Ao contrário do que
ocorreu com outros países emergentes, caiu a participação do
Brasil nos estoques globais de investimentos nos últimos anos,
segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A participação
teve queda de 1,96%, em 1990, para 0,99%, em 2012, quando os
investimentos brasileiros no exterior somaram US$ 266,2 bilhões.
Para a entidade, a perda de espaço do País é resultado da falta de
políticas coordenadas para apoiar a internacionalização das
empresas.
Enquanto o Brasil reduziu seus investimentos
externos, outras economias aumentaram a participação no estoque
global. A participação dos países em desenvolvimento nos estoques
globais de investimentos subiu de 6,92%, em 1990, para 18,9%, em
2012. No mesmo período, a China aumentou de 0,21% para 2,16%, a
Rússia passou de zero para 1,75%, e o Chile, de 0,1% para 0,41%. "O
Brasil está na contramão do que tem ocorrido com outros
emergentes", afirmou o especialista em política e indústria da
CNI, Fabrizio Panzini.
Para estimular os investimentos das empresas
brasileiras no exterior, a CNI aponta que o Brasil deve fechar
acordos para evitar a dupla tributação com países como Estados
Unidos, Colômbia, Austrália, Alemanha e Reino Unido. Para a
entidade, o país também deve eliminar a insegurança jurídica do
modelo brasileiro de tributação dos lucros obtidos no exterior e
negociar acordos de proteção aos investimentos para reduzir o risco
político, com países como Argentina, China, México, Moçambique e
Angola.
"Ao mesmo tempo em que há ações positivas
no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
existe um sistema de tributação que reduz a competitividade e
aumenta a insegurança jurídica dos investimentos no exterior",
afirmou o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos
Abijaodi.
Ele acrescentou que a CNI percebe falta de
coordenação entre os diferentes órgãos brasileiros que apoiam a
internacionalização das empresas. A entidade defende também a
agilidade no início das operações do BNDES em Londres, "para
reduzir o custo do financiamento das empresas".
No ranking da Conferência das Nações Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o Brasil perdeu 159
posições entre 2008 e 2012. O País caiu da 20ª posição para a
179ª na lista de 182 países.
Empresas
O acesso a novos mercados são apontados pelas
empresas como principal motivação para investimento no exterior.
Isso concede a elas a oportunidade de diversificar o risco quanto ao
ciclo econômico no Brasil, reduzir custos de produção para
enfrentar a concorrência internacional, acessar novas tecnologias de
produção e gerenciamento, ter acesso a insumos mais baratos, acesso
a outros mercados com os quais o país de destino tem acordos de
livre comércio, além de driblar barreiras comerciais.
Na pesquisa feita pela CNI, os Estados Unidos são
apontados como país prioritário para a celebração de acordos para
evitar a dupla tributação. Em seguida, aparecem Austrália e
Colômbia.
A pesquisa foi realizada com 28 empresas
transnacionais brasileiras, que representam um terço do valor total
das exportações do País em 2012. Das 28 empresas, 22 são do setor
industrial, de áreas como mineração, equipamentos de transporte,
autopeças, financeiro, construção civil, alimentos, entre outras.
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