segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Porque continuar lutando junto com Serra

A preocupação é grande. É imperioso fazer pelo menos 1/3 do Senado, se não for possível ganhar as eleições. Isto passa a ser mais importante, inclusive, do que as eleições para governador. A conclusão é que com mais de 2/3 nas mãos do governo petista, a Constituição pode ser mudada e tudo pode acontecer, rigorosamente dentro da lei. A democracia estará ameaçada. PMDB corrupto e fisiológico não consegue segurar o PT. Nós estamos aqui, de perto, com as nossas revoltas, raivas, emoções. José Serra também sabe disso e é aí que reside a sua grandeza e o seu patriotismo de grande e teimoso brasileiro. Ele vai ao Amazonas ser apunhalado pelas costas. Ele vai a Minas Gerais ser lentamente enforcado. Ele vai ao Ceará ser vergonhosamente traído. Ele anda pelo Brasil segurando as esperanças e ajudando a eleger 1/3 do Senado, pelo menos. Para garantir a última trincheira de uma democracia ameaçada. A democracia do Brasil nunca esteve tão frágil. Ela está dependendo de traidores e isto é péssimo para o futuro.

Se as pesquisas forem confirmadas e Dilma Rousseff(PT) vencer as eleições, o Brasil não vai virar uma Cuba. O Brasil vai virar uma mistura de México com Venezuela. Haverá um fortalecimento brutal do PMDB, para onde acorrerão dezenas de lideranças regionais e não seria surpresa um Aécio Neves por lá. O PMDB expulsará meia dúzia de “históricos” e receberá todos os “escóricos”, o que de pior existe nas legendas de aluguel, além dos traidores dos partidos de oposição, que não são poucos. O PT? O PT vai continuar do mesmo tamanho e seguirá governando debaixo do relho de Sarney, Renan, Temer e da sua “banda podre”, de quem dependerá para a aprovação de qualquer projeto. Os petistas, que evoluíram do peleguismo sindical para o peleguismo estatal, seguirão ocupando os fundos de pensão e as estatais, aumentando a interlocução com os ditos “movimentos sociais”, para fazer o jogo de cena do socialismo. Distribuirão migalhas e continuarão enchendo os bolsos da “cumpanherada” instalada nos altos postos da burocracia. Se fizeram o que fizeram na Bancoop, imaginem o que não farão no “Minha Casa, Minha Vida”, sem oposição, sem TCU e com um STF inteiramente indicado. O Brasil será loteado em capitanias hereditárias (o Sarney já tem a dele e é um modelo!) e os dois grupos conviverão harmonicamente, por longos e longos anos. Haverá concessões de ambas as partes.Toma lá a sesmaria da imprensa, dá cá a sesmaria da banda larga da internet. Dá cá a Copa do Mundo, toma lá as Olimpíadas. Dá cá o trem-bala toma lá a Infraero. Viveremos sob o domínio do PMDB transformado em PRI mexicano, em acordo com o PT travestido de PSUV venezuelano. Cada um com o seu jeito de corromper e ser corrompido. O Zé Dirceu terrorista já não virou lobista? A oposição brasileira ficará reduzida a São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até ser asfixiada, como está acontecendo na Bolívia. No fim das contas, o Brasil, historicamente, é adepto de ditaduras. Viveu feliz sob a ditadura de Getúlio Vargas e mais feliz ainda com o regime militar. Agora, pode estar chegando a vez de ingressar em uma ditadura onde o povo até pode votar, só não pode optar, tendo em vista o massacre promovido pela máquina pública sobre a liberdade de escolha, representada por um presidente que delinque da manhã à noite para interferir no processo democrático. O império do PRI mexicano durou quase 80 anos.
O império do PSUV venezuelano já passa de 10 anos e não há o mínimo indício que não vá durar dezenas de anos. Quem acha que vai poder mudar as coisas em 2014 está muito enganado. Muda agora ou muda de país. Eles sabem praticar, melhor do que ninguém, o “ame-o ou deixe-o”. Basta olhar os milhões de cubanos e as centenas de milhares de venezuelanos que deixaram os seus paises. Por que aqui seria diferente? Há alguns meses atrás, a Folha de São Paulo fez uma matéria onde chamava o regime militar de “ditabranda”. Houve uma indignação geral por parte da esquerda. Pois nunca um termo serviu tão bem para denominar o que está chegando por aí, se a Dilma Rousseff(PT) vencer as eleições.
Pois é, como vocês podem ver, eu não me entrego, não! Não me entrego exatamente a quê? A várias coisas. Em primeiro lugar, uma eleição está ganha quando está ganha. Sei que é boçal, mas retrata o momento à altura. Em segundo lugar, mas não menos importante, não abrirei mão de continuar a fazer a crítica àquela que é a mais despolitizada, vigarista e mistificadora campanha eleitoral da história republicana. E pouco me importa se ela “funciona”. Há um monte de coisas que não prestam e que “funcionam”.
Em 2006, neste exato ponto, como estamos hoje, Lula vencia a eleição com 56% dos votos válidos - tinha 49% contra 25% de Alckmin. Um dia antes do pleito, a diferença, segundo o Datafolha, era de 12 pontos. De fato, foi inferior a 7%, e houve segundo turno. Sim, relevo que o governo era considerado bom ou ótimo por 52%; agora são 77%. Mas o candidato era o “hômi”, não a “muié” dele
Os aliados têm de aparecer.
Onde houver um tucano achando que é melhor assegurar eventualmente a sua posição regional porque a sorte está selada, trago uma notícia: não é tucano, mas jumento. Se houver democrata fazendo a mesma coisa, idem. Caso Dilma vença , não haverá folga nem mesmo para um redesenho partidário porque o PMDB se encarregará de fulminar qualquer tentativa de uma mudança real. A candidata petista acenou até com uma constituinte exclusiva para tratar do assunto. Perfeito! Venezuela, Bolívia e Equador já seguiram esse caminho…
Quem, na oposição, “lucra” com a eventual derrota de Serra?
Não! Ainda não acabou. Mas é preciso mudar.

Nenhum comentário: