de fertilizantes,
diminuindo os gastos e aumentando a produtividade", afirma, citando
grupos como Raízen, Bunge e Brookfield entre os possíveis parceiros da
Geociclo.
Do montante de R$ 70 milhões, o próprio Monteiro de Carvalho aportou
R$ 10 milhões. Com os R$ 50 milhões investidos desde a criação da
empresa, o empresário garantiu uma participação de 40% na companhia. As
conversas com os investidores, porém, já deixaram encaminhadas as
próximas etapas da reestruturação: uma possível oferta pública de ações
(IPO) da empresa. "Fiquei impressionado com a mentalidade de
investimento desses fundos. O horizonte fica entre três anos", conta
Monteiro de Carvalho.
A preocupação com a saída do investimento deve-se ao prazo de
desinvestimento dos fundos. U, deles tem prazo de sete anos e já existe
há três anos. Mas Monteiro de Carvalho considera o IPO uma boa
alternativa para o crescimento da empresa. "Inclusive porque eles
pagaram muito barato", brinca, apostando no potencial do negócio que
desenvolve há mais de cinco anos e que emprega 120 pessoas, a maior
parte dedicada a pesquisa e desenvolvimento.
Na avaliação de Monteiro de Carvalho, a Geociclo é essencialmente uma
empresa de pesquisa e inovação. Não à toa, a companhia se credenciou em
quatro oportunidades para receber recursos da Finep, em 2008, 2009,
2010 e 2012. O último aporte aprovado chegou a R$ 36 milhões, dos quais
R$ 12 milhões já foram liberados. "Ao todo, a Finep colocou cerca de R$
20 milhões na empresa", resume Judice.
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